'Moema', de Victor Meirelles (Florianópolis, Brasil, 1832 – Rio de Janeiro, Brasil, 1903) (//Divulgação) |
HISTÓRIAS
DA SEXUALIDADE
"O
sexo é parte integral de nossa vida e, sem ele, sequer existiríamos.
Por isso, a sexualidade tem desde sempre ocupado lugar central no
imaginário coletivo e na produção artística. A
exposição Histórias
da Sexualidade traz
um recorte abrangente e diverso dessas produções. O objetivo é
estimular um debate — urgente na atualidade —, cruzando
temporalidades, geografias e meios. Episódios recentes ocorridos no
Brasil e no mundo trouxeram à tona questões relativas à
sexualidade e aos limites entre direitos individuais e liberdade de
expressão, por meio de embates públicos, protestos e violentas
manifestações nas mídias sociais. O MASP, um museu diverso,
inclusivo e plural, tem por missão estabelecer, de maneira crítica
e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e
territórios, a partir das artes visuais. Esse é o sentido
do programa de exposições, seminários, cursos, oficinas
e publicações em torno de muitas histórias — histórias
da infância, da sexualidade, da loucura, das mulheres, histórias
afro-atlânticas, feministas, entre tantas outras.
Concebida
em 2015, esta exposição é fruto de longo e intenso trabalho, e
foi antecedida por dois seminários internacionais realizados em
setembro de 2016 e em maio de 2017. A exposição se insere em uma
programação anual do MASP totalmente dedicada às histórias da
sexualidade, que em 2017 inclui mostras individuais de Teresinha
Soares, Wanda Pimentel, Miguel Rio Branco, Henri de Toulouse-Lautrec,
Tracey Moffatt, Pedro Correia de Araújo, Guerrilla Girls e Tunga.
São mais de 300 obras reunidas em nove núcleos temáticos e não
cronológicos — Corpos nus, Totemismos, Religiosidades,
Performatividades de gênero, Jogos sexuais, Mercados sexuais,
Linguagens e Voyeurismos, na galeria do primeiro andar, e Políticas
do corpo e Ativismos, na galeria do primeiro subsolo. A mostra inclui
também a sala de vídeo no terceiro subsolo, como parte do núcleo
Voyeurismos. Algumas obras de artistas centrais de nosso acervo —
como Edgard Degas, Maria Auxiliadora da Silva, Pablo Picasso, Paul
Gauguin, Suzanne Valadon e Victor Meirelles — são agora expostas
em novos contextos, encontrando outras possibilidades de compreensão
e leitura. Ao lado delas, uma seleção de trabalhos de diferentes
formatos, períodos e territórios compõem histórias
verdadeiramente múltiplas, que desafiam hierarquias e fronteiras
entre tipologias e categorias de objetos da história da arte mais
convencional — da arte pré-colombiana à arte moderna, da chamada
arte popular à arte contemporânea, da arte sacra à arte
conceitual, incluindo arte africana, asiática, europeia e das
Américas, em pinturas, desenhos, esculturas, fotografias,
fotocópias, vídeos, documentos, publicações, entre outros.
Nessas
histórias, não há verdades absolutas ou definitivas. As fronteiras
do que é moralmente aceitável deslocam-se de tempos em tempos.
Esculturas clássicas que são ícones da história da arte não
poucas vezes tiveram o sexo encoberto. Também os costumes variam
entre as culturas e civilizações. Em diversas nações europeias e
comunidades indígenas, é natural a nudez exposta em lugares
públicos; a poligamia é aceita em alguns países islâmicos; a
prostituição é prática legal em alguns estados e condenada em
outros; há países onde o aborto é livre mas há outros onde é
proibido. Até mesmo o conceito de criança mudou ao longo do tempo,
assim como as regras de especificação etária.
O
único dado absoluto, do qual não podemos abrir mão, é o respeito
ao outro, à diferença e à liberdade artística. Portanto, é
preciso reafirmar a necessidade e o espaço para o diálogo e que se
criem condições para que todos nós — cada um com suas crenças,
práticas, orientações políticas e sexualidades — possa conviver
de forma harmoniosa.
Histórias
da sexualidade tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico
do MASP, Lilia Schwarcz, curadora-adjunta de histórias do MASP,
Pablo León de la Barra, curador-adjunto de arte latino-americana do
MASP e Camila Bechelany, curadora assistente do MASP".
Fonte: "masp"
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