Ex-governadores do Rio que já foram presos. Falta o ex-governador Moreira Franco. Foto: tribunadosmunicipios |
De
1998 a 2018 todos os governadores do Rio foram presos
O
casal Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, ambos ex-governadores do
Rio de Janeiro, presos novamente na manhã de terça-feira (3) em uma
operação do Ministério Público estadual, são os primeiros de uma
lista que ocupou 20 anos de governo do Estado. No período de 1998 a
2018, todos os governadores eleitos que exerceram mandatos no Rio
foram ou estão presos.
A
única exceção foi Benedita da Silva, que foi eleita como
vice-governadora e assumiu o governo do Estado brevemente após a
renúncia de Anthony Garotinho para concorrer à Presidência da
República em abril de 2002. O governo tampão de Benedita durou nove
meses (6/4/2002-31/12/2002) e foi marcado por forte crise financeira
no estado do Rio de Janeiro, mas também pelo andamento de obras
paralisadas no governo de Anthony Garotinho como o emissário da
Barra da Tijuca, a despoluição da Baía de Guanabara e as obras da
estação Siqueira Campos, da linha 1 do metrô do Rio de Janeiro.
Pezão
Luiz
Fernando Pezão (MDB) foi o quarto governador (4/4/2014-2911/2018)
eleito do Rio de Janeiro a ser preso. O emedebista, no entanto, foi o
primeiro a ser detido durante o exercício do mandato.
Pezão
foi detido preventivamente pela Polícia Federal (PF) em novembro de
2018, dentro do Palácio das Laranjeiras, sede do governo do estado,
em desdobramento da Operação Lava Jato (Longa
vida à Operação Lava Jato). O
governador foi alvo de delação premiada de Carlos Miranda,
suspeito de ser operador financeiro de esquemas de seu antecessor,
Sérgio Cabral, de quem foi vice-governador. O delator acusou Pezão
de receber mesadas de 150.000 reais entre 2007 a 2014, na época em
que Pezão, então vice, era secretário de obras do governo
estadual. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os
valores somariam mais de 25 milhões de reais no período.
Sérgio
Cabral
O
ex-governador Sérgio Cabral (1/1/2007-3/4/2014) foi o político que
obteve a maior soma de penas de todos da lista. As sentenças
das sete condenações renderam ao ex-governador uma pena de 183 anos
e seis meses de reclusão. Eleito em 2006 e reeleito em 2010, Cabral
foi o eixo de uma investigação que levou à prisão de diversos
outros políticos e empresários.
Sérgio
Cabral foi preso em novembro de 2016, depois de ter renunciado ao
cargo do governo em 2014. Ele segue detido na penitenciária Bangu 8,
na zona oeste do Rio de Janeiro. Cabral ainda responde a 24 processos
na Justiça que se desdobraram da Operação Lava Jato (Longa
vida à Operação Lava Jato ). Embora nenhum
condenado possa ser mantido preso por mais de 30 anos, segundo o
Código Penal, o total da pena serve como base de cálculo para
eventuais benefícios, como progressão de regime e concessão de
liberdade condicional, por exemplo.
Cabral
foi preso sob a suspeita de desviar mais de 200 milhões de
reais em contratos públicos durante o seu período no
governo. A primeira condenação de Cabral foi emitida em junho de
2017, acusado de receber propina das empresas Andrade
Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Em
março deste ano, os anos de prisão de Cabral ultrapassaram cem
anos, com a decisão da Justiça de adicionar 13 anos e 4 meses por
lavagem de onze milhões de reais em joias. Em maio, o ex-governador
ainda foi condenado em segunda instância pela primeira vez. O TRF4
manteve a condenação de 14 anos e dois meses de prisão por ter
recebido uma propina de 2,7 milhões de reais da empresa Andrade
Gutierrez, que estaria ligada com a terraplanagem do
Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Suspeitos
de superfaturar programa de moradia popular, Garotinho e Rosinha são
soltos após menos de 24 horas
O
ex-governador Anthony Garotinho (1/1/1999-6/4/2002) foi
inclusive o primeiro da lista de políticos que já passou em uma
prisão, eleito em 1998. Logo em seguida vem Rosinha Garotinho
(1/1/2003-31/12/2006), eleita ao governo do Estado em 2002.
