O incompetente secretário sabe-tudo-faz-nada esteve na Câmara de vereadores, na sessão de terça-feira passada, para falar sobre possíveis irregularidades que estariam acontecendo em sua pasta. Em quase três horas de depoimento ouvimos muito blá-blá-blá e quase nenhuma explicação a respeito dos possíveis mal feitos que teriam sido praticados em sua secretaria, que por esse motivo foi apelidada de Casa da Moeda. Se faltaram esclarecimentos, sobraram acusações para os vereadores de oposição ao governo, em especial para o vereador Genilson- por ser o único vereador que fechou até agora com Chiquinho da Educação. O ataque serviu para encostá-los na parede. O desatino acusatório do secretário atingiu até mesmo o vereador da base do governo, Messias Carvalho. Se formos pesquisar, desde que o senhor Ruy Borba assumiu o cargo, não tem um vereador da atual legislatura- tanto de situação quanto de oposição, talvez só escape o vereador Leandro- que não tenha sofrido ataques do secretário em seu “ex-jornal JPH”. Joice e seu marido tiveram direito a um vasto dossiê. Lorram, a um fogo amigo.
Como o convite para que o secretário depusesse foi uma alternativa encontrada pelos vereadores da base de sustentação do governo para que a oposição não instalasse uma CPI, logo na introdução de sua longa falação, o secretário desqualifica as CPIs em Búzios- no início diz que “não é o caso daqui”, mas depois escancara que está falando de Búzios mesmo- definindo-as como uma “espécie de bacia de almas, caixa coletora”. Isso não é o mesmo que chamar de corruptos todos os vereadores que participaram dessas comissões? Tenta livrar a cara do vereador Messias, afirmando que a única CPI que chegou ao final foi a CPI do Parafuso, esquecendo que o vereador participou de outras CPIs que não deram em nada. Logo, o vereador participou da coleta na bacia das almas? É também um vereador corrupto?
Tendo dificuldades para explicar todas as irregularidades apontadas pela imprensa, o secretário se utiliza da tática de confundir para não ter que explicar nada. Em um tempo em que os conceitos da física quântica abalam os alicerces da filosofia, o secretário faz uso da filosofia medieval tomista-aristotélica. Afirma que a verdade jornalística não é a verdade absoluta aristotélica. O relativismo cai como uma luva para quem quer confundir. Tudo pode ser e não ser, que maravilha. Pode ser legal ou ilegal, dependendo da cara do freguês. Este foi o comportamento do secretário durante todo o depoimento: confundir para não ter que explicar as irregularidades apontadas pela imprensa.
Seu objetivo foi em grande parte alcançado devido ao despreparo demonstrado pelos vereadores de oposição. Chegou a engabelar o vereador Evandro com uma fictícia taxa de tolerância de 10% para mais ou para menos nos parâmetros de ocupação! Ficou embaraçado quando Evandro lhe perguntou o que era “rotina interna”. Mais ainda quando foi dito que esse protocolo transmudou-se em protocolo de “licença de obra”. Mas o vereador não soube explorar a hipóteses de ter havido possíveis irregularidades na concessão de protocolos retroativos para beneficiar os construtores amigos do poder com base na lei revogada (casas geminadas).
Outra forma de se esconder para não ter que explicar nada é alegar a existência de uma “base legal gelatinosa”(existência de padrões distintos na LUOS e no PD). Segundo o secretário, como o PD está cheio de buracos, várias interpretações da lei são possíveis.Não existiriam portanto irregularidades, mas interpretações diferentes. Apenas isso.
Mesmo assim teve que reconhecer, depois de muito negar, a existência de algumas irregularidades, como o puxadinho que está sendo feito no condomínio Lake Garden e a licença concedida para o Búzios Lodge. Foi obrigado a prometer demolir o puxadinho do primeiro e embargar a obra do segundo.
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