O TCE-RJ criou o IEGM - um novo índice com o qual pretende avaliar a gestão dos municípios do estado do Rio de Janeiro. O IEGM Educação de Búzios, ou seja, o índice da gestão municipal da Educação em Armação dos Búzios ficou, segundo o órgão, em 9º lugar entre 80 municípios do estado avaliados. A secretaria de educação comemorou o fato entusiasticamente e passou a divulgar o banner acima por todos os cantos possíveis.
Mas tenho minhas dúvidas quanto ao acerto do índice. Suspeito que ele não seja realista, porque baseado fundamentalmente em outro índice, o IDEB do MEC, que, ao meu modo de ver, foi artificialmente aumentado na gestão do Sr. Claudio Mendonça (2013-2016) a frente da Educação de Búzios.
Como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) combina informações de
desempenho em exame padronizado (Prova Brasil), obtido
pelos estudantes ao final das etapas de ensino (5ª e 9ª séries do
ensino fundamental), com informações
sobre rendimento escolar (aprovação), o Sr. Claudio Mendonça percebeu que, como não podia de imediato aumentar o desempenho dos alunos de Búzios nas provas, melhorando a outra ponta decisiva no índice- a taxa de aprovação- consequentemente aumentaria o IDEB. Durante sua gestão foi muito noticiado que os professores de Búzios foram pressionados, quase assediados, para que aprovassem o maior número possível de alunos. Se não me engano, um blog de Cabo Frio, de um professor que leciona em Búzios, teria registrado a investida dos gestores da Secretaria de Educação de Búzios sobre os professores.
O sistema educacional buziano, antes do Sr. Claudio Mendonça chegar a Búzios, tinha um índice de reprovação considerado alto. Resta saber se o aumento que houve na taxa de aprovação posteriormente corresponde realmente a um aumento na aprendizagem. Será que estamos mesmo caminhando para um sistema de ensino melhor em
que todas as crianças e adolescentes não estão desperdiçando tempo com repetências, não estão abandonando a escola
precocemente? E, o mais importante, será que realmente estão aprendendo?
Uma breve pesquisa no site qedu.org.br confirmou minhas suspeitas. O fluxo de aprendizagem (taxa de aprovação) nos anos de 2007, 2009 e 2011, portanto antes da chegada do gestor Claudio Mendonça a Búzios, tanto no Anos Iniciais (1º ao 5º ano) quanto nos Anos Finais (6º ao 9º ano), sempre foram muito inferiores aos anos de 2013 e 2015, anos em que o Sr. Claudio Mendonça estava como gestor da Educação de Búzios. Senão vejamos:
ANOS FINAIS (6º AO 9º ANO)
APRENDIZAGEM FLUXO IDEB
2007 - 4,81 0,75 3,6
2009 - 4,83 0,74 3,6
2011 - 5,47 0,72 4,0
2013 - 5,30 0,81 4,3
2015 - 5,49 0,81 4,4
ANOS INICIAIS (1º AO 5º)
APRENDIZAGEM FLUXO IDEB
2007 - 5,17 0,81 4,2
2009 - 5,53 0,81 4,5
2011 - 5,80 0,79 4,6
2013 - 6,34 0,87 5,5
2015 - 6,24 0,86 5,3
Reparem que a maior taxa de aprovação nos ANOS FINAIS antes de Claudio Mendonça (75%) é inferior 6% à taxa de 81% do período de Claudio Mendonça. Aplicando-se essa taxa de 2007 à nota 5,30 do ano de 2013 teríamos como resultado um IDEB igual a 3,9, inferior portanto ao IDEB de 2011. Observem também que o desempenho dos estudantes de Búzios em 2011 (nota 5,47), mesmo tendo sido superior aos desempenhos de 2013 e 2015, gerou um IDEB inferior, por causa da baixa taxa de aprovação (72%).
O mesmo não se pode dizer quanto aos ANOS INICIAIS pois não temos nenhuma nota antes do período Claudio Mendonça que seja superior à nota de seu período. Mas a diferença entre as taxas de aprovação continua girando em torno de 6%.
Portanto, como é muito difícil um sistema educacional mudar tanto em tão curto período ( com notas e taxas de aprovação tão díspares) concluo que o IDEB de Búzios foi inflado artificialmente na gestão anterior do governo André. Vamos ver se o artificialismo na avaliação permanece assim que os Índice de 2017 forem divulgados pelo MEC. Por falar em MEC, bem que o Ministério poderia fazer uma checagem desses índices de Búzios.
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