Manutenção de painéis solares que fornecem energia limpa na Zâmbia. Foto: OIT/Marcel Crozet |
Com
milhões de trabalhadores cada vez mais afetados pela crise
climática, o caminho para garantir a sobrevivência no
futuro é uma total transformação de como geramos energia e
administramos nossos recursos, disse o chefe da ONU no dia 12 deste mês, durante evento focado em empregos
verdes na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP25),
em Madri.
“Ainda
estamos perdendo a corrida climática”, afirmou Guterres, “mas
podemos escolher outro caminho, o
caminho da ação pelo clima e do bem-estar das pessoas e do
planeta”, com
empregos, saúde, educação, oportunidades e futuro.
Ele
afirmou que a resposta à crise climática reside em mudar a
forma com a qual geramos energia, desenhamos nossas cidades e
administramos a terra. Segundo o chefe da ONU, também requer
ações que melhorem a vida das pessoas.
Firmado
em 2015, o Acordo de Paris incluiu “uma transição
justa” para pessoas cujos empregos e meios de subsistência são
afetados pela mudança “da economia
cinza para a verde”, como parte dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), observou Guterres.
“Não
podemos mais nos recusar a enfrentar a crise climática”, explicou,
incentivando os governos a se comprometerem, as empresas a
liderar e as pessoas em todos os lugares a “abraçar a
transformação que nos levará a um mundo de carbono neutro até
2050”.
Nova economia do clima
Guterres
falou encorajadoramente sobre “enormes oportunidades” ligadas à
ação climática.
De
acordo com a liderança da ONU, a mudança para uma economia de baixo
carbono representa uma oportunidade de crescimento de 26
trilhões de dólares, que pode criar 65
milhões de novos empregos até 2030 — com energia
solar, eólica e geotérmica já sendo os geradores de
empregos que mais crescem em várias economias (como China e
Alemanha).
“A
economia verde é a economia do futuro e precisamos abrir caminhos
agora”, afirmou, incentivando os países a retreinar as pessoas
para que possam “mudar de carreira com o conceito de que a educação
agora se tornou um projeto para toda a vida”.
Frisando
que a transição para um futuro de baixo carbono deve ser “justa
e inclusiva”, o secretário-geral lembrou que isso
significa “um futuro de empregos verdes e decentes… de
comunidades, cidades e países prósperos e resilientes”.
Ação climática para gerar empregos
Enquanto
isso, a iniciativa Ação Climática para Gerar Empregos,
lançada por Guterres durante a conferência com Guy Ryder, diretor
geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), coloca a
criação de empregos e os meios de subsistência no centro dos
planos nacionais de ação pelo clima.
A
liderança da ONU enumerou as medidas para garantir a inclusão, como
avaliar o emprego, os impactos sociais e econômicos da transição
ecológica e o potencial de empregos verdes.
O
secretário-geral ressaltou que o crescimento econômico e o combate
às mudanças climáticas são “reforçados mutuamente”,
acrescentando que “não enfrentar o aquecimento global é uma
receita infalível para o desastre econômico”.
Futuro mais limpo e ecológico para todos
Lembrando
a necessidade de reduzir as emissões em 45% até 2030
a partir dos níveis de 2010, alcançar a neutralidade do
carbono até 2050 e estabilizar o aumento da
temperatura global em 1,5 grau Celsius até o final do século,
Guterres disse que o Acordo de Paris deve ser usado como “nosso
caminho multilateral à frente”.
Sem
atingir nossas metas climáticas, o secretário-geral enfatizou que
apenas os mais ricos poderão sobreviver.
Como
“não podemos continuar tendo um pé nas economias cinza e verde ao
mesmo tempo”, ele destacou que os países desenvolvidos devem
cumprir suas promessas no âmbito do Acordo de Paris para mobilizar
pelo menos 100 bilhões de dólares por
ano para mitigação e adaptação nos países em
desenvolvimento.
Nosso maior desafio
Guy
Ryder disse aos delegados que esverdear o mundo do trabalho
é “o desafio decisivo e definitivo de nosso tempo”.
O
diretor-geral da OIT pediu uma “agenda política centrada no
emprego e no ser humano para a ação climática, baseada em
avaliações de nível nacional, proteção social inovadora e forte
consenso”, dizendo que a iniciativa “pode ser uma grande
contribuição” para isso.
Além
disso, o foco será em três áreas inter-relacionadas e
complementares de defesa e divulgação, um centro de inovação
política que irá reunir conhecimento e gerar soluções inovadoras;
e capacitação e apoio a organizações de governos, trabalhadores e
empregadores.
“A
luta contra as mudanças climáticas está indissociável da batalha
por maior justiça social”,
concluiu Ryder.