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quarta-feira, 13 de abril de 2016

SUBSecretário de Cultura de Búzios discrimina movimento negro

Pau que nasce torto não tem conserto. Morre torto mesmo. Depois de conseguir que a Câmara de Vereadores de Búzios aprovasse, com atuação decisiva do seu “companheiro” vereador Zé Márcio, através de Lei, a constituição de um Conselho de Política Cultural anti-democrático e chapa branca, em desacordo com a legislação estadual e federal, o SUB da Cultura de Búzios Sr. Mário Paz impede que o movimento negro de Búzios passe a ocupar uma cadeira no Conselho de Política Cultural de Búzios, apesar do segmento ter recebido a maioria dos votos em recente eleição promovida pela Secretaria de Cultura para a escolha dos representantes da sociedade civil do órgão.

A manobra do SUB da Cultura Buziana consistiu em considerar a eleição por cabeça (individual) e não por segmento cultural, apesar do Edital estabelecer em seu artigo 6.1 que os seis representantes da Sociedade Civil seriam “eleitos por critério majoritário em seus segmentos de atuação”. A coisa foi tão escandalosa que até mesmo um subalterno seu, de nome Fábio, o alertou publicamente que o Edital estabelecia a escolha por segmento. Mesmo assim o SUB, em sua prepotência bem característica dos hermanos, como se fosse o dono da Cultura de Búzios, prosseguiu em sua sanha discriminatória. Racismo? Não se sabe. Mas, objetivamente, aconteceu o inimaginável em Búzios: o importantíssimo Movimento Negro buziano ficou de fora do Conselho de Política Cultural!!! Só podia dar nisso, quando um Prefeito irresponsável entrega a Cultura Buziana a um estrangeiro que não entende nada da Cultura Afro-Brasileira-Buziana.

Mais inimaginável ainda porque o Movimento Negro buziano obteve a maior votação, como se pode ver abaixo:

VOTAÇÃO POR SEGMENTO:

1º) Cultura Afro Brasileira – 37 votos
2º) Artes Plásticas – 32 votos
3º) Dança – 30 votos
4º) Cultura Popular – 29 votos
5º) Patrimônio Imaterial – 26 votos
6º) Circo – 26 votos
7º) Artesanato – 22 votos
8º) Teatro – 17 votos
9º) Audivisual – 9 votos

Segmentos com cadeira no Conselho de Cultura:
5º) Patrimônio Imaterial – 26 votos
6º) Circo – 26 votos
7º) Artesanato – 22 votos
3º) Dança – 30 votos
2º) Artes Plásticas – 32 votos
4º) Cultura Popular – 29 votos

VOTAÇÃO INDIVIDUAL:

Conselheiros Titulares:
1º) Chita (Patrimônio imaterial) – 26 votos
2º) Pap (Circo) – 26 votos
3º) Luciana Passos (Artesanato) – 22 votos
4º) Maria Odília Cuiabano (Dança) – 21 votos
5º) Flory Côrtes (Artes Plásticas) – 20 votos
6º) Rafael Jorge (Cultura Popular) – 18 votos

A escolha do critério por cabeça (individual) contrariando o Edital, deliberadamente para impedir a participação do movimento negro, leva a outros absurdos. Se não bastasse a segregação racial, ainda se estrutura um Conselho onde o Suplente não é do mesmo segmento que o Titular. O Suplente do titular Pap, do segmento Circo, é Luciana Fajardo, do segmento Artes Plásticas. Poder-se-ia até mesmo termos um Conselho onde as seis vagas fossem ocupadas por 6 representantes de um único segmento. Bastaria que cada um dos 6 candidatos de um mesmo segmento recebesse a maior parte dos votos.

Mas o SUBSecretário de Cultura de Búzios não está preocupado com nada disso. Ele está de olho mesmo é no dinheiro do Fundo Municipal de Cultura. Para poder usá-lo tem que fazer essas coisas trabalhosas e chatas que é criar Conselho e elaborar um Plano de Cultura.


Observação: eu, particularmente, sou contra que entidades que recebam verbas públicas participem de Conselhos. Neste, em pauta, o Circo, que recebe quase R$ 500.000,00 anuais por contrato de prestação de serviços, tem uma cadeira de titular no Conselho. Como garantir sua independência como representante da sociedade civil?

