Continuamos analisando a entrevista dada pelo prefeito Mirinho Braga ao Jornal Primeira Hora do dia 17/09/2010. Na primeira parte, abordamos a questão da imprensa, herança maldita, contas públicas e funcionalismo público. Na segunda parte, falamos da questão da educação, saúde, moralidade, planejamento e plano de governo.
10) A questão da renda e do emprego.
Numa cidade com tão grande precarização das relações de trabalho, o prefeito fala que as obras de infra-estrutura que vão consumir 30 milhões de reais vão gerar 120 empregos diretos! Isso resolveria o problema do emprego em Marte, mas não o problema do desemprego e sub-emprego da cidade.
11) A questão da licitação do transporte público.
Mirinho desmente boatos de que o governo estaria priorizando os ônibus em detrimento ao transporte oferecido pelas cooperativas. Depois afirma: "como eu acredito que as empresas de ônibus estão se preparando para participar da licitação, as cooperativas de vans têm que estar preparadas para disputar também". Na afirmação, está implícito que será licitado um único lote. Quem ganhar leva tudo. Agora, o prefeito tem que explicar como é que um anão (vans) vai medir forças com um gigante (empresas de ônibus) em condições de igualdade? Se eu fosse proprietário de van colocaria minhas barbas de molho. Mais adiante diz: "quando a gente faz uma licitação não existe essa história de cartas marcadas. Numa licitação desse porte, o edital é examinado pelo Tribunal de Contas". Prefeito, pode ser que lá em Marte não exista essa história de cartas marcadas, mas aqui na Terra existe e muito. O Tribunal daqui também não é igual ao de lá. Já teve até conselheiro preso por uma operação da Polícia Federal aqui da Terra. Em Marte não deve nem ter polícia, né?
12) A questão da rodoviária.
O prefeito prometeu construir uma rodoviária em São José. Isto era parte do projeto do governo anterior. Também está incluído aí o loteamento de nada menos que 4 mil lotes na Região da Malhada, na estrada que liga o Centrinho à Rasa? Todos sabem de quem é o loteamento. Em 2004, o próprio Mirinho denunciou que esse loteamento fazia parte do "acordo político entre o prefeito Alair Corrêa e Toninho Branco" (JAB, 28/08/2004). É a famosa Via Azul. Mirinho vai ressuscitá-la agora?
13) A questão da eleição da presidência da câmara.
"Eu particularmente nunca interferi em eleição de presidente da câmara, e penso que não é sadio para o legislativo". Pode ser que lá em Marte essa interferência não ocorra, mas aqui na Terra, quando um prefeito é eleito com minoria, como o Sr., a primeira coisa que ele faz é cooptar alguns membros da oposição oferendo cargos, às vezes dinheiro e o uso da máquina pública. Em troca, passa-se a votar com o governo. Uma das primeiras votações é a eleição do presidente da câmara ungido pelo prefeito. Isso aqui na Terra. Em Marte, de onde o Sr. deve ser diferente.
14) A questão do projeto minha casa minha vida.
Segundo o prefeito, o projeto é "para atender prioritariamente à demanda dos buzianos que não têm condições de ter a casa própria em Búzios...As unidades serão preferencialmente (para) os servidores públicos e moradores de Búzios. Isso me sensibilizou. Imagina o filho do pescador que não tem condições de construir uma casa em Búzios, com acesso a financiamento subsidiado pelo governo".
O prefeito esquece de uma coisa. Para o financiamento, o comprador precisa provar renda e isso é uma das coisas mais dificeis na CEF da Terra. Em Búzios, muitos empresários não assinam carteira. Quem fala isso é a Justiça do Trabalho. E quando assina, coloca um valor menor do que o valor real. Basta verificar o grande número de bolsas para universitários que foram recusadas pela secretaria de educação por falta de comprovante de rendimento dos responsáveis. A mesma coisa ocorreu no Programa ProJovem. Outra coisa: mais de 50% dos trabalhadores buzianos ganham menos de 3 salários mínimos. Talvez na Caixa de Marte não exista este problema.
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