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sábado, 17 de agosto de 2019

Lei de abuso de autoridade é troco da oligarquia

Plenário da Câmara. Foto: LuisMacedo/Agência Câmara


A Câmara aprovou nesta quarta-feira (14) o projeto que torna mais draconianas as punições para o crime de abuso de autoridade. Prevê punição para 30 condutas, inclusive prisão para juízes, procuradores e investigadores. Já havia passado pelo Senado. Teve o apoio de deputados de 18 partidos (O PSL de Jair Bolsonaro se juntou ao pedaço bandalho do Legislativo —incluindo PT e centrão— para colocar em pé uma lei que intimida investigadores, procuradores e juízes). Vai à sanção presidencial. Alega-se que o súbito interesse dos deputados não teve nada demais. Mas em política nada às vezes é uma palavra que ultrapassa tudo.

Em cinco anos de existência, a Lava Jato investigou, condenou e prendeu a nata da oligarquia político-empresarial do país. O impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula deram ao ex-juiz Sergio Moro e aos rapazes da força-tarefa de Curitiba uma sensação de invulnerabilidade.
Ferida, a aliança que saqueou os cofres públicos jogava com o tempo. Culpados e cúmplices esperavam pelo dia em que a cruzada anticorrupção caísse na rotina e a faxina virasse um assunto chato. O vazamento das mensagens trocadas pela turma da Lava Jato no escurinho do Telegram animou os encrencados ('Abuso de autoridade' une os sujos e mal lavados. Sob investigação, Flávio Bolsonaro se diz "perseguido" pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Repete um lero-lero típico do PT e de outros encrencados. Os interesses desses pseudo-perseguidos se juntaram no escurinho do voto simbólico).
Nem tudo o que está na proposta sobre abuso de autoridade é ruim. De autoria do ex-senador Roberto Requião, o texto foi aprimorado no Senado, em 2017. O que espanta é o desengavetamento súbito, num instante em que o sonho da grande pizza é compartilhado por gente do Legislativo, do Judiciário e também do Executivo. A essa altura, talvez nem as ruas consigam apagar o forno.

Josias de Souza