Comentários no Google+: 








Tony Pap

3 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
Olá eu sou o Pap ! Não acredito que meu trabalho de 13 anos atendendo pelo menos 300 famílias diretamente esteja sendo interpretado desse jeito, não vim aqui para brigar vim fazer a diferença ! Peço que quem tenha escrito esse texto pelo menos vá conhecer de perto o nosso trabalho em pro da cultura social do município . a verba que dispomos serve para dar dignidade e qualidade a nossa equipe e aos 300 alunos da oficina CircoLo Social ! Bem vou me calar agora ! Não vou negar que o que me levou a escrever esse desabafo foi uma imensa decepção ! Olha já estamos fazendo a diferença na vida de muitas famílias o que queríamos era dividir a nossa experiência com todos, mas se é para focar no meio de um fogo cruzado de pessoas que falam mais do que fazem. Vamos fazer melhor as aulas acontecem sempre :
Seg,qua e sextas
Horários : 9:00 às 11:00 / 14:00 as 16:00 e 16:30 as 18:30 . Se algem quer saber Rondônia feitos é só aparecer !

Pap
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Denise Morand

11 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
Verdade! Entidades que recebem verbas públicas não podem participar de Conselhos! Existe aí um conflito de interesses!
 
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Bárbara Guimarães

1 hora atrás  -  Compartilhada publicamente
Quanto ao circo, nome disso é dor de cotovelo, Pap, liga não. O circo é hoje a maior iniciativa cultural da cidade, e voltada para a comunidade, não para os turistas, o que faz muita diferença. Eu vi a apresentação no final do ano, era visível o como o trabalho de vocês eleva a autoestima das crianças, trabalha mente e corpo de uma forma sadia. É óbvio que Circo tem de ter uma cadeira no conselho. A única questão é verificar com um advogado o que a legislação diz para esse caso específico, se poderia ser o próprio Pap ou alguém não-remunerado, como um aluno mais avançado, por exemplo.
 







Bárbara Guimarães

4 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
Eu comecei concordando, porque essa eleição foi uma sequência de erros, desde a concepção dos moldes do conselho, do edital... e depois na votação, decisões... pelo menos uma dezena de coisas contestáveis. Tem de anular e começar tudo de novo, com seriedade, ouvindo quem tem de ser ouvido, quem entende e trabalha com cultura, e não impondo um modelo completamente ultrapassado, cheio de falhas e movido por interesses políticos-econômicos.
Mas aí topo com um "Mesmo assim o SUB, em sua prepotência bem característica dos hermanos,  (...) prosseguiu em sua sanha discriminatória. Racismo? (...) Só podia dar nisso, quando um Prefeito irresponsável entrega a Cultura Buziana a um estrangeiro que não entende nada da Cultura Afro-Brasileira-Buziana."
Isso sim é de um nível de preconceito que poderia até te render um processo. É xenofobia. Se houve preconceito por parte dele ou não, não sei, talvez seja algum outro interesse em jogo, mas do seu lado sim, houve preconceito explícito. E todo preconceito é burro.

Meu comentário:

Resposta ao Pap:


Tony Pap, em nenhum momento falei da qualidade do trabalho do Circo. Unicamente falei da questão da participação no Conselho. Não acho ético que uma entidade que dependa de dinheiro público participe do Conselho como representante da sociedade civil. Pode ser legal, mas, pra mim, é imoral. Esta relação de dependência de verba pública impede que se vote de modo independente. Seria como pedir ao empregado que vote contra o patrão.

Como sou radicalmente favorável à total publicidade do que é feito com o nosso dinheiro público, aproveito o ensejo para pedir que o Senhor revele quanto cada membro da direção do Circo recebe para, segundo suas palavras,  "dar dignidade e qualidade a nossa equipe". Que tal fazer uma prestação de contas pública em um órgão da imprensa buziana- pode ser aqui no blog- das despesas com o Circo. Afinal o verdadeiro dono do dinheiro que vocês recebem da Prefeitura é o povo buiziano. Por que não deixá-lo saber se é justo o que se gasta com o trabalho de vocês (para dar dignidade e qualidade à vossa equipe")?  

