Ruas e orla de Búzios com grife Indio da Costa
Megaprojeto de reurbanização e redesenho de mobiliário promete devolver ao balneário o aspecto de cidade pequena, porém cosmopolita.
Projeto prevê calçadas e piso de pedras no mesmo nível e rede de iluminação subterrânea |
Projeto prevê calçadas e piso de pedras no mesmo nível e rede de iluminação subterrânea
RIO — Uma imagem paradisíaca ultimamente anda inspirando o
arquiteto Luiz Eduardo Indio da Costa e seu filho e parceiro, o designer Guto
Indio da Costa. Numa pequena aldeia de pescadores, moradores e visitantes
circulam a pé pelas ruas, de chinelos, desfrutando das belezas naturais, sem
estresse. Na tentativa de transportar para os dias de hoje este cenário de
sonho que remete à vila de Armação de Búzios do início dos anos 60, a dupla
anda debruçada sobre pranchetas: eles planejam os últimos detalhes de um
megaprojeto de reurbanização e redesenho de mobiliário que promete devolver
ao balneário da Região dos Lagos o aspecto de cidade pequena, porém
cosmopolita. Encomendada pela prefeitura, a intervenção urbana está sendo
riscada em sintonia com um plano de mobilidade que, segundo o prefeito de
Búzios, André Granado, proporcionará aos moradores e turistas o prazer de andar
pelas vias da charmosa cidade.
O projeto vai dar contornos mais suaves e padronizar ruas e
calçadas no trecho mais badalado de Búzios: a partir da principal via de
entrada, a Avenida José Bento Ribeiro Dantas (que vai do pórtico de entrada até
a praia dos Ossos), incluindo a Orla Bardot, a Rua das Pedras e as orlas das
praias Brava, do Forno, Geribá, Tartaruga e João Fernandes. Uma revitalização
que prevê a criação de ciclovias e rótulas (para evitar cruzamentos e sinais de
trânsito), além de travessias elevadas de pedestres.
PROJETOS TORNAM BÚZIOS CIDADE AMIGA DO PEDESTRE
— É, acima de tudo, um projeto estruturante para a cidade
pequena e delicada, que nos fins de semana de sol e na alta temporada recebe
cinco transatlânticos, milhares de pessoas e uma quantidade enorme de carros.
Uma das grandes questões discutidas é como evitar que Búzios se transforme num
grande engarrafamento. A vocação turística da cidade será preservada, mas temos
que preservar a cidade das invasões de automóveis e de turistas — explica o
designer Guto Indio da Costa.
Escritório Indio da Costa: um projeto de pai e filho - Fabio Seixo / O Globo |
FIM DOS TROPEÇOS NA RUA DAS PEDRAS
E já que a ideia é dar conforto aos pedestres, na Rua das
Pedras, o projeto prevê a retirada dos meios-fios e o nivelamento das pedras, acabando,
assim, com quedas e tropeços. A orla Bardot — onde desde o final dos anos 90 há
uma escultura da atriz Brigitte Bardot, uma das primeiras celebridades a descobrir
o paraíso —, terá postes com luz amarela e um calçadão amplo. Toda rede de
iluminação será subterrânea.
Aos que esperam ver por lá algo no estilo das arrojadas e
polêmicas bolas de ferro de seu projeto para o Rio Cidade Leblon, Luiz Eduardo
avisa:
— Faremos um retrofit na cidade. Algo mais amplo. A
iluminação, por exemplo, será tratada com muita sutileza, de forma delicada;
pretendemos manter o conceito de luz tênue na cidade. Nada berrantes. Queremos
um clima mais intimista — detalha o arquiteto Indio da Costa, acrescentado que,
nas praias, os quiosques ganharão novos desenhos, ainda mantidos em sigilo.
A nova marca da cidade, que será divulgada em breve, também
terá a assinatura do escritório de Indio da Costa.
MENOS TRÂNSITO, MAIS PEDESTRES
As mudanças propostas por Luiz Eduardo e Guto Indio da Costa
vão ficar à vista logo na
entrada da cidade, assim que o turista cruzar o Pórtico e
seguir pela Avenida José Bento Ribeiro Dantas.
