quinta-feira, 17 de março de 2011

Teimosia, incompetência e canalhice em Cabo Frio


            Em 2002 o Sr. Alair Corrêa, então prefeito de Cabo Frio, decidiu canalizar o valão na Ave. Excelsior ignorando outras alternativas, uma delas mostrada na ilustração. A estrutura de concreto seria coberta por lajes e, por não ter fundo, continuaria a funcionar como uma fossa - como sempre funcionou desde a década de 1940 - absorvendo, no mínimo, 80% do esgoto in natura que era despejado no valão. A incompetência de Luiz Firmino Martins Pereira, ex-presidente do INEA, e a de seus associados, impediu que se fizesse uma análise das consequências da canalização e da instalação do sistema de coleta de esgoto em tempo seco.
            Da teimosia e da incompetência resultou o atual problema: água pluvial misturada com esgoto aflora nas casas localizadas nos dois lados da Ave. Excelsior, inundando-as. A Prolagos mantem fechada a comporta que liberaria a mistura na lagoa, ocorrendo um refluxo na tubulação. A mistura retorna pelas canalizações.  
Não bastasse esse problema, chamado de “efeito colateral” do sistema de coleta em tempo seco pelo presidente da Prolagos, o croqui mostra a canalhice - destacada pelas linhas vermelhas, cometida por pessoa ou pessoas. Em fevereiro de 2010 notou-se uma elevação da quantidade de esgoto despejado na Praia das Palmeiras, mas não se conseguiu identificar a origem do derrame. Finalmente, em 13/09/2010, numa entrevista concedida à revista CIDADE online, o presidente da Prolagos, engenheiro Felipe Ferraz, revelou que duas ligações clandestinas haviam sido localizadas e fechadas. Durante meses drenaram a mistura de águas pluviais e esgoto do valão sob a Ave. Excelsior transferindo-a para a tubulação da prefeitura, que a despejava na lagoa. É incompreensível o fato da fiscalização da prefeitura não ter percebido o que estava sendo feito: a rua foi esburacada em dois lugares e depois recapeada. Por outro lado, se as ligações foram feitas com conhecimento da prefeitura é incompreensível que não tenha percebido o “equívoco”, fazendo a ligação na tubulação da prefeitura e não na da Prolagos.  
Para os proprietários das casas no bairro a solução mais simples a adotar seria cortar a ligação com a rede de águas pluviais/esgoto, retornando ao sistema fossa-filtro-sumidouro.
A tragédia no bairro Jardim Excelsior pode ser entendida assistindo os vídeos “Felipe Ferraz explica funcionamento da estação de bombeamento”, “Felipe Ferraz explica II” e “Felipe Ferraz explica ligações clandestinas” em www.revistacidade.com.br, Galeria de vídeos na seção de Multimídia.

Ernesto Lindgren
17/03/2011

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