Pelo menos 700.000 Rohingya fugiram de Mianmar no ano passado - grupos de direitos humanos dizem que milhares morreram. Foto: Reuters |
Em relatório divulgado hoje (27), a ONU defende que as principais figuras militares de Mianmar sejam investigadas por genocídio no estado de Rakhine e
crimes contra a humanidade em outras áreas do país. O relatório pede ainda que o caso seja encaminhado ao Tribunal Penal
Internacional (TPI).
O
governo de Myanmar tem dito constantemente que suas operações visaram ameaças de guerrilheiros insurgentes. Mas
o relatório diz que os crimes que documentou são "chocantes": "a necessidade militar nunca justificaria matar indiscriminadamente,
estuprar mulheres, agredir crianças e queimar aldeias inteiras."
A Missão Internacional
Independente das Nações Unidas para Mianmar foi criada em março
de 2017 para
investigar as alegações generalizadas de abusos dos direitos
humanos no país, particularmente no estado de Rakhine. Os
crimes documentados em Kachin, Shan e Rakhine incluem assassinato,
prisão, tortura, estupro, escravidão sexual, perseguição e
escravidão que, "indubitavelmente, equivalem aos crimes mais
graves sob a lei internacional", diz o relatório.
Os
Rohingya são uma das muitas minorias étnicas em Mianmar e compõem
a maior porcentagem dos muçulmanos do país. O governo, no
entanto, os vê como imigrantes ilegais do vizinho Bangladesh e lhes
nega a cidadania. Os
militares lançaram sua última repressão depois que militantes de
Arsa atacaram postos policiais em agosto de 2017, matando vários
policiais. A
ONU já descreveu a ofensiva militar em Rakhine como um "exemplo
clássico de limpeza étnica". Refugiados que fugiram da
violência contaram histórias horríveis de violência sexual e
tortura.
De
acordo com a organização médica Médicos Sem Fronteiras (MSF) pelo menos 6.700 Rohingya,
incluindo 730 crianças menores de cinco anos, foram
mortas no primeiro mês após o início da violência.
Grupos
de direitos como a Anistia
Internacional há muito pedem que os altos funcionários de Myanmar sejam
julgados por crimes contra a humanidade por
causa da crise de Rohingya.
Fonte: "bbc"