sexta-feira, 29 de abril de 2011

Imprensa buziana 1

O Senhor Elízio José Gomes de Figueiredo foi nomeado Assessor I do Gabinete do Prefeito no dia 30 de janeiro de 2009 com salário de R$ 2.941,00. Até aí nada demais. O prefeito nomeia como assessor quem ele quiser. Podemos criticá-lo por ter assessor demais (mais de 30). Podemos também perguntar o que um assessor faz? Ficar espionando a oposição, como dizia o ex-prefeito de Araruama, Chiquinho da educação?

 O problema é que o Senhor Elízio é dono de um jornal na cidade: o jornal Ênfase. Ser jornalista e funcionário público comissionado é impossível. É como ser secretário de saúde e ser dono de uma clínica que presta serviços à prefeitura. Você paga a despesa e, do outro lado do balcão, recebe. É como ser secretário de planejamento e trabalhar como arquiteto, aprovando seus próprios projetos. Já tivemos na cidade os dois casos. Todos sabem os problemas que causaram. Também já tivemos jornalista responsável por jornal trabalhando na comunicação do governo.

Que jornalismo vai sair de um dublê de funcionário público municipal e dono de jornal? Jornalismo nenhum, claro. Só mau jornalismo, ou melhor, só propaganda e marketing com dinheiro público.

O assessor do prefeito não tem o mínimo pudor. Sem qualquer limite de responsabilidade escancara elogios a todas as ações do prefeito- seu patrão-, principalmente ao Governo Itinerante (GI). A coisa começa já na manchete "Junto ao Cidadão". Referindo-se ao GI, diz que o prefeito quer estar perto de cada cidadão para saber de suas necessidades. Depois dedica uma página inteira (a última) ao GI do patrão na Vila Verde.

Em outras páginas, o patrão-prefeito é defendido em todas as áreas. Exime o prefeito de qualquer responsabilidade pelo atraso na votação do reajuste do funcionalismo público. Coloca sobre os ombros da Câmara e da ASFAB toda a culpa, sem ouvir estas entidades. Critica aqueles que noticiaram a morte da Lagoa da Usina por fazerem "sensacionalismo barato" e "gostarem de mentiras". Chega a santificar o patrão: "ele com seu perfil ético começou a trabalhar exaustivamente e as marcas disso lhe aparecia na face, demonstrando as noites mal dormidas e a preocupação com a coisa pública..."

O puxa-saquismo não para na figura do prefeito. Levado ao extremo, tem que se estender à sua família.  A primeira dama aparece em foto do "Primeiro Encontro das Mulher (sic) Atuantes", onde foi discutida "uma agenda de trabalhos sociais idealizados pela Primeira Dama Cristina Braga". Nem o filho Pedro Braga é poupado. Aparece em foto com o pai durante visita a feira de livros de Cabo Frio.

Mas o pior de tudo é que o jornal-propaganda tem editorial. Este "editorial" deveria ser distribuído em todas as escolas de jornalismo do país para mostrar como é que não se faz um jornal. Seria uma grande lição. Diz o jornalista-assessor que tem um lado, que todo homem tem que ter um lado, e que isso não é ser tendencioso. Mais a frente se contradiz quando afirma: "como sou humano, puxo mesmo a brasa para as minhas sardinhas, pois quem não faz o mesmo?"

Observação: o jornal chapa branca "O Nosso Jornal" está sendo distribuído na Secretaria de Turismo (Pórtico). É bom verificar se o jornal está sendo distribuído em outros órgãos públicos.

Alô Ministério Público, alô Câmara de Vereadores, alô Justiça Eleitoral!

Ver: "Imprensa buziana 2"
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