quarta-feira, 6 de julho de 2011

Os sem alguma coisa e a espécie em extinção



Os Sem Terra e os Sem Teto são conhecidos, mas os Sem Alguma Coisa na
Região dos Lagos nem tanto. Uns sem explicação ou justificativa. Outro por se tratar
de infantilidade. Os dados estatísticos aparecem no blog de Luiz Carlos Gomes da
Silva (Blog do Luiz do PT) que gentilmente concedeu permissão para usá-los.

Os Sem Renda - são as 31.756 famílias ou 98.674 pessoas vivendo em
situação de pobreza ou de extrema pobreza, recebendo entre R$70 e R$140 por
mês. São 17% do total de 569.912 em Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Iguaba
Grande, Armação dos Búzios e Rio das Ostras. O percentual é exatamente o dobro
registrado para todo o Brasil.

Os Sem Rede de Esgoto – são os 113.318 domicílios nos mesmos
municípios, correspondendo ao incrível percentual de 70% do total de domicílios. Pior
do que isso só no Haiti.

Os Sem Banheiro - são 1.595 domicílios. Isso serve para explicar o significado
de “extrema pobreza”. Não se trata de desleixo. As famílias são tão pobres, mas
tão pobres, que lhes é impossível separar alguns reais para construir um banheiro,
comprar um vaso sanitário, uma pia.

Os Sem Energia Elétrica - são 339 domicílios onde nem mesmo uma única
lâmpada se encontra. Nem um pedaço de fio para fazer um gato num poste. Nada. A
situação lembra a descrita por Euclides da Cunha quando entrou em Canudos.

Os sem coleta de lixo – o IBGE qualificou como “outro destino” o fim dado
ao lixo em 5.403 domicílios onde não ocorre a coleta. Isso lembra o raciocínio de um
nazista que se opôs à instalação de banheiros em um campo de concentração na
Segunda Guerra Mundial: “Se eles não comem, não defecam. Então, para que vasos
sanitários?”. Talvez as prefeituras tenham chegado à conclusão de que as famílias são
pobres, mas tão pobres, que não produzem lixo. Estão fora da rota da coleta.
Há muitos Sem Alguma Coisa, alguma coisa crucial, básica, para a
manutenção e continuação da vida. Mas, há um muito especial:

Os Sem Shopping – são os que choramingam porque a construção do
shopping no bairro das Palmeiras, Cabo Frio, foi suspensa. Há uma solução bastante
simples. Contratem um ônibus de turismo com saída aos sábados às 5:00 horas da
manhã e retorno às 20:00 horas. Destino: Centro Comercial de Madureira (A Capital
dos Subúrbios da Central). Um milhão de pessoas por lá circulam diariamente.
Finalmente há que se tratar da espécie em extinção. Onde estão os turistas
que costumavam frequentar as 30 praias na lagoa de Araruama, nas lagunas
Maracanã e Cabo Frio?

Ernesto Lindgren

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