O
ex-governador Anthony Garotinho deixou, na manhã de quarta-feira
(4), o presídio de Benfica, Zona Norte do Rio, onde passou a noite
preso. Ele e a ex-governadora Rosinha Matheus conseguiram
um habeas corpus durante o plantão judiciário do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, na noite de terça-feira (3), mesmo dia
em que foram presos. Rosinha, que estava presa em Bangu, também foi
solta na quarta-feira (4).
O
habeas corpus foi concedido pelo desembargador Siro Darlan.
A defesa pedia a revogação da prisão preventiva. Os dois, agora,
vão responder ao processo em liberdade. Reveja o histórico de
prisões do casal.
2016
Garotinho
foi preso no dia 16 de novembro, num desdobramento
das investigações da Operação
Chequinho, que investigava a compra de votos durante
as eleições em Campos. Na ocasião, Garotinho passou mal na
superintendência da Polícia Federal (PF), foi encaminhado para o
Hospital Souza Aguiar e levado ao complexo de Gericinó, em
Bangu, aos berros, em uma ambulância.
2017
No
dia 13
de setembro, Anthony
Garotinho foi preso pela PF, na porta da Rádio Tupi, em São
Cristóvão, Zona Norte do Rio, onde apresentava seu programa diário
de rádio. A Justiça condenou Garotinho por compra de votos e
determinou que ele cumprisse prisão domiciliar. A condenação total
era de 9 anos, 11 meses e 10 dias em regime fechado.
No
mesmo ano, Rosinha e Garotinho foram presos no dia 22 de
novembro na Operação Caixa
d’Água, da PF. Eles foram acusados, ao lado de
outras seis pessoas, de integrarem uma organização criminosa que
arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo
de financiar as próprias campanhas eleitorais e a de aliados,
inclusive mediante extorsão.
Garotinho
foi liberado da prisão preventiva em dezembro, por decisão do
ministro Gilmar Mendes. Rosinha foi solta em novembro
por decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro
(TRE-RJ).
2019
Garotinho
e Rosinha foram presos em casa, no Flamengo, Zona Sul do Rio, e
levados para a Cidade da Polícia, na Zona Norte, aonde chegaram por
volta das 7h30. É a quarta vez que o
ex-governador é preso – e a segunda da esposa dele.
Uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de
Campos investigou os contratos da Prefeitura com a construtora e o
relatório final, divulgado
em março de 2018,
apresentou indícios das seguintes irregularidades: associação
criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação, fraude de
concorrência, corrupção passiva, caixa dois eleitoral e
improbidade administrativa.
A
CPI investigou por nove meses os contratos referentes ao programa de
habitação “Morar Feliz”, realizados nos anos de 2009 e
2013. Segundo a CPI, foram ouvidos cinco ex-secretários do
município durante as investigações.
Operação
Secretum Domus
Um
dos cinco presos na Operação
Secretum Domus, que
teve como principais alvos os ex-governadores Anthony Garotinho e
Rosinha Matheus (Patriota),
é subsecretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos
Humanos. Sérgio
dos Santos Barcelos foi
nomeado no dia 19 de agosto para o cargo.
A
assessoria do governo do estado informou que após a prisão o
governador Wilson Witzel (PSC) determinou a exoneração do
subsecretário. “O ato será publicado no Diário Oficial de
amanhã”, a assessoria disse, em nota.
Sérgio
chegou a ser secretário estadual de Governo na gestão de Rosinha.
Barcelos,
os ex-governadores e Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela
Trindade Quintanilha são acusados pelo Ministério Público estadual
(MPRJ) de terem superfaturado licitações
para obras de casas populares durante a gestão de Rosinha em Campos
dos Goytacazes (2009-2016). Eles teriam recebido R$ 25
milhões em propina da construtora Odebrecht.
Os
contratos irregulares foram para a construção de 5.100 casas do
programa Morar Feliz I e 4.574 do Morar Feliz II.
O valor da primeira licitação foi de R$ 357.497.893,43 (outubro de
2009) e o da segunda de R$ 476.519.379,31 (fevereiro de 2013).
O
MPRJ constatou superfaturamento de R$ 29.197.561,07 no Morar Feliz I
e R$ 33.368.648,18 no Morar Feliz II, totalizando R$
62.566.209,25.
Fonte:
"tribunadosmunicipios"