Casal de ativistas sociais de Búzios: Olívia Santos e Marcos Silva. Foto: blogsepelagos |
Na
última quinta-feira, 26 de novembro, o vereador Dida Gabarito
(PRTB), presidente da comissão de educação da Câmara Municipal de
Armação dos Búzios, fez uso de seus 15 minutos de fala na tribuna
com o único objetivo de atacar Olívia Santos, ativista do
movimento Por nossos filhos, coletivo organizado por mães, pais e
responsáveis por alunos da rede municipal de ensino. Olívia tem
lutado incansavelmente pelos direitos dos alunos no município de
Armação dos Búzios.
Em sua fala, o vereador fez declarações
apontando-a como alguém “que só quer fazer politicagem”. O
parlamentar afirmou também que não respondeu à uma carta aberta do
coletivo e tampouco a solicitação de audiência pública,
pois julga que o objetivo da Olívia seria fazer “politicagem suja”
e reclamar “para nada”.
O documento entregue à câmara
por Olívia, representando as integrantes do movimento Por nossos
Filhos, cobra respostas sobre as diretrizes da educação para o
final do ano letivo, além de demandar a realização da já
mencionada audiência pública. O vereador tentou ainda culpar o
presidente da ServBúzios, Marcos Silva, alegando que o mesmo, por
ser presidente de uma instituição que representa os servidores,
deveria cobrar dos trabalhadores a realização das impressões de
apostilas, como se essas não fossem tarefas do executivo.
Dida
tentou enganar a população com o discurso de que a não
distribuição de apostilas para atividades pedagógicas à distância
teria sido consequência de uma suposta “não colaboração” dos
trabalhadores.
É verdade que parte dos professores
corretamente aderiram à “Greve Pela Vida”. Mas ele não tem a
coragem de dizer por quais motivos isso aconteceu. A greve deflagrada
em assembleia do Sepe Lagos em oposição à política da prefeitura
de impor demissões em massa contra os profissionais contratados e,
mais tarde, de também querer obrigar os educadores a retornarem de
maneira não planejada ao trabalho presencial, sem condições de
segurança sanitária mesmo diante do crescimento exponencial das
contaminações pelo novo coronavírus.
Mas não é verdade
que as apostilas não foram distribuídas em função disso. Os
trabalhadores contribuíram e muito com a realização de atividades
remotas. Mas o que os trabalhadores receberam do governo como
“agradecimento” pelos seus serviços foi o desemprego massivo, poucos
dias depois de submeterem atividades para a plataforma virtual da
Seme.
Fazer "politicagem suja" é a vocação de Dida Gabarito e André Granado
O
vereador ignora esses fatos por ser um oportunista defensor do
governo. E é preciso lembrar que a tarefa de garantir a segurança
sanitária nas escolas e viabilizar a impressão das apostilas com
atividades, é do poder executivo e não dos trabalhadores da
educação.
Dida afirmou “que todas as escolas possuem
wi-fi", insinuando que os trabalhadores deveriam estar se
submetendo ao trabalho presencial sem segurança . Ainda que que esse
suposto cenário de “perfeição” das escolas e de amplo acesso
às tecnologias digitais fosse verdade, o que não é o caso já que
a conexão à internet é precária e o número de computadores dos
quais as escolas dispõem é muito reduzido, como seria possível o
retorno ao trabalho presencial se a prefeitura até hoje, passados
mais de 8 meses desde o início da pandemia não investiu um único
centavo em obras de adaptação da infraestrutura das unidades
escolares para viabilizar um retorno presencial?
Como o
vereador pensa que os profissionais poderiam se sentir seguros para
usar as dependências das escolas para elaborar atividades remotas
para os alunos se, além da precariedade que sempre caracterizou as
unidades escolares, a prefeitura está se negando a fornecer até
mesmo os mais básicos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
para os educadores?
O vereador afirmou ainda que, como
presidente da Comissão da Educação, sua função não seria de
“resolver os problemas” da rede, mas apenas de manter o “diálogo”
com o governo e “buscar informações”. Com isso só podemos
deduzir que o vereador até hoje não tomou conhecimento de que uma
das primordiais funções inerentes a um vereador é representar os
interesses da população!
Vale lembrar que durante toda
gestão de André Granado (MDB), o vereador Dida Gabarito jamais
cobrou do prefeito as demandas dos profissionais da educação, dos
estudantes ou das mães, pais e responsáveis por alunos. E os
problemas não foram poucos!
Nessa legislatura tivemos turmas
e turnos do ensino médio encerradas que só retornaram com a luta
organizada dos trabalhadores, com o apoio do movimento estudantil e
de toda a população. Tivemos também a terceirização e
precarização da merenda, que só foi revertida devido à pressão
popular e a atuação do Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro (MPRJ), após luta incessante protagonizada pelas
merendeiras, com o apoio do ServBúzios e do Sepe Lagos. Também
enfrentamos o fechamento da creche do bairro Cem Braças e seus
alunos foram remanejados para outras unidades mais afastadas. E tudo
isso aconteceu com o silêncio cúmplice dos vereadores, inclusive
dos que integram a Comissão da Educação, como Dida.
Diante
dos ataques sofridos pela companheira Olívia Santos, o Sepe Lagos
manifesta seu apoio e solidariedade. E também o nosso reconhecimento
pela sua luta incansável e corajosa. Estamos juntos! Dida não só
atacou Olivia, e também o companheiro Marcos, mas todos os
trabalhadores da educação e as mães, pais e responsáveis por
alunos.
Fonte: "blogsepelagos"
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