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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Na sua última entrevista Obama diz que poderia ter derrotado Trump

Axelrod e Obama, foto CNN

Argumentando que os americanos ainda apoiam a sua visão de “mudança progressista”, o presidente Barack Obama afirmou, em entrevista recente, que poderia ter tido sucesso na eleição deste ano, se pudesse disputá-la.
Se tivesse concorrido de novo poderia ter mobilizado a maioria do povo americano para segui-lo", disse Obama ao seu antigo conselheiro David Axelrod em uma entrevista para o "The Axe Files" podcast, produzido pela Universidade de Chicago Instituto de Política e CNN.
"Sei que em conversas que tive com pessoas de todo o país, mesmo algumas pessoas que discordam de mim, diriam que minha visão, a direção que apontei é a correta", disse Obama na entrevista, exibida na segunda-feira.

"Com a eleição e o triunfo de Trump, muitas pesssoas sugeriram que a sua política de esperança-e-mudança, anunciada em 2008, era uma fantasia." Mesmo reconhecendo que houve uma mudança cultural recente, Obama acredita que maioria do povo americano defende uma “América tolerante, diversa, aberta e cheia de energia e dinamismo".

Na sessão de 50 minutos, Obama repetiu que os democratas haviam ignorado segmentos inteiros da população votante, levando à vitória de Donald Trump. A campanha de Hillary Clinton não tinha se dirigido de forma enfática aos americanos que não sentiram os benefícios da recuperação econômica.
"Se você acha que está ganhando, então tem uma tendência, assim como nos esportes, de subestimar seu adversário", disse ele, acrescentando mais tarde que Clinton "se apresentou maravilhosamente em circunstâncias realmente difíceis" e que foi maltratada pela mídia.
A entrevista de podcast foi a mais recente análise pós-eleitoral de Obama, que se concentrou no fracasso dos democratas em convencer os eleitores não-urbanos e uma mídia preocupada com histórias negativas sobre Clinton. Obama disse que seu partido neste ano não fez uma conexão emocional com os eleitores em comunidades atingidas, confiando, em vez disso, em pontos de política que, segundo ele, não causaram impacto suficiente.

"Nós não estamos lá no terreno comunicando não só os aspectos da política, que nós nos preocupamos com essas comunidades, que estamos nos esforçando por essas comunidades", disse ele. "Significa cuidar das eleições locais, das juntas estaduais ou das juntas escolares e dos conselhos municipais e das eleições legislativas estaduais e não pensar que de alguma forma, apenas um grande conjunto de políticas progressistas que apresentamos ao conselho editorial do New York Times vencerá".
Obama citou um modelo para o futuro sucesso democrata: o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, que ele disse ter executado uma estratégia efetiva.

"O insight de Mitch McConnell, apenas de uma perspectiva puramente tática, era bastante esperto e bem executado, o grau de disciplina que ele conseguiu impor ao seu caucus foi impressionante."
Obama disse que parte de sua estratégia pós-presidencial seria o desenvolvimento de jovens líderes democratas - incluindo organizadores, jornalistas e políticos - que poderiam galvanizar os eleitores por trás de uma agenda progressista. Ele não hesitará em participar de importantes debates políticos depois que deixar o cargo, disse a Axelrod.
Depois de um período de introspecção, depois que sair da Casa Branca, Obama disse que sentiria uma responsabilidade como cidadão para expressar suas opiniões sobre questões importantes que dominarão o país durante a administração de Trump, embora não necessariamente das atividades do dia-a-dia.

"Em um certo ponto, você abre espaço para novas vozes e novas pernas", disse Obama.
"Isso não significa que, se um ano, ou um ano e meio, ou dois anos a partir de agora, houver uma questão em tal momento, de tal importância, que não seja apenas um debate sobre um projeto de lei fiscal em particular, ou uma política específica, mas uma questão fundamental sobre a nossa democracia, eu não deixaria de participar". Obama continuou. "Você sabe, eu ainda sou um cidadão e que carrega com ele deveres e obrigações."
Os primeiros atos de Obama fora do escritório, no entanto, serão de baixo impacto. Ele disse que vai se concentrar em escrever um livro sobre o seu tempo no cargo. Obama e sua família planejam morar em Washington enquanto sua filha mais nova termina o ensino médio.

"Eu tenho que ficar quieto por um tempo, e eu não quero dizer politicamente, quero dizer internamente." "Você tem que voltar a sintonizar com o seu centro e processar o que aconteceu antes de tomar um monte de decisões."
Como concluiu seu mandato, Obama está lembrando de algumas emoções que viveu no seu tempo na Casa Branca. Em uma reunião com assessores seniores recentemente meditou sobre o fim da era de Obama. "Parece que a banda está se separando"
Por Kevin Liptak

Fonte: "cnn"

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Propina made in Brasil for export

A casa caiu no Brasil e ainda vai cair nos 12 países envolvidos.

