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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Economia solidária: as feirinhas da Praça da Ferradura

Feira Periurbana da Ferradura

"Os tempos são complexos e diante de tal complexidade, surge o medo. São tantos os medos – mas talvez o maior seja aquele resultante do totalitarismo, especialmente, de regimes os quais - mesmo inseridos no estado democrático e tendo o voto como o caminho legítimo para escolha de governantes, que a máquina administrativa e os cofres públicos não sejam utilizados em prol de um projeto eterno, que é a felicidade e a formação do ser humano, suprimindo direitos básicos, como o direito a participar da emancipação da cidade, em prol da justiça social, em todas as áreas onde ela se manifesta e que constituem o urbanismo.

Mas é preciso enfrentar o medo e contra ele só nos resta um caminho: a união. 

Nunca foi tão importante fundar espaços de encontro, a fim de que nossos sonhos sejam partilhados, seja com o amigo, com o vizinho, com um desconhecido. E que essa energia seja debatida, aprovada, desaprovada, e venha a nos redimir das pequenezas do cotidiano que transformam o outro no estragado. Estamos todos no mesmo barco. Somente o encontro nos impedirá do ritual de submissão, sem força e voz e com os direitos flexibilizados e relativizados pelas necessidades dos mercados.*

É diante de tal conjuntura que as “feirinhas” instaladas na Praça da Ferradura vêm bombando! Às quintas-feiras, à noite, os moradores de Búzios passaram a ter um lugar para realizar algo que lhes é muito caro: o encontro. Aos sábados, a cidade conta com a Feira Periurbana sendo as duas iniciativas modelos de economia solidária. Economia essa que tem por requisitos a inserção comunitária, a partilha de objetivos e o compromisso social, participação, socialização, autogestão e democracia, com a finalidade de que o desenvolvimento humano seja integral e ecosustentável.*

Os que enxergam a feirinha de quinta como uma ameaça aos seus lucros devem questionar em que momento os nossos tradicionais pontos de encontro e de felicidade esvaziaram-se e passaram a nos dar mais medo do que prazer. Pode ser que tudo tenha começado quando não cuidaram de nossos cenários históricos, deixando-os à mercê de uma ótica mercadológica sem qualquer sintonia com nossos sonhos e que contou com a parceria de governantes, em detrimento do interesse público. A destruição dos cenários, a ocupação de calçadas para atender a comerciantes, a música estridente, a algazarra, o desrespeito ao sossego alheio, o tráfico, o esgoto, a proliferação de comércios que subtraem nossa identidade, entre outros trouxeram mal estar.

Búzios não só cresceu, mas sofreu e vem sofrendo. Não se está em busca do tempo perdido. Mas diante de uma única certeza: a cidade, tanto quanto planejada, precisa ser executada para os seus moradores e para lhes trazer felicidade. É deste ponto de vista que as duas feiras instaladas na Praça da Ferradura cumprem esse destino".

Cristina Pimentel


*SILVA, Márcia Nazaré. A economia solidária e as novas possibilidades do mundo do trabalho. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, nº 86, mar 2011. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br. Acesso em maio/2017