Edson Albertassi, Paulo Melo e Jorge Picciani — Foto: Reprodução / TV Globo |
Os
vereadores de Búzios bem que poderiam aprender com as lições que
vêm da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Deveriam
prestar muita atenção no desdobramento político das prisões dos
três caciques do PMDB: Jorge
Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi . Se pensam em reeleição, não deveriam esquecer a Sessão Extraordinária da ALERJ, realizada no dia 17/11/2017, na qual 39 deputados estaduais votaram a favor da revogação das prisões dos três deputados estaduais. Lembrar, principalmente, que destes 39 deputados, não se reelegeram 22.
No
dia 1º último, o Ministério Público Federal apresentou as alegações
finais no processo da operação
Cadeia Velha, que desvendou
um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio do qual os
três participavam. Os procuradores agora pedem a condenação dos
três deputados estaduais.
Picciani,
Melo e Albertassi integravam o núcleo político da organização
criminosa que, ao lado de empresários, se aproveitaram dos cargos
para enriquecimento pessoal e
fortalecimento político, em
troca de vantagens ou blindagem de interesses de grupos econômicos
específicos.
Segundo
o Ministério Público Federal, ficou evidente não só a força da
organização criminosa, como a atuação do grupo dentro de diversos
setores do estado.
Para
os procuradores, impressiona o fato de, até hoje, quase um ano
depois da operação cadeia velha, a Alerj não ter aberto nenhum
procedimento disciplinar para apurar as condutas dos três deputados,
que continuam com a estrutura que tinham desde antes da operação,
inclusive com a manutenção dos assessores mais próximos, alguns
deles moradores de Búzios. Além disso, eles continuam recebendo
salários e verbas de gabinetes.
Como disse acima, em
votação aberta, em sessão extraordinária, 39 deputados votaram por soltar os três colegas
presos, seguindo o parecer aprovado na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Casa, enquanto a manutenção das prisões recebeu
19 votos. Um deputado, Bruno Dauaire (PR), se absteve.
Além
de libertar os três, o parecer da CCJ – transformado em projeto de
resolução para ir a votação – também determinou que Picciani,
Albertassi e Melo voltassem ao exercício do mandato. E a própria
Casa Legislativa notificou o delegado responsável pelo presídio em
Benfica para efetuar a soltura de Jorge Picciani, Paulo Melo e Édson
Albertassi.
As
coisas depois tomaram um outro rumo. Felizmente, desfavorável ao
três deputados. Mas o que me interessa neste post é mostrar as
consequências políticas dos votos dos deputados, verificando como
os eleitores do estado do Rio de Janeiro se manifestaram em relação
a eles .
Como
curiosidade verifiquei quais destes deputados se reelegeram nas
últimas eleições, realizadas quase um ano depois. Dos 70 deputados
da ALERJ, 39 votaram a favor da revogação das prisões. Destes, apenas 17 se reelegeram. O vento de renovação que bateu lá pode bater por aqui. O povo demonstrou muita intolerância com a corrupção, tampouco aprovou o comportamento político da turma da amém da ALERJ.
Dos
39 que votaram a favor da revogação das prisões, foram reeleitos
apenas 17:
Andre
Correa (DEM)
André
Ceciliano (PT)
Chiquinho
da Mangueira (Podemos)
Dionisio
Lins (PP)-
Fabio
Silva (PMDB)-
Filipe
Soares (DEM)-
Gustavo
Tutuca (PMDB)-
Jair
Bittencourt (PP)-
João
Peixoto (PSDC)-
Luiz
Martins (PDT)
Marcio
Canella (PSL)-
Marcos
Abrahão (PT do B)-
Marcos
Muller (PHS)-
Marcus
Vinicius (PTB)-
Renato
Cozzolino (PR)-
Rosenverg
Reis (PMDB)-
Thiago
Pampolha (PDT)-
Dos
39 que votaram a favor da revogação das prisões, não se
reelegeram 22 deputados:
André
Lazaroni (PMDB)-
Átila
Nunes (PMDB)-
Christino
Áureo (PSD)-
Cidinha
Campos (PDT)-
Coronel
Jairo (PMDB)-
Daniele
Guerreiro (PMDB)-
Dica
(Podemos)-
Fatinha
(SDD)-
Figueiredo
(PROS)-
Geraldo
Pudim (PMDB)-
Iranildo
Campos (PSD)-
Janio
Mendes (PDT)-
Marcelo
Simão (PMDB)-
Marcia
Jeovani (DEM)-
Milton
Rangel (DEM)-
Nivaldo
Mulim (PR)-
Paulo
Ramos (PSOL)-
Pedro
Augusto (PMDB)-
Silas
Bento (PSDB)
Tio
Carlos (SDD)-
Zaqueu
Teixeira (PDT)-
Zito
(PP)-
Observação:
Silas Bento (PSDB) não disputou
a reeleição
Dos
19 que votaram pela manutenção das prisões, foram reeleitos 14:
Carlos
Macedo (PRB)
Carlos
Minc (sem partido)
Eliomar
Coelho (PSOL)
Enfermeira
Rejane (PC do B)
Flávio
Bolsonaro (PSC)-
Flávio
Serafini (PSOL)-
Luiz
Paulo (PSDB)-
Marcelo
Freixo (PSOL)-
Marcio
Pacheco (PSC)-
Martha
Rocha (PDT)-
Samuel
Malafaia (DEM)
Wagner
Montes (PRB)
Waldeck
Carneiro (PT)
Zeidan
(PT)
Observação:
Flávio
Bolsonaro (PSC) não concorreu à reeleição. Eleito Senador
Wagner
Montes (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) não disputaram a reeleição.
Foram eleitos Deputado Federal.
Dos
19 que votaram pela manutenção das prisões, não se reelegeram 6:
Benedito
Alves (PRB)
Osorio
(PSDB)-
Dr.
Julianelli (Rede)-
Gilberto
Palmares (PT)-
Waldeck
Carneiro (PT)
Wanderson
Nogueira (PSOL)
Dos
8 ausentes, foram reeleitos 4:
Bebeto
(SDD)-
Dr.
Deodalto (DEM)-
Lucinha
(PSDB)-
Tia
Ju (PRB)-
Dos
8 ausentes, não se reelegeram 4:
Comte
Bitencourt
Geraldo
Moreira (PTN)-
Rafael
Picciani (PMDB)
Zé Luiz Anchite (PP)
Observação:
entre os ausentes, os três deputados que estavam presos, e Comte
Bitencourt, que estava licenciado. .
1
Abstenção:
Bruno
Dauaire (PR)- reeleito
Fonte: "g1"