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O comentarista Alexandre Garcia, ainda nos anos de TV Globo: mais de 40% da base de seus vídeos no YouTube sumiram |
Desde
que a CPI
da Covid foi
anunciada, no início de abril, canais de apoiadores do bolsonarismo
no YouTube têm promovido uma limpa de vídeos sobre tratamento
precoce de sua base de vídeos. Levantamento da Novelo Data a pedido
do Congresso em
Foco identificou que,
entre o dia 14 de abril e esta quinta-feira (6/5), 385 vídeos de 34
canais, tratando de tratamento precoce, sumiram do ar.
Alguns
dos canais mais relevantes de apoio ao presidente Jair
Bolsonaro promoveram
grandes operações para apagar conteúdo. O comentarista Alexandre
Garcia,
por exemplo, escondeu 109 vídeos neste período; a ex-apresentadora
de TV Leda
Nagle,
que hoje comanda um canal com entrevistas, também retirou do ar 23
vídeos nas últimas semanas. Garcia, que também é colunista na
CNN, tinha neste domingo 1,89 milhão de inscritos e chegou a sumir
com 502 vídeos em uma semana, ou 43% da sua base de videos; Leda
Nagle tinha 1,06 milhão.
A
maioria dos vídeos apagados tem ligação ao "tratamento
precoce" contra covid-19, o coquetel de medicamentos composto
por cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina defendido por
Bolsonaro que é ineficaz contra o tratamento da doença. "Exija
a HIDROXICLOROQUINA do seu médico" e "HIDROXICLOROQUINA
está funcionando sim!" ambos sumiram do canal de Alexandre
Garcia em 18 de abril.
O
levantamento aponta inclusive um vídeo do jornal Gazeta do Povo, do
Paraná – que deletou o vídeo "Amanda Klein tenta deixar
prefeitos em saia justa mas leva resposta a altura" em 30 de
abril. A lista consta com vídeos de outros temas: "CPI já tem
conclusões antes de começar", do canal Notícias Política BR
(com 571 mil inscritos) também foi retirado do ar. "Na Noruega,
a vacina da Pfizer e
mortes de idosos", do youtuber Gustavo Gayer, também saiu do
ar.
Gayer,
com 353 mil inscritos, anunciou neste sábado (8) que o seu canal
será deletado, e
acusou o YouTube de derrubar sua conta.
"Aos poucos, essa plataforma que você me assiste agora vai
começar a excluir, deletar e banir todos os os conservadores e
aqueles que falam em nome da direita", disse, "e até o
meio do ano que vem, não deverá haver nenhum aqui". O produtor
de canal gaúcho, que se define como apoiador do presidente, disse
que o YouTube - ligado à Google –
lhe deu uma suspensão de advertência de sete dias, e que por isso
seu conteúdo irá migrar para outras plataformas.
Não
é possível apontar se os vídeos foram efetivamente apagados ou
meramente ocultados no site. . A ação da plataforma é uma das
possibilidades apontadas pelo sócio-fundador da Novelo Data,
Guilherme Felitti. "A maneira como eu interpreto YouTube
resolveu ser menos omisso no papel de regulamentar a própria
plataforma, de executar suas próprias regras", disse. "O
YouTube tem regras contra este tipo de conteúdo, já tinha regras
deste tipo antes daquela mudança que fizeram no mês passado – só
nunca executaram". O YouTube afirma não fazer ações do tipo.
O
número de vídeos apagados, pondera Felitti, pode ser maior – uma
vez que, mesmo sem citar temas como tratamento precoce no título,
tais assuntos podem ser abordados durante o vídeo. Caso o apagamento
esteja mesmo ocorrendo por ação do YouTube, a ação seria
ineficaz. "O problema de desinformação do Youtube precisa ser
resolvido quando você deleta vídeos no atacado", explica, "e
o Youtube faz isso no varejo – pinçam alguns vídeos só para
falar que estão fazendo."
Questionado,
o YouTube afirma que possui regras
públicas sobre
o tipo de conteúdo aceito na plataforma e cabe aos criadores se
inteirar a respeito delas e das consequências em não segui-las. A
plataforma diz que busca agir rápido caso descubra algo fora dos
padrões, mas que conta com revisores e inteligência artificial para
rastrear o conteúdo publicado em seus servidores. 98% dos
criadores que recebem um Alerta não cometem novas violações,
indicou o YouTube.
CPI
vai atrás de influenciadores
A
CPI da Covid já partiu no encalço de influenciadores digitais
próximos ao governo. Dois requerimentos já aprovados buscam saber
se a Presidência da República, por meio da Secretaria de
Comunicação (Secom),
fez pagamentos para defesa de teses caras ao governo.
Ambos
os requerimentos foi aprovado em 29 de abril, e é de autoria do
senador Alessandro
Vieira (Cidadania-SE).
Outro deles foi encaminhado ao Ministério da Saúde.
Felitti
considera "curioso" o timing dos apagamentos de vídeos –
justamente quando uma investigação ameaça ir atrás de possíveis
fontes de financiamento de propaganda. "É muito curioso ter
limpezas gigantescas de canais negacionistas durante a instauração
da pandemia e dos depoimentos", diz.
No
entanto, o analista não dá isso como certo. "Estamos vendo o
mesmo acontecer com a Leda e o Alexandre Garcia – que é dar uma
suspensão de advertência por conta de algum vídeo que feriu as
regras de sua comunidade. Se ele tirar algum vídeo do seu canal três
vezes em 90 dias, você perde o canal", conjecturou. "Então
é possível que o YouTube marcou certo número de vídeos
problemáticos e permitiu que seus próprios criadores apagassem o
conteúdo antes de uma nova suspensão. Confrontados entre esta
possibilidade de deixar o vídeo e perder o canal, ou deletar o vídeo
e manter o canal, parece que se escolheu pela segunda opção."
Veja
a lista dos vídeos retirados do YOUTUBE em "CONGRESSO
EM FOCO"
Lauro
Jardim (ver em "LAURO
JARDIM") informa em seu blog que o senador
Randolfe Rodrigues, com base na reportagem do Congresso em Foco, quer
que o Google encaminhe a cópia de 385 vídeos que foram postados por
34 canais no YouTube e, depois, apagados. O requerimento foi
apresentado à CPI
da Covid e
depende de aprovação.
Segundo
a publicação, os vídeos tratavam do tratamento precoce, pregado
por Jair Bolsonaro, e, depois, saíram do ar.
O
senador quer saber também informações de registro, acesso,
postagens, notificações de infração das regras da plataforma,
data em que foram excluídos ou ocultados, eventuais valores
monetários.
Na
maioria dos casos, os vídeos foram postados por canais simpáticos a
Bolsonaro.
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