Alexandre Martins, foto comunicabuzios |
O terceiro prefeitável a conceder entrevista ao jornal Primeira Hora (18/07/2015) foi o candidato da
pequena especulação imobiliária de Búzios. O bom mocismo no qual enredou-se
(homem “que cumpre com a palavra”; “que fala sempre a verdade”; “sempre
atendendo a todos com respeito e carinho”) durante a entrevista, o levou a uma afirmação
delirante de que apenas resolveu se apresentar como pré-candidato a Prefeito de
Búzios atendendo a um “CHAMADO”. Não se sabe de quem, mas o pré-candidato garante
que alguém o chamou para a empreitada. Muito provavelmente foi chamado por um representante
da pequena especulação imobiliária construtora dos feios pombais do canto
direito de Geribá.
A impressão
que se tem ao ler toda a entrevista é que estamos diante de um pré-candidato
insípido, inodoro e incolor.
Como quase todos os políticos da cidade, Alexandre
Martins também é um político cartorial- aquele que só dá as caras durante o
processo eleitoral. A cidade pode pegar fogo, uma CPI pode apurar que o
prefeito fraudou 20 licitações com um rombo estimado de mais de 60 milhões de
reais, que o insípido e inodoro político não move uma palha, não abre o bico e não
escreve uma linha sequer protestando contra os malfeitos cometidos. Como de costume,
os tolerantes políticos tradicionais da
cidade deixam o Prefeito à vontade para fazer o que bem quiser- inclusive
malfeitos-, para que depois, quando o quadro mudar- com a situação passando a
oposição- também não serem importunados fazendo os mesmos malfeitos. Como se
fosse possível aceitar a desculpa da tese da unidade: “passada as eleições,
devemos ‘zerar’ as diferenças e nos unirmos todos pelo bem da Cidade”. “Bem
comum” de quem cara pálida? Do povo é que não é.
O outrora cidadão tolerante com os malfeitos, agora, como pré-candidato, avalia a gestão André como
“ruim” e o grupo que o apoia como “muito ruim”. Quer que acreditemos que o
cidadão Alexandre Martins não fez e não faz “críticas mais contundentes ao
governo atual porque não tem mandato e um veículo de comunicação para expressar
o que pensa”.
Da mesma
forma, o cidadão Alexandre Martins, com mandato de vice-prefeito, também nada
fez em relação aos malfeitos do governo do qual participou, apesar de afirmar
que faz política de modo diferente de Mirinho. Neste caso, nada fala a respeito
do grupo que o apoiava. Por sinal, também “muito ruim”, como o que apoia o
governo André. A nova desculpa para a tolerância com os malfeitos é o "respeito
à hierarquia", afinal de contas, segundo Alexandre, "quem manda é o Prefeito".
Apesar de menos embotado
pelo moralismo maniqueísta do que Mirinho, Alexandre Martins, do mesmo modo que ele, não
consegue enxergar as mudanças que se fazem necessárias na realidade
socioeconômica buziana. Os modelos de gestão política-administrativa,
clientelista e patrimonialista, adotados pelos últimos governos, que estão
levando o município a um beco sem saída, inclusive pelo governo do qual
participou como vice-prefeito, precisam urgentemente ser mudados, para que
sobrem recursos suficientes para a solução dos problemas estruturais da cidade. Portanto a crise é de gestão e não 'moral", como apregoam, Mirinho e Alexandre. "É essa mudança que a gente precisa. Mudança
de caráter, mudança de postura. A nossa crise (da cidade) é moral”.
Quanto às
propostas, quase nada é apresentado. O candidato chega a manifestar receio de
descrevê-las, supondo que o atual prefeito ou outro candidato pudessem usá-las.
Descentralizar a oferta de serviços públicos levando a Secretaria de Promoção
Social para a periferia ou a construção
de uma subprefeitura na Rasa não é novidade para ninguém. A única novidade
apresentada é quanto a criação de um dispositivo anticorrupção. “Toda empresa
séria faz auditoria em suas contas e suas operações. Porque os municípios não
fazem auditorias para fiscalizar os órgãos internos da administração?”. Falta deixar claro que a auditoria precisa ser externa e
independente. Caso contrário, não passa de engodo.
Em relação
aos contratos de aluguéis que o seu pai tem com a Prefeitura, Alexandre Martins
alega que eles não fazem diferença alguma na carteira de clientes
que ele possui (Ampla, Banco real, Santa Rosa, etc). “Respeito meu pai, mas se
tiver que tirar contratos de quem quer que seja para melhor administrar minha
cidade, assim farei”. Alexandre esquece que, caso se torne Prefeito, esses
contratos terão que necessariamente ser rescindidos. Não há outra saída.
Para
finalizar, a CPI da Saúde. De forma alguma posso concordar com a afirmação do
pré-candidato de que ela foi a única CPI que deu certo na Cidade. Ela não tem
termos de comparação com a CPI do BO, para mim a única CPI pra valer que a
Cidade teve. Até mesmo a CPI do Parafuso, que chegou mais perto da CPI do BO em termos de resultados, não funcionou a contento, porque seus
membros, por desconhecimento, acreditavam que o relatório final teria que ser
aprovado em plenário. Como estudioso das CPIs ocorridas no município, até hoje
não encontrei o relatório final da CPI da Saúde. Se o pré-candidato Alexandre
Martins diz que fez um relatório a parte
onde relaciona “os desmandos na Saúde daquela época” e o apresentou à Câmara,
por que então esse documento não está nos arquivos da Casa Legislativa? Gostaria
muito que o pré-candidato me fornecesse uma cópia para ser publicada no blog.
Se o relatório também foi enviado ao MP, não deve ser difícil obtê-la. Essa é
a única forma de podermos afirmar, com certeza, que a CPI da Saúde não foi “engavetada”,
que “não houve maracutaia” e que ela não foi “vendida”. Como todas as outras,
por sinal.
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