— Nesta via, que é por onde os visitantes chegam, estamos
propondo melhorias e discutindo ideias com o grupo que faz o novo plano de
mobilidade. Mas, como filosofia, a gente está imaginando diminuir o máximo
possível o trânsito ali e construir uma caixa contínua com meio fio decente,
colocar ciclovia em toda aquela estação, fazer arborização e instalar rótulas
para evitar sinais de trânsito. Queremos também fiação subterrânea e novos
postes com luminárias de LED— completa Luiz Eduardo.
A remodelação de Búzios segue um conceito que já pode ser
apreciado em cidades turísticas europeias e históricas brasileiras, como
Paraty, na Costa Verde: o da restrição do acesso de veículos ao Centro. Essa
restrição, que já ocorre na Rua das Pedras, também está sendo detalhada no
projeto, bem como a criação de estacionamentos em locais afastados das praias.
Avenida Bento Ribeiro Dantas: novo paisagismo e travessias de pedestres elevadas - |
CARROS LONGE DAS PRAIAS
A ideia, explica Guto, é que os turistas larguem o carro em
determinado ponto e percorram as distâncias até a orla a pé, de bicicleta, em
jardineira ou em veículo elétrico, similar aos carrinhos usados em campos de golfe.
— Queremos uma cidade mais humana, em que as pessoas deixem
o carro o mais afastado possível das praias — comenta Luiz Eduardo,
acrescentando que a inspiração é no estilo de cidades mais europeias e menos
americanas, em que carros são protagonistas.
A nova cara de Búzios, garante a prefeitura, não ficará
irreconhecível. Mas ganhará contornos que ressaltarão a vocação turística da
cidade. Segundo o prefeito André Granado, o projeto contratado, cujo valor não
foi divulgado, vai respeitar a identidade do balneário. A nova urbanização,
diz, faz parte de um plano maior de ordenamento e humanização de ruas, praias,
praças e mirantes.
— Nossa ideia não é mudar Búzios em sua essência, mas
planejar, estruturar, organizar e consolidar o que a cidade tem de melhor. A
ideia do projeto, que está na fase de anteprojeto e ainda vai ser discutido, é
valorizar o pedestre, ordenando o trânsito. Além disso, vamos trocar o
mobiliário urbano. O Guto Indio da Costa está desenhando cada detalhe:
lixeiras, quiosques, postes, bancos e até os carrinhos de venda de milho cozido
e pipoca. Tudo será apresentado à população em audiências públicas, assim que
tivermos o projeto todo detalhado — comentou André Granado, que afirma não
saber ainda quanto custará a “plástica”.
PROBLEMAS DE CIDADE GRANDE
Emancipado de Cabo Frio na década de 90, o município de
cerca de 30 mil habitantes viu crescer na última década problemas urbanísticos
de cidade grande: além dos engarrafamentos na alta temporada, convive com a
falta de controle e de padronização do comércio, principalmente na orla.
— A maior mudança será na qualificação do espaço público.
Porém, sem perder o espírito de Búzios: aquela simplicidade com charme. Existe
um projeto de reordenamento das praias, que envolve uma
nova ocupação do espaço com redesenho dos quiosques, que
ainda estamos começando. E também de todas as operações comerciais: do cara que
aluga pranchas ao que vende comida. Tudo em conjunto com um projeto
paisagístico — diz Guto
Meu comentário:
Por que foi descartado o projeto de mobilidade urbana do nosso arquiteto doutor Beto Bloch? Por que vamos pagar 2,5 milhões de reais (dizem que é este valor) se o projeto do Beto sairia praticamente de graça? Tem que avisar aos caras que a entrada da cidade não é no Pórtico. Tem que avisar também que já temos engarrafamento na baixa estação. Será que os caras do escritório Índio da Costa sabem disso? O Prefeito diz que vai discutir o Projeto em Audiência Pública com a população, mas por que não deixou o povo opinar sobre o Projeto do Beto Bloch?
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