Presos enviam áudios de dentro da cadeia |
Acusados
de integrar quadrilha que
falsificava alvarás em Búzios
se comunicavam facilmente com pessoas fora da unidade prisional.
Detentos
do Presídio Tiago Teles,
em São Gonçalo, na Região Metropolitana, conseguem se comunicar
facilmente com pessoas que estão fora da cadeia. Áudios obtidos
pela GloboNews com o conteúdo das trocas de mensagens foram exibidos
em reportagem nesta quarta-feira (4).
Em
um dos arquivos, Maurício Rodrigues de Carvalho – preso no Tiago
Teles – relata estar havendo um pagode dentro da cadeia. "Ó o
som, o pagode! Fica com Deus aí, um abraço!", diz o interno.
Maurício
foi um dos presos de uma
operação contra a falsificação de alvarás na Prefeitura de
Búzios,
na Região dos Lagos. Ele divide a cela com outro integrante da mesma
quadrilha, Jonatas Brasil, que também teve áudio revelado pela
reportagem.
"Aqui
tem tudo, tudo, tudo. Parece até o Mercadão de Madureira",
comemora o criminoso.
O
Mercadão de Madureira, conhecido centro de comércio popular na Zona
Norte da Cidade, é famoso pelo grande movimento de consumidores, e
em nada deveria lembrar uma penitenciária estadual.
Jonatas
Brasil, também conhecido como "John John", foi preso preso
há menos de um mês acusado
de integrar organização criminosa, estelionato e fraude processual.
Na gravação obtida pela GloboNews, o criminoso lamenta estar preso,
mas diz não faltar nada dentro da cadeia.
"Tá
tudo bem aqui. Graças a Deus. Aqui tem tudo, mano. Tudo, tudo, tudo.
Parece até o Mercadão de Madureira. Só que ficar preso é muito
ruim, né? Mas eu creio que daqui a pouco a gente tá aí já, em
nome de Jesus. Mas ficar preso é chato pra caramba. Não pode sair
pra fazer nada, pô."
Um
terceiro criminoso do mesmo bando, Weliton Quintanilha de Souza,
conhecido como Ginho, também usa um celular para falar com amigos.
"Valeu, Renato. Valeu! Fica com Deus, aí", diz.
O
trio foi preso no mês passado durante uma operação do Ministério
Público e da Polícia Civil. As investigações revelaram que a
quadrilha falsificava alvarás da Prefeitura de Búzios.
As vítimas eram empresários que tentavam legalizar estabelecimentos
e buscavam a ajuda de despachantes.
Mas
os despachantes que prometiam legalizar a documentação, na verdade
eram criminosos que falsificavam os alvarás.
Aparelho
foi encontrado
O
aparelho celular foi encontrado com os criminosos. Em vistoria na
terça-feira (3), agentes da Secretaria de Administração
Penitenciária (Seap) encontraram o celular e o trio acabou
transferido de unidade. Agora, estão em Bangu 1, presídio de
segurança máxima, no Rio.
Em
nota, a Seap informou que abriu uma sindicância para apurar se houve
falha de procedimento no presídio Tiago Teles. Também disse que vai
"intensificar as ações de repressão, para combater a entrada
de materiais ilícitos nas unidades prisionais".
Só
este ano, 38 celulares foram encontrados dentro da unidade de São
Gonçalo.