Réplica do Pap: 
Responder
 
Luiz, agora entendi sua colocação todo ano no mês de Novembro nós fazemos uma prestação de contas na câmara , lá falamos sobre o processo que passou e a proposta que é discutida amplamente por todos os vereadores para o próximo ano.Tb somos militantes pela cultura do município, nós assim com o quilombo da Rasa desde 2014 fomos comtemplados como o Ponto de Cultura com o projeto : Ação Cultural Búzios . Caso querida conhecer mais do nosso trabalho nos visite ! Nossas sempre estaram abertas ! Realmente nossa intenção somar não dividir !
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P.s : acho que realmente deve ser revisto as questões sobre a eleição . 

Resposta à Bárbara:

Para a primeira parte do comentário da Bárbara vale o que respondi para o Pap. E acrescento: não existe legislação alguma que impeça o Circo participar de Conselho Municipal. O problema é unicamente moral. Por sinal, o Circo participa, pelo menos, de outro Conselho, o da Criança e do Adolescente.

Quanto à xenofobia sou obrigado a dar razão à Barbara. Generalizei, como se a prepotência fosse uma característica comum a todos os argentinos, quando queria dizer que ela é "característica de alguns argentinos que por aqui aportaram". Por sinal, também muito presente no caráter da maioria (não generalizando de novo) dos membros da elite politica e econômica buziana. Costumo dizer que em nosso município, diferentemente dos outros da Região dos Lagos, nossa elite tem ego de elefante. Arrogância e prepotência pra dar e vender!!!  

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Para movimento negro, campanha #somostodosmacacos reproduz racismo

A campanha lançada pelo jogador Neymar Jr. gerou polêmica. De um lado, artistas, jornalistas e até a presidenta Dilma Rousseff manifestaram apoio à ideia de que “temos todos a mesma origem, e nada nos difere”, conforme escreveu a presidenta, pelo Twitter. De outro, integrantes do movimento negro usaram as mesmas redes sociais para criticar a campanha #somostodosmacacos.

O professor de história e integrante da UNEafro Brasil Douglas Belchior avalia que a postura do jogador Daniel Alves, que comeu uma banana jogada contra ele, em partida realizada no último domingo (27), foi “interessante, provocativa”, mas ele critica a campanha deflagrada em seguida. De acordo com Belchior, a associação de negros a macacos é uma forma de reprodução do racismo. Em seu blog, ele divulgou texto que explica as origens dessa compreensão: a tese evolucionista de que os seres humanos possuiriam diferenças provocadas pela seleção natural, e de que africanos e aborígenes estariam mais próximos dos macacos do que os europeus, por exemplo.

A polarização foi acentuada ontem, quando a origem da campanha, iniciada com a divulgação da foto de Neymar segurando uma banana, ao lado do filho, foi revelada. A imagem faz parte de uma campanha publicitária criada pela agência Loducca, em resposta ao pedido do pai do jogador, Neymar da Silva Santos, que procurou a empresa após o filho e Daniel Alves terem sido vítimas de racismo, na final da Copa do Rei, entre Barcelona e Real Madrid, no último dia 16.

No vídeo de divulgação da campanha #somostodosmacacos, os idealizadores da proposta expressam opinião sobre como deve ser enfrentada a desigualdade racial: “A melhor maneira de acabar com o preconceito é tirar seu peso, fazendo a pessoa preconceituosa se sentir sem poder”, diz a frase que aparece sobre imagens de crianças negras jogando. “Uma ofensa só pega quando irrita você. Vamos acabar com isso. #somostodosmacacos”, conclama, usando a hashtag que já virou produto da marca do apresentador Luciano Huck, que também publicou foto com bananas.

Pelas redes sociais, a jornalista Aline Pedrosa defende a iniciativa: “Mesmo sendo branca, me reconheço com traços dos meus ancestrais, que são negros. Não nego minhas origens, muito pelo contrário, as estudo e as exalto. Para mim, a mobilização significa união – todos somos um – e, acima de tudo, desprezo a uma atitude vergonhosa como essa, e que, sabemos, não rola só fora do Brasil, muito pelo contrário”.

O cineasta Joel Zito de Oliveira, que dirigiu o filme A Negação do Brasil, que trata da representação dos negros na mídia, avalia a campanha como um “equívoco” por esconder a negritude e não ser capaz de enfrentar o racismo. Ele considera que a grande proporção obtida pela iniciativa também está relacionada ao conteúdo dela. “Tudo que é feito, e que de fato não incomoda e não muda a questão racial no Brasil, tende a ter aceitação mais fácil”, afirma. “Branco comendo uma banana ou colocando sobre a cabeça pode virar Carmem Miranda, carnaval. Com o negro é outra coisa. Mas a postura da sociedade brasileira sempre foi no sentido de evitar o confronto”, critica.

