Plenário da Câmara. Foto: LuisMacedo/Agência Câmara |
A
Câmara aprovou nesta quarta-feira (14) o projeto que torna mais
draconianas as punições
para o crime de abuso de autoridade. Prevê punição para 30
condutas, inclusive prisão para juízes, procuradores e
investigadores. Já havia passado pelo Senado. Teve o apoio de
deputados de 18 partidos (O PSL de Jair Bolsonaro se juntou ao pedaço
bandalho do Legislativo —incluindo PT e centrão— para colocar em
pé uma lei que intimida
investigadores, procuradores e juízes). Vai
à sanção presidencial. Alega-se que o súbito interesse dos
deputados não teve nada demais. Mas em política nada às vezes é
uma palavra que ultrapassa tudo.
Em
cinco anos de existência, a Lava Jato investigou, condenou e prendeu
a nata da oligarquia político-empresarial do país. O
impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula deram ao ex-juiz
Sergio Moro e aos rapazes da força-tarefa de Curitiba uma sensação
de invulnerabilidade.
Ferida,
a aliança que saqueou os cofres públicos jogava com o
tempo. Culpados e cúmplices esperavam pelo dia em que a cruzada
anticorrupção caísse na rotina e a faxina virasse um assunto
chato. O vazamento das mensagens trocadas pela turma da Lava Jato no
escurinho do Telegram animou os encrencados ('Abuso de autoridade'
une os sujos e mal lavados. Sob investigação, Flávio
Bolsonaro se diz "perseguido" pelo Ministério
Público do Rio de Janeiro. Repete um lero-lero típico do PT e
de outros encrencados. Os interesses desses
pseudo-perseguidos se juntaram no escurinho do voto simbólico).
Nem
tudo o que está na proposta
sobre abuso de autoridade é ruim. De autoria do ex-senador
Roberto Requião, o texto
foi aprimorado no Senado, em 2017. O que espanta é o
desengavetamento súbito, num instante em que o sonho da grande pizza
é compartilhado por gente do Legislativo, do Judiciário e também
do Executivo. A essa altura, talvez nem as ruas consigam apagar o
forno.
Josias
de Souza
Fonte: "josiasdesouza"