sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A questão da saúde em Búzios

Na sessão de terça-feira, dia 24, o presidente da câmara de vereadores, Messias, usou a tribuna livre para falar da questão da saúde em Búzios. Desde a mudança da secretária, a saúde vem sendo muito discutida no legislativo. Lembrando do PT velho de guerra- ao qual pertenceu nos anos 90-, Messias  defendeu que é preciso se fazer uma inversão de prioridades. O foco da questão não deve ser colocado nas consequências, mas nas causas. Só assim- analisando as causas- se poderá apontar soluções para os problemas que afligem a saúde em Búzios.

Messias começou sua análise afirmando que a incidência de acidentes de trânsito em nossa cidade é muito grande. Isso se deve a uma série de fatores tais como inadequação de nossas vias, falta de calçadas, sinalização deficiente e má educação no trânsito dos motoristas. Além disso, a população tem o hábito de ir ao hospital mesmo que seu caso não seja uma emergência, sobrecarregando assim o atendimento.

Portanto, para melhorar a saúde precisamos de planejamento e ações preventivas. Nesse sentido, os módulos médicos de família precisam ser reestruturados, a policlínica desafogada e informatizar de vez a saúde em Búzios com a criação do cartão saúde para acabar com a fila para marcação de consulta. Afinal, segundo o vereador-presidente, estamos no século XXI e dispomos de ferramentas -a informatização- para fazer algo diferente para o bem de nossa sociedade. 

É incrivel como em Búzios as pessoas repetem afirmações dos outros sem a mínima preocupação de fazer uma checagem. Repetem-se chavões e mais chavões que viram verdades eternas como, por exemplo, a afirmação de que a maioria da população de Búzios é evangélica. Não é não. A maioria ainda é católica. Talvez neste censo de 2010 o catolicismo possa vir a perder o posto. Voltando ao nosso tema. Quem disse que a nossa cidade tem um alto número de acidentes de trânsito? Os pardais foram colocados na Avenida J.B.R.Dantas sem estudo técnico nenhum, simplesmente para aumentar a arrecadação. Basta parar de preguiça e fazer uma pesquisa no site do DATASUS (http://siops.datasus.gov.br/indicamun.php?escmun=3). Vejamos o que ele nos diz.

Em 2004, tivemos 17 mortes por acidentes de trânsito. Em 2005, 9. Em 2006, 2007 e 2008 o número de óbitos permaneceu constante, igual a 11. A criação do canteiro central não influiu em nada na ocorrência de acidentes fatais. 

É óbvio que a prevenção é a melhor politica quando se fala de saúde. Mas é outra falácia dizer que os módulos médicos de saúde foram desestruturados no governo anterior. O DATASUS tem dados estatísticos que provam que eles funcionavam muito melhor no governo Toninho do que nos governos anteriores de Mirinho. A informatização da saúde ninguém discute. Mas, presidente, é um absurdo em pleno século XXI a câmara não ter um site funcionando. Não digo nem um site interativo. Só funcionando, pelo menos. 

O grande problema da saúde em Búzios, vereador presidente, é o grande problema do governo e da administração da câmara também. O problema chama-se MÁ GESTÃO. O DATASUS nos mostra que a participação da despesa com pessoal da saúde na despesa total com saúde foi de 70,07% no ano de  2009. No ano anterior (governo anterior), foi de 48,96%. Isso significa que se entupiu o hospital, policlínica, módulos médicos de família, com aquela praga conhecida como clientela política. Na sua gestão na câmara ocorreu o mesmo. Aí tem tanta gente que se todas estiverem na câmara ao mesmo tempo vai faltar lugar para elas. Outro sintoma de má gestão na saúde é a praga dos serviços terceirizados, como de resto em todo o governo. Em 2009, a participação da despesa com serviço de terceiros pessoa jurídica na despesa total com saúde foi de 21,43%. Nesse mesmo ano, Rio das Ostras gastou 16,37% e Cabo Frio, 7,73%. Para finalizar, a última praga da saúde, que também é do governo, é a falta de investimento. Gasta-se tanto com funcionários e serviços terceirizados que não sobra nada para investimento. A participação da despesa com investimento na despesa total com saúde foi de 0,19% em 2009. Como ter saúde decente assim?
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