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domingo, 25 de abril de 2021
A oligarquia unida jamais será vencida
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terça-feira, 16 de julho de 2019
Delinquentes sonham com a pizza na Lava Jato
O
conta-gotas que pinga mensagens
tóxicas sobre as reputações de Sergio Moro e dos
procuradores da força-tarefa de Curitiba vai mergulhando a Lava Jato
num ambiente novo. Nele, o ex-juiz e os procuradores enfrentam um
processo lento e corrosivo de dessacralização. Descobriu-se que, no
escurinho do Telegram, os super-herois da cruzada anticorrupção
também estavam sujeitos à condição humana. A constatação deixa
assanhados os delinquentes.
A
leitura do primeiro lote de mensagens conduziu a uma conclusão
inescapável: Sergio Moro desenvolveu com Deltan Dallagnol
uma proximidade juridicamente imprópria. Os dois trocaram
figurinhas, combinaram ações, consultaram-se mutuamente.
Ultrapassaram a fronteira que separa o relacionamento funcional do
comportamento abusivo. O então juiz por vezes adotou um timbre de
superioridade hierárquica, imiscuindo-se no trabalho da
Procuradoria.
O
comportamento de Moro destoou da isenção que a Constituição exige
de um magistrado. Ajustando-se à nova realidade, o ex-juiz migrou da
seara técnica para o campo da política. Ouviram-se críticas de
encrencados e até de ministros do Supremo. Entretanto, os críticos
também têm pés de barro. Os condenados perambulam pela conjuntura
acorrentados a processos apinhados de provas. E a Suprema Corte não
chega a se notabilizar pelo formalismo processual.
No
Supremo, há ministros que confraternizam com investigados. Não se
privam de julgar casos de amigos. Um deles julga até em benefício
de ex-chefes. Os demais fingem não ver. Há na Corte duas turmas.
Uma é conhecida por prender. Outra solta a granel. Estabeleceu-se
uma balbúrdia que esculhamba a jurisprudência do próprio tribunal.
Consolidou-se a sensação de que um pedaço do tribunal age para
proteger larápios. Pune apenas de raro em raro. E às vezes
transfere ao Legislativo a prerrogativa de perdoar.
Nos
lotes subsequentes de mensagens, o conta-gotas pingou nas manchetes
manifestações que potencializaram o processo de autocombustão dos
investigadores. Descobriu-se que autoridades do Estado comportavam-se
como adolescentes num grupo de família de um aplicativo de celular.
Vieram à luz tolices como "in Fux we trust". Ou pérolas
juvenis que aproximaram a força-tarefa de uma arquibancada de
estádio: "Aha, uhu o Fachin é nosso".
Neste
domingo, em parceria com o The Intercept, a Folha trouxe
à luz algo bem mais constrangedor. Descobriu-se que Deltan
Dallagnol montou com o colega de Procuradoria Roberson Pozzobon um
plano de negócios de eventos e palestras para extrair
lucros da fama adquirida na Lava Jato. "Vamos organizar
congressos e eventos e lucrar, ok?", anotou Deltan numa das
mensagens. "É um bom jeito de aproveitar nosso networking e
visibilidade."
Os
detalhes falam por si. Os procuradores cogitaram constituir uma
empresa. Para mascarar a operação, a firma teria como sócias as
mulheres dos palestrantes. "Se fizéssemos algo sem fins
lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós,
escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos
em termos monetários", escreveu Deltan. E Pozzobon: "Temos
que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais
barato ii) Menos gente, mais caro. E um formato não exclui o outro".
É
como se os procuradores, depois de elevar suas estaturas no esforço
para desmontar o aparato de corrupção, conspirassem para rebaixar o
pé-direito da Lava Jato, aderindo à máxima do "quanto eu levo
nisso". Perderam o recato. Esqueceram de maneirar. Embora a
empresa não tenha sido aberta, a retórica do acobertamento
apequenou os autores das mensagens. Tudo muito triste e constrangedor
—exceto para os condenados, que soltam fogos.
Em
cinco anos, a Lava Jato interrompeu um ciclo de impunidade que durava
desde a chegada das caravelas. Foram à grelha empresários de grosso
calibre. Políticos poderosos dos maiores partidos tornaram-se
impotentes. Encrencaram-se três ex-presidentes vivos. A oligarquia
corrupta jogava com o tempo e com as cartas dos recursos judiciais.
