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domingo, 19 de junho de 2011

90% do Projeto Reserva do Peró são fantasias. Pode chegar a 100%















O Club Med Brasil deverá informar, até o final de julho, o nome da construtora com a qual deverá assinar contrato para a construção do resort que não mais terá o nome de Búzios, como aparece, até 2010, nos relatórios dos acionistas da empresa Club Med com sede em Paris. Também não será Peró, como informou a representante do CMB.



O percentual se refere aos seis hotéis que estão listados no relatório da FEEMA de 2007 (Club Med, Sheraton, Bora-Bora, Boutique 1, Boutique 2, Moorea) e às eliminações de dois loteamentos e de dois campos de polo. Cinco hotéis da lista jamais tiveram suas construções consideradas pelos respectivos grupos que os controlam e chama atenção o e-mail de William (Bill) Howell, diretor-presidente do Grupo Hotéis Boutique, advertindo que um certo John Sears estava fraudulosamente usando, no Brasil, o nome da empresa para auferir ganhos pessoais. Coincidentemente, em 2007, John Sears era vice-presidente de vendas do Grupo Boutique, que tem sede em Nova Iorque. Saiu, mas continua a se anunciar, no seu perfil na Internet, como “Partner at Boutique Hotel Advisors llc, Facilitator at Boutique Hotel Advisors llc” seja lá o que isso signifique. O fato é que seguindo os links desse John Sears chega-se ao anúncio da venda de um hotel Boutique em Búzios, que não se sabe se pertence ou não à rede Boutique Hotels Group. Bill Howell se recusa a comentar o caso.



O projeto não foi um tipo de SCC (Se Colar Colou), como apresentado em artigo deste colunista e publicado nesta revista, “Projeto da Reserva do Peró: um caso de SCC?”. Foi e é um “esquema”, uma “mutreta”, do qual resultou uma extraordinária valorização da terra em Búzios e em Cabo Frio.



Considerando os três projetos anunciados, Reserva do Peró (R$150 milhões/ano), Marina Porto Búzios (R$150 milhões/ano) e Marina Cabo Frio (R$120 milhões/ano) chega-se a um total que é duas vezes mais do que Cabo e Frio e Búzios recebem, por ano, em royalties do petróleo. É muita areia para beneficiar menos de 5% de suas populações.



De qualquer forma é um exercício frustrante tentar entender o raciocínio do“projetador” que propôs os dois campos de polo. Ocupariam uma área equivalente a 16 campos de futebol e fica-se a imaginar se numa tentativa de reincorpora-los ao projeto, proporia construí-los sobre palafitas. Tudo é possível nesse mundo de fantasia que se vive em Cabo Frio e Búzios.



Ernesto Lindgren



Ver: "Iniciativa Popular Búzios"