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terça-feira, 4 de julho de 2017

Dezenas de deputados estaduais recebem da "caixinha" da Fetranspor (Garotinho)

Logo da Lava Jato

Na petição com os pedidos do MPF fica claro (ver grifo em vermelho em trechos da petição) o envolvimento de Deputados Estaduais na ORCRIM de Cabral. 

"No processo cautelar a ser distribuído por dependência aos AUTOS 0504252-24.2017.4.02.5101 Demais referências: AUTOS nº 0509503-57.2016.4.02.5101 (Operação Calicute) 050956767.2016.4.02.5101 (buscas e apreensões); nº 0506602-19.2016.4.02.5101 (quebra de sigilo telemático); nº 0506980-72.2016.4.02.5101 (quebra de sigilo de registros telefônicos); nº 0504612-56.2017.4.02.5101 (quebra fiscal e bancária); nº 0504668-89.2017.4.02.5101 (quebra fiscal e bancária); nº 050467581.2017.4.02.5101 (quebra de sigilo de registros telefônicos); nº 0504767-59.2017.4.02.5101 (interceptação telefônica) ...

... A presente medida cautelar é desdobramento das Operações Calicute (processo nº 0509503-57.2016.4.02.5101) e Eficiência (processo nº 051028212.2016.4.02.5101) e das investigações realizadas após a sua deflagração, tendo como escopo aprofundar o desbaratamento da organização criminosa responsável pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo Estado do Rio de Janeiro ...

... Consoante desvendado na Operação Calicute, a ORCRIM, assim como as demais investigadas pela Operação Lava Jato, possuía sua estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos:
 a) o núcleo econômico, formado por executivos das empreiteiras cartelizadas contratadas para execução de obras pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; 
b) o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, os quais solicitaram e administraram o recebimento das vantagens indevidas pagas pelas prestadoras de serviços; 
c) o núcleo financeiro operacional, formado por responsáveis pelo recebimento e repasse das vantagens indevidas e pela ocultação da origem espúria, inclusive através da utilização de empresas e escritórios de advocacia, algumas delas constituídas exclusivamente com tal finalidade; 
d) o núcleo político, formado pelo líder da organização criminosa, o ex-governador SÉRGIO CABRAL ...

...  A partir de depoimentos prestados e documentos apreendidos quando da deflagração da Operação e durante a instrução da respectiva ação penal, foi possível reunir indícios de que a Orcrim liderada por SÉRGIO CABRAL também tinha em sua folha de pagamentos e recolhimentos empresas ligadas à área de transporte público no Estado do Rio de Janeiro, conforme narrado adiante ...

... ÁLVARO JOSÉ GALLIEZ NOVIS, o doleiro e operador financeiro da organização criminosa capitaneada por SÉRGIO CABRAL, e cuja atuação foi revelada pela deflagração da Operação Eficiência, firmou perante o Superior Tribunal de Justiça acordo de colaboração premiada, oportunidade em que revelou ter sido contratado pelo presidente (Conselho de Administração) da FETRANSPOR e da VIAÇÃO FLORES, JOSÉ CARLOS LAVOURAS, para recolher regularmente dinheiro de algumas empresas de ônibus integrantes dessa Federação, administrar a sua guarda e distribuir a diversos políticos, controlando os aportes e despesas por meio de contabilidade paralela ...


... Ou seja, o doleiro e operador financeiro da Orcrim de SÉRGIO CABRAL detalhou a dinâmica de arrecadação e pagamento de propina por empresários do setor de transporte no Estado do Rio de Janeiro a agentes públicos, incluindo o ex-governador, um ex-presidente do DETRO e políticos não incluídos nesta medida cautelar por gozarem de foro por prerrogativa de função nos tribunais, mas que tinham direta ou indiretamente influência sobre a política de transporte no Estado ...

Fonte: "mpf"

terça-feira, 18 de abril de 2017

Delações da Odebrecht: Paulo Melo usava mesmo doleiro da empreiteira, diz colaborador

Paulo Melo, codinome Maria Mole, foto jornaldesabado

Deputado diz que doação foi legal e nega propina

O deputado estadual Paulo Melo (PMDB) recebeu pelo menos R$ 250 mil da Odebrecht por meio de um doleiro na campanha à reeleição do RJ em 2014, segundo o delator Leandro Azevedo.

No depoimento gravado em vídeo, o ex-executivo diz que o pedido foi feito pelo parlamentar, que já recebia caixa dois regularmente em outras eleições.

Leandro Azevedo conta que Paulo Melo pediu dinheiro para sua campanha quando era presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"Pediu diretamente a mim. Ele havia dito que a empresa já contribuía para ele em outras eleições, que já tinha uma relação institucional com a empresa", conta no depoimento.

O delator, então, pediu aprovação de seu chefe no "setor de propinas" da Odebrecht, Benedicto Junior, que liberou o pagamento de R$ 250 mil.

Normalmente, a entrega era feita pessoalmente, em endereço escolhido pelos políticos, mas desta vez o método foi diferente.

O delator não sabia da existência do doleiro, mas diz que concordou com a forma de pagamento.

"Mandei um email para a Maria Lúcia [Guimarães Tavares, secretária da Odebrecht que registrava os pedidos de propina], fazendo essa programação e perguntando para ela se o doleiro Álvaro Novis teria esse dinheiro", diz. "Ela me confirmou, então, que iria abrir um crédito junto ao doleiro com o codinome 'Maria Mole', para que fosse usado pelo Paulo Melo."

Álvaro José Galliez Novis atuava na Hoya Corretora de Valores e Câmbio e foi preso em janeiro deste ano na Operação Eficiência. Foi citado por delatores como doleiro responsável por creditar quantias em dinheiro na conta de Cabral. Ele já havia sido preso apontado como operador financeiro de outra fase da Lava Jato.

Leandro Azevedo diz no depoimento que se encontrou outras vezes com Paulo Melo, quando o político era secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio, no governo de Luiz Fernando Pezão. Mas garante que não trataram mais de pagamentos.

O delator confirma que esse não foi o primeiro pagamento ao político. "Quando fui conversar com o Benedito, ele já tinha dito que nós realmente sempre demos apoio, porque o Paulo Melo era da base do governo Sérgio Cabral, e que era importante manter uma relação próxima a ele."

O que diz Paulo Melo?
Em nota, deputado disse: "Trata-se de doação eleitoral oficial, sem qualquer troca de favor, como o próprio executivo confirmou no depoimento. Não se pode confundir a doação legal com propina. Em meus 30 anos como deputado, nunca participei de projetos, sugeri emendas ou atuei em licitações para favorecer a Odebrecht ou qualquer outra empreiteira. Lembro, ainda, que, como puxador de votos, o meu partido, o PMDB, sempre destinou recursos para as minhas campanhas políticas, o que sempre me livrou de qualquer amarras com empresários ou integrantes da sociedade civil, que colaboram e ajudam nas eleições".