De repente, uma operação de busca e aprensão clandestina nos
celulares das autoridades devolveu ao baralho o curinga da pizza.
Ouve-se
ao fundo um velho coro: "A oligarquia unida jamais será
vencida". A estridência do coro contrasta, porém, com a
inconsistência da mistura. Por ora, há muito orégano e pouca
massa. As mensagens trocadas no Telegram transformam os ex-heróis em
vítimas da ética de mostruário que eles cultivaram ao longo das
investigações. Mas ainda não surgiram nas mensagens os indícios
de fabricação de provas tão ansiados pelos larápios.
O
forno foi religado. Em agosto, a primeira turma do Supremo julgará o
pedido de suspeição de Moro, protocolado pela defesa de Lula. O
placar registra um empate: dois a dois. Gilmar Mendes e Ricardo
Lewandowski a favor da abertura da cela de Lula. Edson Fachin e
Cármen Lúcia contra. O tira-teima está nas mãos do decano Celso
de Mello. A plateia observa com apreensão.
Muitos
gostariam de utilizar as mensagens como lenha para assar uma grande
pizza. Visto que não há evidências de fabricação de provas, que
os condenados exercitaram o sacrossanto direito de defesa e que as
sentenças de primeiro grau foram avalizadas em instâncias
superiores do Judiciário, será necessário responder a algumas
perguntas.
Por
exemplo: O que fazer com as confissões, as perícias e as obras
custeadas com dinheiro roubado no tríplex do Guarujá? Mais:
assando-se a primeira pizza, como ficam as provas que levaram à
condenação de Lula também no caso do sítio de Atibaia? Pior: a
quem devolver os R$ 52 milhões encontrados no cafofo do Geddel? Para
onde enviar os milhões repatriados de contas na Suíça? Como apagar
a fita com as imagens de Rocha Loures, o ex-assessor de Temer,
recebendo a mala de dinheiro da JBS? Onde enfiar o áudio com o
achaque de R$ 2 milhões que Aécio aplicou em Joesley Batista?
Para
resumir: antes de assar a pizza, será necessário definir o que
fazer com a corrupção descoberta pela Lava Jato. A roubalheira, de
proporções amazônicas, não cabe no forno.
Fonte: "Josias de Souza"
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segunda-feira, 6 de junho de 2016
Pelo fim do foro privilegiado
Na semana que passou duas publicações abordaram a questão do foro privilegiado no Brasil. O blogueiro Josias de Souza, com base em dados fornecidos pelo MPF, publicou o post "Moro proferiu 105 condenações. STF, nenhuma" sobre as condenações no âmbito da Lava Jato. E o Procurador da
República Deltan Dallagnol, um dos que coordenam os trabalhos da
força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, também abordou a questão em palestra. Vejam trechos selecionados de ambos.
"No intervalo de dois anos, dois meses
e 19 dias, tempo de duração da Lava Jato, Sérgio Moro já proferiu 105
condenações. Juntas, somam 1.140 anos, 9 meses e 11 dias de prisão. No
STF, não há vestígio de condenação. (veja no quadro abaixo os feitos que
a força-tarefa da Lava Jato obteve em Curitiba)".
Do site
|
"Hoje, correm no STF 70
processos relacionados à Lava Jato. Desse total, 59 estão na fase de
inquérito. Neles, são investigados 134 acusados. Outros 11 processos
foram convertidos pelo procurador-geral Rodrigo Janot em denúncias
formais, envolvendo 38 políticos. Por ora, o único denunciado que o
Supremo converteu em réu foi Eduardo Cunha. E não há prazo para o
julgamento da ação penal protagonizada pelo deputado. (veja abaixo os
dados sobre o pedaço da Lava Jato que corre em Brasília).
|
"A pedido
da Procuradoria, o STF afastou Cunha do exercício do mandato e da
poltrona de presidente da Câmara. Mas ele mantém as prerrogativas de
deputado, que impedem Moro de alcançá-lo. Conserva também o acesso às
mordomias propiciadas pela presidência da Câmara e o controle sobre sua
milícia parlamentar, que lança mão de manobras para retardar o
julgamento do pedido de cassação do seu mandato, na pauta do Conselho de
Ética da Câmara há sete meses".
