Sérgio Cabral e Pezão. Foto: Wilton Júnior, Estadão |
"Pelo
menos R$ 500 milhões e de US$ 80 milhões a US$ 150 milhões foram
distribuídos pela JBS a políticos, lobistas, advogados e agentes
públicos, segundo os delatores do grupo. Dinheiro que, de acordo com
eles, foi repassado a algumas das principais lideranças da política
nacional, como o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e
Dilma, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os
últimos dois candidatos do PSDB à Presidência, os senadores José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG)".
"Mas
a lista dos beneficiários, conforme a delação, é muito maior:
inclui governadores, ex-governadores, parlamentares, ministros,
ex-ministros, jornalista, entre outras pessoas. Uma relação
com 1.829 candidatos a cargos eletivos de 28
partidos, nas contas do diretor de Relações Institucionais
do grupo, Ricardo Saud. Segundo ele, os repasses chegaram a R$ 600
milhões. “Tirando esses R$ 10 milhões, R$ 15 milhões aqui, o
resto é tudo propina”, disse Saud".
Com
isso, de acordo com o delator, a empresa ajudou a eleger 179
deputados estaduais, de 23 estados. e 167
deputados federais, de 19 partidos. São cerca de 7 deputados
estaduais por estado. Será que não tem nenhum deputado estadual do
Rio de Janeiro? Certamente que sim. Os nomes devem aparecer em breve.
“Demos
propina para 28 senadores da República, sendo que alguns disputaram
e perderam eleição para governador e alguns disputaram reeleição
ou eleição para o Senado. E demos propina para 16 governadores
eleitos, sendo 4 do PMDB, 4 do PSDB, 3 do PT, 2 do PSB, 1 do PP e 1
do PSD”, relatou.
Com
base nos documentos da delação premiada que o Congresso
em Foco publicou
Sérgio Cabral aparece como beneficiário de repasse de R$ 40
milhões:
-
Sérgio Cabral (ex-governador
do Rio de Janeiro) – R$ 40 milhões
Pessoas
citadas: Julio Bueno, Hudson Braga.
Dos
R$ 40 milhões, R$ 20 milhões foram realizados como doações
oficiais ( R$ 5 milhões para o PMDB-RJ; R$ 1,660 milhão para o
PMDB-RJ; R$ 900 mil para o PDT; R$ 1 milhão
para o PMDB-RJ; R$ 1,440 milhão para o PMDB-RJ; R$ 2,5 milhão para
o PMDB/RJ; R$ 5 milhão para o PMDB-RJ; e R$ 2,5 milhão para o
PMDB-RJ). Os pagamentos foram feitos em momentos distintos. Além dos
valores pagos, R$ 7,5 milhões foram pagos em espécie para Hudson
Braga.
Fonte: "congressoemfoco"
Compra
de partidos para formação de coligação em campanha presidencial
de 2014 –
Valor não especificado
Pessoas
citadas: Guido Mantega, Vital do Rego, Michel Temer, Eduardo
Cunha, Sergio Cabral, Eunício Oliveira,
Aécio Neves, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Valdir Raupp, Henrique
Eduardo Alves, Antonio Carlos, Ciro Nogueira, Carlos
Luppi, Edinho Silva, Renato Rabello, Gilberto Kassab.
A
contrapartida, segundo os delatores: os
valores eram oriundos da conta corrente a partir de tratativas com
Guido Mantega. Foram realizados diversos pagamentos a políticos e a
partidos políticos, de forma a trazê-los para a coligação da qual
o Partido dos Trabalhadores fazia parte nas eleições de 2014.
"EU PRECISO GANHAR A ELEIÇÃO"
‘Eu
preciso ganhar a eleição’, disse Cabral ao exigir propina de R$
40 mi para campanha de Pezão, segundo delator.
Ricardo
Saud, da JBS, relatou à Procuradoria que, em 2014, então governador
do Rio queria eleger seu sucessor; em troca, Grupo assumiu fábrica
inutilizada em Piraí, interior do Estado
O
diretor da JBS Ricardo Saud (Relações Institucionais e de Governo)
relatou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 27,5
milhões em propina para a campanha de Luiz Fernando Pezão
(PMDB) ao governo do Rio em 2014. Em delação premiada, o executivo
afirmou que negociou o dinheiro com o antecessor e padrinho político
de Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral, também do PMDB – preso
na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, desde novembro de
2016. Cabral exigiu entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões,
segundo o delator.
Em
troca, a JBS assumiu, sem custos, segundo o delator, uma fábrica
inutilizada da BR Foods de 400 mil m² em Piraí, no interior do Rio.
Ele afirma que foram R$
20 milhõesde propinas ‘dissimuladas em doações
oficiais’ e mais R$
7,5 milhões em espécie, supostamente entregues
ao ex-secretário de Obras do estado Hudson Braga.
“Eu
fui até o Sérgio Cabral e falei que a fábrica era tudo para nós.
Eu perguntei se ele teria peito de tomar da BR Foods e ele disse que
sim. Eu conversei com o Joesley (Batista, acionista da JBS) e disse:
‘Ganhar uma fábrica de graça num momento desse é a melhor coisa
que tem'”, disse no depoimento.
Saud
ressaltou que nunca tratou diretamente com Pezão sobre recursos
financeiros. Toda a negociação teria sido feita com Cabral, que era
o articulador da campanha, segundo o executivo. Ele disse ainda que,
quando iniciaram as conversas sobre o pagamento, Cabral disse:
“Preciso ganhar a eleição”, se referindo à campanha de Pezão.
“Ele
pediu entre 30 e 40 milhões de propina. Eu falei: ‘Você tá
louco’. Aí, fechamos em 27 milhões e meio. Uma parte grande foi
para a eleição do Pezão e outra parte para deputados que ele
queria eleger”.
Segundo
Saud, o dinheiro teria sido pago de forma parcelada entre julho e
outubro de 2014. O delator informou que, além dos montantes para a
campanha e para o PMDB do Rio, R$
900 mil teriam sido destinados ao PDT.
“Ele
disse: ‘Preciso de tempo de televisão. Você precisa trazer um ou
dois partidos’. Eu disse: ‘Posso te apresentar alguns presidentes
de partidos, que você já conhece e falar que nós damos a garantia,
que se houver negócio, nós vamos pagar’. Mas depois de três ou
quatro dias, ele disse: ‘Não, você me dá o dinheiro e eu resolvo
o problema’”.
Fonte: politica."estadao"