A Odebrecht admitiu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter pago propina a funcionários do governo, a representantes desses funcionários e a partidos políticos de 12 países entre 2001 e 2016; a Braskem, subsidiária da empreiteira, também reconheceu o pagamento de US$ 250 milhões em subornos de 2006 a 2014. 

As informações constam do acordo de leniência assinado pelas duas empresas com a Suíça e os Estados Unidos, em decorrência da Operação Lava-Jato, no “maior caso de suborno internacional na história”. Mais de 100 projetos, em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, estão sendo investigados. Era uma espécie de “internacional da propina”.

O acordo foi divulgado ontem pelo Departamento de Justiça norte-americano, enquanto no Brasil ainda corria em segredo. A Odebrecht pagou aproximadamente US$ 788 milhões em suborno a funcionários do governo, lobistas e partidos político com o objetivo de vencer negócios nesses países, diz o departamento. Somente no Brasil, a Odebrecht admite o pagamento de cerca de US$ 349 milhões (R$ 1,16 bilhão) em propinas, entre os anos de 2003 e 2016. Ainda de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Braskem, que também firmou acordo de leniência com os EUA e com a Suíça, admitiu ter pago US$ 250 milhões em propina entre 2006 e 2014 no Brasil.
Segundo o Departamento de Estado, em troca, a Braskem recebeu tarifas preferenciais da Petrobras pela compra de matérias-primas utilizadas pela empresa; contratos com a Petrobras; e legislação favorável e programas governamentais que reduziram os passivos tributários da empresa no Brasil. Em nota, as autoridades brasileiras confirmaram que a força-tarefa da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, em conjunto com o grupo de trabalho da Lava-Jato que atua junto ao Procurador-Geral da República, em 1º de dezembro passado, também firmou acordo de leniência com a Odebrecht S.A., holding do grupo Odebrecht, que se responsabilizou por atos ilícitos praticados em benefício das empresas pertencentes a esse grupo econômico. Com a mesma finalidade, o MPF firmou acordo de leniência autônomo também com a Braskem S.A. no dia 14 passado. Em consequência, todos os executivos das empresas que estavam presos foram libertados, com exceção de seu ex-presidente Marcelo Odebrecht.
Os acordos foram homologados pela Câmara de Combate à Corrupção do MPF, mas ainda serão submetidos aos juízos competentes, entre eles o da 13ª Vara Federal de Curitiba. “Nos dois acordos, as empresas revelaram e se comprometeram a revelar fatos ilícitos apurados em investigação interna, praticados na Petrobras e em outras esferas de poder, envolvendo agentes políticos de governos federal, estaduais, municipais e estrangeiros. Tais ilícitos, no âmbito do grupo Odebrecht, eram realizados com o apoio do setor de operações estruturadas, que teve suas atividades denunciadas pela Operação Lava-Jato”, destaca o MPF.



O outro lado da moeda é o compromisso de as empresas fornecerem informações e documentos relacionados às práticas ilícitas, ou seja, entregarem os políticos e agentes públicos envolvidos no esquema, nos diversos países. “A cooperação das empresas com as investigações em curso foi essencial para revelar os ilícitos praticados por empresas, agentes públicos e políticos no âmbito interno e internacional.” É aí que casa caiu no Brasil e ainda vai cair nos países envolvidos, pelo menos naqueles que ainda têm imprensa livre e eleições democráticas.

Paradigma

A Braskem se comprometeu a pagar R$ 3,1 bilhões na assinatura do acordo, dos quais R$ 2,3 bilhões ao Brasil, para fins de ressarcimento das vítimas. Já a Odebrecht se obrigou a pagar o equivalente a R$ 3,8 bilhões, dos quais aproximadamente R$ 3 bilhões também serão destinados ao Brasil, para ressarcir vítimas. Com a atualização dos valores, a Odebrecht pagará, por exemplo, R$ 8,5 bilhões, o que corresponde a aproximadamente US$ 2,5 bilhões. Segundo o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, “embora seu principal objetivo seja apurar condutas ilícitas e expandir as investigações, a leniência permite também às empresas signatárias, que agora passam a atuar ao lado da lei, sanear os seus passivos e retomar a capacidade de investir, contribuindo para a preservação dos empregos e a retomada da atividade econômica”.
Há duas dimensões a se considerar nessa afirmação do procurador: primeiro, é o desmantelamento da rede de financiamento dos partidos políticos envolvidos no esquema; segundo, a refundação da Odebrecht e da Brasken, que se comprometem a adotar as boas práticas de governança corporativa, o que pode representar uma mudança de paradigma na relação entre os governos e as empreiteiras do país.
Fonte: "azedo"