Ao ser questionado sobre como as mídias sociais repercutiram o caso, ele foi otimista: “Elas podem ser apropriadas para dar visibilidade a vozes que não tinham acesso às grandes mídias”. Por meio dessas mídias, casos como a morte do dançarino Douglas Rafael (conhecido como DG) e o desaparecimento do pedreiro Amarildo vieram à tona. “A novidade não é o desaparecimento, a morte ou o racismo. A novidade é que o questionamento das populações negras mais pobres é feito nas mídias sociais e chega à grande mídia”.

Já Douglas Belchior diz que a hashtag “tenta esconder as desigualdades raciais, a violência, o extermínio, e reforça a ideia de que no Brasil se vive uma democracia racial”. Para ele, a campanha cumpriu um “desserviço” ao mudar o foco da discussão pública do assassinato do dançarino DG, no Rio de Janeiro, para uma campanha que propõe o apaziguamento dos problemas.

“Vivemos no Brasil uma escalada assombrosa da violência racista. Esse tipo de postura e reação despolitizadas e alienantes de esportistas, artistas, formadores de opinião e governantes têm um objetivo certo: escamotear seu real significado do racismo, que gera desde bananas em campo de futebol até o genocídio negro, que continua em todo o mundo”, alerta.

Para a Agência Brasil, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, assinalou que a campanha é superficial e busca transformar a imagem do macaco em algo positivo, quando tem um significado essencialmente negativo para negros e negras. “O que existe é uma tendência de considerar o racismo como um fenômeno superficial na sociedade brasileira, ou em qualquer outro lugar do mundo; algo que se manifesta como um dado isolado, como uma expressão de indivíduos que praticam atos racistas”, avalia.

A ministra espera, contudo, que a provocação seja “uma porta de entrada para que a sociedade possa aprofundar as questões”. A lição a ser tirada, segundo ela, é que “o combate ao racismo vai precisar de uma manifestação contrária de toda a sociedade brasileira, mas para isso precisaremos ir mais fundo, identificando outras repercussões do racismo, que não se expressam só no futebol”.

As manifestações de racismo no âmbito do esporte, sofridas também por Tinga, do Cruzeiro, e outros jogadores, não são novas. Na década de 1910, jogadores do América chegaram a utilizar pó de arroz para se parecerem com brancos. Já em 1924, o Vasco da Gama redigiu a chamada Resposta Histórica, carta em que nega a exigência da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos para que se desfizesse dos 12 jogadores negros, mulatos, nordestinos ou pobres que atuavam na equipe.

Agora, 90 anos depois, o Brasil está prestes a sediar a Copa do Mundo, e deve fazer uma campanha contra a discriminação racial durante o campeonato, conforme anunciado pela presidenta Dilma Rousseff, no domingo (28). A ministra Luiza Bairros informou que a Seppir participa da elaboração da campanha, e espera que o país “seja capaz de mandar para o mundo e para a sociedade brasileira, especificamente, a mensagem de que o racismo não pode ser tolerado no futebol nem em nenhum espaço da sociedade”.

Já Douglas Belchior torce para que o mundial seja também espaço de visibilidade dos problemas do país: “A Copa do Mundo coloca o Brasil na vitrine do mundo. A posição dos movimentos é aproveitar esse momento para escancarar uma realidade que é maquiada, no Brasil. Nós queremos demonstrar que vivemos um genocídio, que vivemos sob a égide de polícias extremamente violentas e que atingem sobretudo a população negra”.

O cineasta Joel Zito espera que a campanha a ser veiculada seja capaz de aprofundar a abordagem sobre a questão racial: “Aproveitar a oportunidade da Copa para realizá-la é muito bem-vinda. Inclusive porque a sociedade brasileira vai conviver com segmentos culturais com os quais nunca conviveu. Segmentos que recebem, há anos, a ideia de que o Brasil vive uma democracia racial. Ela [campanha] é necessária, bem-vinda, mas tem que ser inteligente”, defende.


Publicado por Fernanda F.

Graduanda em Direito, Mestre em Hospitalidade, Pós Graduada em Gestão de Empresas, Bacharel em Aviação Civil. Adoro viajar, aprender.