Prefeito Demóstenes Meira e a noiva Taty Dantas chegaram ao desfile de bloco, em Camaragibe, no Grande Recife. Foto: Reprodução/TV Globo |
Nas
redes sociais, Demóstenes Meira, chefe do Executivo de Camaragibe,
no Grande Recife, disse que fiscalizaria a presença de funcionários
na festa, no domingo (17).
Servidores
comissionados da prefeitura de Camaragibe,
no Grande Recife,
tiveram a participação exigida pelo prefeito Demóstenes Meira
(PTB) em uma prévia carnavalesca neste domingo (17). Em um áudio
divulgado nas redes sociais, o chefe do Executivo diz que os
funcionários teriam a presença fiscalizada durante o show da noiva
dele, a cantora Taty Dantas, que também é secretária municipal de
Assistência Social.
A
atitude do prefeito de Camaragibe provocou a reação da Ordem dos
Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).
Questionado
pela TV
Globo,
o presidente da entidade, Bruno Baptista, disse que, em tese, há um
ato de improbidade administrativa e, por isso, a Ordem vai enviar um
ofício ao Ministério
Público de Pernambuco (MPPE) para apurar o caso.
O
bloco carnavalesco Canário Elétrico, que teve a participação da
cantora e secretária da prefeitura, é organizado pelo secretário
de Educação de Camaragibe, Denivaldo Freire. A contratação de
Taty Dantas, segundo o secretário, foi feita a partir de um pedido
do prefeito Demóstenes Meira.
No
áudio enviado para convocar os servidores, Meira afirma que “quer
ver todos os comissionados para dar força ao evento”.
“Vou
fazer um cordão de isolamento ao redor do trio só para ficarem os
cargos comissionados. Então, por favor, divulguem e multipliquem. A
gente vai filmar e eu vou contar quantos cargos comissionados foram”,
afirmou, na gravação.
O
prefeito também explicou como os servidores deveriam proceder. “Eu
sei que tem gente que não gosta de carnaval, mas minha noiva vai
cantar, a minha futura esposa. Depois que ela cantar as músicas
dela, está todo mundo liberado, mas eu quero todo mundo a partir de
meio-dia”, declarou no áudio.
Meira
também diz, no áudio, que mandou reforçar a segurança. “Já
chamei 30 guardas municipais para fazer o cordão de isolamento por
fora e o resto da equipe dos guardas municipais. São mais 200 homens
espalhados no meio da multidão para evitar confusão, arma de fogo e
droga”, disse.
Em
entrevista à TV
Globo no
domingo (17), pouco antes do desfile do bloco, o prefeito confirmou
que fez a convocação dos servidores e justificou que “era preciso
apoiar a noiva”
“Cargo
comissionado é de confiança. Agora, se eu botei no cargo
comissionado é porque eu confio. E na hora que eu preciso do apoio
deles, eu coloco. Isso é normal. A lei diz que eu posso nomear e
exonerar a qualquer momento”, afirmou.
O
chefe do Executivo também disse que não tem medo da repercussão
provocada pelo envio dos áudios. “É verdade, realmente. Assumo e
eu sou homem público, e eu não me escondo do povo, e vou para o
povo na comunidade, e não tenho medo”, declarou.
A
cantora e secretária de Assistência Social de Camaragibe, Taty
Dantas, afirmou que tem uma carreira de 18 anos na música e que o
trabalho na assistência social da cidade é muito importante. “Estou
de coração aberto para me dedicar a essa secretaria. Tenho certeza
de que vai ser um sucesso”, diz.
O
secretário de Educação de Camaragibe e organizador do bloco,
Denivaldo Freire, disse que agremiação recebe apoio logístico da
prefeitura, como serviços de segurança e de saúde.
“Taty
Dantas é uma grande artista e importante para Camaragibe. A
participação dela foi franqueada e ela está se apresentando sem
receber nada do bloco”, afirmou.
OAB
Questionado
pela TV
Globo sobre
a atitude do prefeito Demóstenes Meira, o presidente da OAB em
Pernambuco, Bruno Baptista, declarou que o conteúdo
dos áudios é muito grave.
Segundo
ele, os comissionados não foram chamados para um ato vinculado
às funções municipais. “Os funcionários não seriam
nunca, em hipótese alguma, obrigados a frequentar uma festa
fora do horário de serviço”, disse.
Para
ele, é preciso analisar o caso e saber se houve assédio
moral.
"O Superior Tribunal de Justiça (STJ)
possui o entendimento de que o assédio moral caracteriza ato
de improbidade administrativa”,
disse o presidente da OAB-PE.
Fonte:
"g1"
Meu comentário:
Josias de Souza, em seu blog, chama o ocorrido de "peculato por amor". A moça é cantora. Nas horas vagas, responde pelo posto de secretária municipal de Assistência Social de Camaragibe. Não se sabe se tem as qualificações necessárias para o exercício do cargo, nem o tempo que dedica ao "trabalho". Normalmente parentes de políticos, vereadores e prefeitos, são comissionados mais especiais ainda.
O prefeito chama seu curral eleitoral de "tropão". Pelo aumentativo, deve ser um um número enorme de apaniguados que ele empurrou para dentro da folha de pagamento da prefeitura.
Demóstenes, como muitos prefeitos e vereadores, acha que comissionados são funcionários de segundo tipo (concursado seria de primeiro tipo) que, por ele contratar e demitir como bem entender, têm mesmo a obrigação de satisfazer as suas vontades.
O procurador-Geral de Justiça do estado mandou abrir uma investigação. Suspeita-se que o prefeito cometeu contra os cofres do município o crime de peculato, que consiste em usufruir dos recursos públicos para fins pricados e pessoais.
Meu comentário:
Josias de Souza, em seu blog, chama o ocorrido de "peculato por amor". A moça é cantora. Nas horas vagas, responde pelo posto de secretária municipal de Assistência Social de Camaragibe. Não se sabe se tem as qualificações necessárias para o exercício do cargo, nem o tempo que dedica ao "trabalho". Normalmente parentes de políticos, vereadores e prefeitos, são comissionados mais especiais ainda.
O prefeito chama seu curral eleitoral de "tropão". Pelo aumentativo, deve ser um um número enorme de apaniguados que ele empurrou para dentro da folha de pagamento da prefeitura.
Demóstenes, como muitos prefeitos e vereadores, acha que comissionados são funcionários de segundo tipo (concursado seria de primeiro tipo) que, por ele contratar e demitir como bem entender, têm mesmo a obrigação de satisfazer as suas vontades.
O procurador-Geral de Justiça do estado mandou abrir uma investigação. Suspeita-se que o prefeito cometeu contra os cofres do município o crime de peculato, que consiste em usufruir dos recursos públicos para fins pricados e pessoais.
Em
plena Era da Lava Jato, inventou-se em Pernambuco o peculato por
amor. Uma evidência de que, na política, amar não é coisa para
amadores.