"O que há de mais alvissareiro na Lava Jato é a percepção de que o
banquete da corrupção desandou. Os órgãos repressores do Estado
investigam, prendem e condenam pessoas que estavam acostumados a viver
num país em que, acima de um certo nível de renda e poder, ninguém era
importunado".
"Deve-se sobretudo à aplicação de Sérgio Moro, dos
agentes federais, procuradores e técnicos que integram a força-tarefa de
Curitiba a derrubada do escudo invisível que protegia os maus costumes.
Montou-se uma espécie de usina trituradora de delinquentes. Foram em
cana brasileiros que se julgavam invulneráveis. Em troca de favores
judiciais, muitos tornaram-se delatores".
"Empreteiros que se
habituaram a sufocar investigações em tribunais superiores fizeram pouco
da Lava Jato. Presos, recorreram. Uma, duas, três, quatro vezes. E
nada. Amargaram condenações draconianas. Marcelo Odebrecht, por exemplo,
foi condenado por Moro a mais de 19 anos de cadeia. Com receio de mofar
no xadrez como versões petroleiras de Marcos Valério, os mandarins das
construtoras também se tornaram colaboradores da Justiça".
"Os
maiores ficaram para o final. Retardatários, executivos de empresas como
Odebrecht e OAS terão de levar à mesa segredos cabeludos se quiserem
obter vantagens como redução da pena. Eles já expõem na bandeja escalpos
como o de Dilma, Lula, Renan, Sarney, Cunha, Jucá, Aécio e um
inesgotável etcétera".
"Cercados pela investigação de Curitiba,
operadores como Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, entregam os
podres dos padrinhos de Brasília. O serviço da Procuradoria-Geral da
República e do STF aumenta. A responsabilidade também. Soltos, políticos
que são parte do problema fazem pose de solução. Pior: continuam
operando".
"Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki
tem sobre a mesa um lote de pedidos de providência formulados pela
Procuradoria. Talvez devesse priorizá-los. A bandidagem parlamentar
precisa de um rapa que a lace, que a recolha, na primeira esquina".
Procuradores da força-tarefa da
Operação Lava Jato revelaram que existem 22 mil pessoas (entre eles nosso Prefeito André Granado e o Vereador Henrique Gomes , assim como todos os prefeitos e todos os vereadores do Rio de Janeiro!!!) com o chamado
foro privilegiado no País.
Para o procurador da
República Deltan Dallagnol, um dos que coordenam os trabalhos da
força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, o número elevado de
pessoas com direito a foro especial por prerrogativa de função é um
entrave ao sistema brasileiro de combate à corrupção e à impunidade.
“Hoje temos mais de 20 mil pessoas com prerrogativa de foro no
Brasil, o que é algo que escapa a qualquer sombra de padrão
internacional”, afirmou Dallagnol.
“Existem poucos países, salvo engano três, no mundo que têm foro por
prerrogativa de função para todos parlamentares de um modo tão extenso.”
O procurador destacou que em uma “República todos devem ser
iguais”. “A exceção é a diferença. A exceção é alguém ser processado
perante um foro especial. E quando passamos de 22 mil pessoas, fugimos
de um parâmetro excepcional”, argumentou o procurador.
“Os tribunais superiores não têm o perfil operacional para processar
pessoas com prerrogativa de foro de modo célere e efetivo”, opinou o
procurador da Lava Jato.
Segundo ele, o processo do mensalão – iniciado em 2006 e julgado em
2013 – foi “um ponto fora da curva”. “A primeira condenação de pessoa
com prerrogativa de foro pelo STF demorou mais de 100 anos para
acontecer. Foi depois de 2010, salvo engano em 2011. A primeira execução
foi 2013, 2014.”
“Enquanto a Suprema Corte americana julga aproximadamente 100
processos por ano, nossa Suprema Corte julga 100 mil processos por ano. O
que mostra que não existe condições operacionais para que isso seja
processado em uma Corte tão especial. (O STF) Deveria ser reservado para
assuntos mais restritos.”
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