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sábado, 19 de julho de 2014

Por que Cabo Frio é a segunda cidade mais violenta do Estado do Rio?

Vista aérea de Cabo Frio, foto site overmundo

As "políticas públicas"- se é que elas existem- de combate ao crime violento em nossa Região dos Lagos já provaram que não resolvem nada. Estamos há muito tempo enxugando gelo. De nada adianta clamar por "mais policiais", "mais viaturas", "mais presídios" e leis "mais severas" ("Quanto mais igualdade, menos crimes violentos", Luiz Flávio Gomes). A política de segurança dos países europeus mais igualitários (Suécia, Noruega, Holanda, Finlândia, Dinamarca, etc) nos aponta um caminho para obter êxito no combate à criminalidade. A realidade desses países nos mostra que se obtém segurança pública quando  ao ser humano é oferecido um ensino de qualidade que lhe permita conseguir no mercado de trabalho  um emprego estável com salário digno. É óbvio que quanto mais igualitária e rica for a sociedade, menos delitos violentos ocorrerão. A desigualdade de renda dificulta a coesão social, gerando entre os mais pobres um sentimento de não pertencimento à sociedade.

A taxa de homicídios por 100 mil na Noruega em 2012 foi de 0,6. Em Cabo Frio, de 63,0. O índice GINI, que mede a igualdade social, na Noruega foi de 0,25 e, em Cabo Frio, de 0,54. Quanto mais próximo de zero for o índice mais igualitário é o país. Temos uma sociedade muito desigual em Cabo Frio, onde 10% da população (18.622 pessoas) detém 43,78% da renda total do município.

Vejam os dados abaixo extraídos Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 do PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Como pretender combater a criminalidade sem alterar esta triste e vergonhosa realidade socioeconômica e educacional? Os dados são de 2010, mas, com certeza, posso afirmar que nestes últimos quatro anos muito pouca coisa foi feita para mudar este quadro.  

Cabo Frio, RJ

Educação           
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo = 60,62. 
% de 5 a 6 anos na escola = 94,81. 
% de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental ou com fundamental completo = 79,87
% de 15 a 17 anos com fundamental completo  = 51,32
% de 18 a 20 anos com médio completo = 37,39

Renda per capita = R$ 815,75. 

Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos) = 15,4
Mortalidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos) = 17,3

Educação
Crianças e Jovens
A proporção de crianças e jovens frequentando ou tendo completado determinados ciclos indica a situação da educação entre a população em idade escolar do município e compõe o IDHM Educação.

Em 2010, 48,34% dos alunos entre 6 e 14 anos de Cabo Frio estavam cursando o ensino fundamental regular na série correta para a idade.

Entre os jovens de 15 a 17 anos, 25,48% estavam cursando o ensino médio regular sem atraso. 
Entre os alunos de 18 a 24 anos, 11,22% estavam cursando o ensino superior em 2010. 

Nota-se que, em 2010 , 3,11% das crianças de 6 a 14 anos não frequentavam a escola, percentual que, entre os jovens de 15 a 17 anos atingia 13,71%.

Frequência escolar de 6 a 14 anos - Cabo Frio - RJ – 2010
Não frequenta (3,11%)
Fundamental sem atraso(48,34%)
Fundamental com um ano de atraso (25,50%)
Fundamental com dois anos de atraso (19,57%)
No ensino médio (1,37%)
Outros (2,11%)

Frequência escolar de 15 a 17 anos - Cabo Frio - RJ – 2010
Não frequenta (13,71%)
No ensino médio sem atraso (25,48%)
No ensino médio com um ano de atraso (10,53%)
No ensino médio com dois anos de atraso (3,53%)
Frequentando o fundamental(33,45%)
Frequentando o curso superior (1,18%)
Outros (12,12%)

Frequência escolar de 18 a 24 anos - Cabo Frio - RJ – 2010
Não frequenta (70,09%)
Frequentando o curso superior (11,22%)
Frequentando o fundamental(3,87%)
Frequentando o ensino médio (8,07%)
Outros (6,75%)

População Adulta
A escolaridade da população adulta é importante indicador de acesso a conhecimento e também compõe o IDHM Educação.
Em 2010, 60,62% da população de 18 anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 40,57% o ensino médio. Na noruega, 99,0% tinham completado o ensino fundamental, e 100,0% o ensino médio. 

Escolarização da população com 25 anos ou mais:
Com fundamental completo= 18,10%. 
Médio completo= 27,71% . 
Superior completo= 12,08%. 
Analfabetos= 6,05%. 
Outros= 36,06%

Anos Esperados de Estudo
Os anos esperados de estudo indicam o número de anos que a criança que inicia a vida escolar no ano de referência tende a completar. Em 2010, Cabo Frio tinha 8,61 anos esperados de estudo. 

Renda
A renda per capita média de Cabo Frio=  R$815,75.
A extrema pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em reais de agosto de 2010) = 2,35%
o Índice de Gini = 0,54

Renda, Pobreza e Desigualdade - Cabo Frio - RJ
Renda per capita = 815,75
% de extremamente pobres = 2,35
% de pobres = 8,73
Índice de Gini = 0,54. .

Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da População - Cabo Frio - RJ 
20% mais pobres = 3,52
40% mais pobres = 10,81
60% mais pobres = 22,33
80% mais pobres = 40,86
20% mais ricos = 59,14

Trabalho
Ocupação da população de 18 anos ou mais - Cabo Frio - RJ
Taxa de atividade - 18 anos ou mais= 68,74
Taxa de desocupação - 18 anos ou mais =8,94
Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais = 57,38

Nível educacional dos ocupados                             
% dos ocupados com fundamental completo - 18 anos ou mais = 64,22
% dos ocupados com médio completo - 18 anos ou mais = 44,79

Rendimento médio                      
% dos ocupados com rendimento de até 1 s.m. - 18 anos ou mais = 13,66
% dos ocupados com rendimento de até 2 s.m. - 18 anos ou mais = 69,60

Habitação
Indicadores de Habitação - Cabo Frio - RJ
% da população em domicílios com água encanada = 90,22
% da população em domicílios com energia elétrica = 99,86
% da população em domicílios com coleta de lixo  = 99,13


Vulnerabilidade Social - Cabo Frio - RJ
Crianças e Jovens           
Mortalidade infantil = 15,41
% de crianças de 4 a 5 anos fora da escola = 12,59
% de crianças de 6 a 14 anos fora da escola = 3,11
% de pessoas de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham e são vulneráveis à pobreza = 9,02
% de mulheres de 10 a 14 anos que tiveram filhos = 0,20
% de mulheres de 15 a 17 anos que tiveram filhos = 7,15
Taxa de atividade - 10 a 14 anos = 4,96.

Família                                
% de mães chefes de família sem fundamental completo e com filhos menores de 15 anos = 19,28
% de pessoas em domicílios vulneráveis à pobreza e dependentes de idosos = 1,32
% de crianças extremamente pobres = 4,26

Trabalho e Renda                                          
% de vulneráveis à pobreza = 25,76
% de pessoas de 18 anos ou mais sem fundamental completo e em ocupação informal= 29,63

Condição de Moradia                                  
% de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados = 4,98

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Andando pra trás na Região dos Lagos



Em 2000,  Armação dos Búzios ocupava o 771º lugar entre os 5.565 municípios brasileiros avaliados em estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e publicado no  Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2003). Dez anos depois, caímos para o 1081º lugar.

Como já cansamos de afirmar aqui no Blog, antecipando o que o estudo comprova, os governos Mirinho (2001-2004), Toninho (2005-2008) e Mirinho (2009-2012) foram um desastre para a população de Búzios. Uma década perdida:  em vez de evoluirmos em termos humanos, regredimos, não só em termos absolutos mas também em relação aos outros municípios brasileiros. 

Vale a pena repetir que "Fica a lição: se o povo de Búzios quiser desenvolvimento humano, nunca mais deve eleger os Mirinhos e Toninhos da vida, ou qualquer governo assemelhado. Deve também nunca mais eleger os vereadores que deram sustentação politica a esses governos do atraso. Quem diz isso não sou eu, mas a ONU".

Três outros municípios da Região dos Lagos também regrediram: Cabo Frio, Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia. O tombo maior foi do município de São Pedro da Aldeia: caiu do 1.067º lugar em 2000 para 1546º em 2010. Os prefeitos Paulo Lobo (2001-2008) e Carlindo (2009-2012) são os grandes responsáveis pelo desastre.

Arraial do Cabo pulou do 793º para o 940º lugar durante as gestões de Henrique Mellman (2001-2008) e Andinho (2009-2012), ambas causadoras do retrocesso municipal.  

Cabo Frio regrediu menos: passou do 745º para 897º. Aos prefeitos Alair Correa (2001-2004) e seu sucessor, Marquinhos Mendes (2005-2012), podem ser imputadas as responsabilidades pelo resultado. Gestores públicos muito semelhantes, apesar da ruptura política.  

Como nem tudo é retrocesso, alguns municípios da Região melhoraram suas posições no ranking. Araruama avançou de 1693º para 1362º em uma década. Méritos para os prefeitos Chiquinho da Educação (2001-2008) e André Mônica (2009-2012). Iguaba Grande galgou quase 300 posições no ranking nacional, pulando do 645º para o 350º lugar. Os prefeitos Rodolfo Pedrosa (2001-2004), Hugo Canelas (2005-2008) e Oscar Magalhães (2009-2012) são os responsáveis pela conquista. Parabéns.  

Finalmente, Rio das Ostras, que apesar de não pertencer à Região dos Lagos, é nosso vizinho, e pode muito bem servir de exemplo de gestão. O município deu um salto fenomenal em termos de desenvolvimento humano na última década: de 1.188º para 197º lugar no ranking nacional. Parabéns para os prefeitos Sabino (2001-2004) e Carlos Augusto (2005-2012). Não custa nada aprender com eles. O desenvolvimento humano agradece.