Botijão de gás explode na praia do forte em Cabo Frio, foto do site cabofrioagora |
A
Câmara de Vereadores de Cabo Frio aprovou na noite de quinta-feira
(2) em sessão extraordinária, em regime de urgência, e por
unanimidade (!), projeto de lei que regulamenta as atividades dos
ambulantes, mas o que se pretendia mesmo era atender à reivindicação
dos barraqueiros que trabalham com botijões de gás GLP de 13 kg nas
praias do município. Agora, o projeto de lei depende da sanção do
Prefeito de Cabo Frio, Dr. Adriano Moreno, para entrar em vigor.
A
sessão foi um espetáculo. Galeria- se é que se pode chamar aquele
minúsculo espaço de galeria- lotada de ambulantes do ramo dos
incendiários pressionavam seus “representantes” para que o
projeto fosse aprovado. No plenário, o oportunismo eleitoral corria
solto. Até tu, Rafael! Fiquei impressionado com os comentários no
Facebook durante a transmissão da sessão ao vivo. Muitos
estranhavam a mudança de postura dos vereadores, de alguns deles que
passaram a usar a Tribuna, o que nunca haviam feito antes no governo
anterior. Uma das assistentes, chamada Sinea, cobrava: “Aquiles
falar em legalidade, transparência?? Houve transparência no aluguel
de ambulâncias? Na consercaf? Nos aluguéis de carros a preços
hiper faturados? No pó de café comprado na câmara?”
Autorizar
botijão de gás em praia é de uma irresponsabilidade total. É um
absurdo se permitir botijões de gás nas praias em meio a milhares
de pessoas, muitas delas crianças. Quem disse que colocando-se
tendas da Secretaria de Posturas nas praias vai se conseguir coibir a
ação dos "vendedores flutuantes" que aparecem no verão? Com praia lotada, com milhares de ambulantes, os fiscais nunca darão conta do trabalho. Em nenhum país civilizado do mundo se permite botijões de gás em
praias. Em Búzios, o seu uso está proibido há muito tempo. As tendas móveis, que substituem os antigos quiosques fixos, não podem fazer frituras na praia. Está proibida também a venda de queijo de coalho por ambulantes.
É óbvio que o
interesse do particular nunca pode se sobrepor ao interesse da
coletividade. O cuidado com a vida é uma obrigação de todos, do
público em geral. E ainda há o risco à saúde porque as barracas
na areia vendem até refeições preparadas em condições precárias
de higiene.
Apenas
neste ano alguns incidentes aconteceram em praias de Cabo Frio, como
na Praia do Forte e na Praia do Peró, quando um carrinho de pizza e
os botijões de uma barraca pegaram fogo, colocando em risco a vida
dos banhistas ao redor. Em 29 de janeiro de 2018, um incêndio em
barraca da praia do Forte feriu turista carioca ao tentar ajudar
ambulante. A vítima que teve queimaduras de segundo grau, com 20% do
corpo queimados, foi encaminhada para a capital fluminense. Segundo
uma testemunha que registrou a cena â explosão assustou os
banhistas: “foi uma correria louca”.
Imagina
a cena. Você está na praia com sua esposa e filhos pequenos. Praia
lotadona. Nenhum guarda municipal ou fiscal de postura no seu
horizonte. Ambulantes de montão na areia vendendo de tudo. De
repente um botijão de gás, que estava dentro de uma inocente
carrocinha de milho cozido, explode próximo a você. Pânico
generalizado porque mesmo as pessoas que estavam distantes da
explosão correm desesperadas para as dunas porque não sabiam o que
tinha acontecido. Correria desenfreada pela praia. Banhistas saem
correndo deixando tudo para trás! Sua esposa, e algumas outras
mulheres, têm crise nervosa. Suas crianças choram
descontroladamente. É alto verão, Cidade hiperlotada. Bombeiros são
chamdos. Mas o caminhão do Corpo de Bombeiros não consegue chegar,
porque ficou preso no engarrafamento por causa da confusão no
trânsito no acesso à praia. Banhistas e guarda-vidas tentam apagar
as chamas com extintores de incêndio que apanham em seus carros. A
dona da carrocinha informa depois que tinha extintor de incêndio,
mas que ele estava com a validade vencida e não funcionou. A cena
não é imaginária. É real. O acidente aconteceu em frente ao Posto
de Salvamento do Corpo de Bombeiros em 10/02/2013 na Praia do Peró,
em Cabo Frio.
Finalizando. É preciso ficar claro que não se está aqui defendendo o fim das
atividades de ambulantes. A prefeitura de Cabo Frio, assim como
qualquer outra cidade de praia, com um prefeito com um mínimo de
responsabilidade, deve fazer com que os barraqueiros que se utilizem
de inflamáveis para preparar os alimentos que vendem nas praias,
migrem de atividade, para uma atividade que não coloque em risco a
vida das pessoas. O que não pode mais é ter botijão de gás nas
praias, assim como se proibiu facões para cortar cocos.