O
presidente chinês Xi Jinping inspeciona os trabalhos de prevenção
e controle contra o novo coronavírus em Pequim em 10 de
fevereiro. XINGLEI /XINHUA VIA GETTY IMAGES
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Os
erros, trapalhadas e, podemos mesmo dizer hoje crimes cometidos
pelos dirigentes do partido comunista chinês e, em especial, pelo
seu presidente Xi Jinping, na condução do processo de combate ao
vírus após a descoberta do primeiro caso de COVID-19, contribuíram
muito para espalhar o novo vírus pelo mundo. A tentativa
inicial de esconder o surto local, só potencializou o estrago a
nível mundial.
Rodrigo
da Silva, fundador
do @spotniks, publicou em seu perfil no Twitter (ver em
"rodrigodasilva”)
uma excelente
“thread” na qual lista uma série de reportagens que demonstram
isso. Vejam:
1.
De acordo com oficiais chineses, o primeiro caso de COVID-19
aconteceu no dia 19/11/19
e o primeiro indivíduo a testar positivo para a doença apresentava
sintomas em 8/12/19.
Segundo o The Lancet, o
paciente zero foi exposto ao vírus no dia 1/12/19.
2.
A falta de condições sanitárias de um mercado
de animais silvestres em Wuhan,
prática comum num país que não oferece segurança alimentar, foi
fundamental para o surto. Só
depois do SARS-CoV-2, tardiamente, o governo chinês prometeu acabar
com a prática.
3.
Um artigo publicado em 2007 por médicos de Hong Kong já alertava
que havia
reservatório de coronavírus em morcegos
e que o hábito do sul da China de "comer mamíferos exóticos"
era uma "bomba
relógio".
Mas essa bomba não se resume à vigilância sanitária.
4.
A
China é uma ditadura
sem liberdade de expressão, de imprensa, política e religiosa, com
opositores e ativistas de direitos humanos reiteradamente presos,
torturados e condenados a campos de reeducação.
Foi nesse país que o SARS-CoV-2 se espalhou.
5.
Em 2002, as informações sobre um outro coronavírus, o SARS-CoV,
foram reprimidas pela ditadura chinesa, condenando centenas de
pessoas à morte. Tardiamente, o Partido
Comunista admitiu
https://www.nytimes.com/2003/04/21/world/the-sars-epidemic-epidemic-china-admits-underreporting-its-sars-cases.htmlos
erros
e demitiu
o ministro da Saúde e o prefeito de Pequim.
6.
Como a preocupação de ditaduras é com a estabilidade
do regime,
e não com o bem-estar da população, sem enfrentar grandes
resistências, o governo chinês teve com o SARS-CoV-2
os mesmos incentivos para novamente
negligenciar uma pandemia de coronavírus.
7.
No dia 30
de dezembro de 2019,
quando a COVID-19 adoeceu 7 pacientes em um hospital de Wuhan e um
médico, Li
Wenliang,
tentou avisar outros médicos, a polícia chinesa o obrigou a assinar
uma declaração
de que seu aviso constituía "comportamento ilegal".
8.
Li Wenliang e outros sete médicos de Wuhan foram obrigados
a assinar um documento admitindo "espalhar mentiras".
Isolado no trato de seus pacientes, sem amparo oficial, Li acabou
contraindo coronavírus e falecendo, aos 34 anos.
9.
Entre o início
de dezembro e 19 de janeiro,
o Partido Comunista Chinês minimizou
o surto a um problema local,
limitado a um pequeno
número de clientes de um mercado de Wuhan.
Qualquer que fosse a causa da doença, "não
era nada parecido com SARS".
10.
Ainda em 26
de dezembro,
um técnico de um laboratório contratado por hospitais disse que sua
empresa recebeu amostras de Wuhan e chegou a uma conclusão
impressionante: as amostras
continham um novo coronavírus com uma similaridade de 87% com a
SARS.
11.
No dia 24
de dezembro,
uma amostra do SARS-CoV-2 retirada de um paciente foi enviada a um
laboratório para o sequenciamento do genoma. Os resultados estavam
prontos 3 dias depois, mas as
autoridades de Hubei ordenaram que as amostras fossem destruídas.
12.
Em janeiro, a polícia ainda controlava as informações, tratando
o coronavírus como um boato.
Em Wuhan, esse era o discurso oficial: "A
polícia apela a todos os internautas para não fabricarem rumores,
não espalharem rumores, não acreditarem em boatos".
13.
Cabe lembrar que o Partido Comunista Chinês promove
o maior ato de restrição à liberdade de expressão da História.
50 mil censuradores participam
do processo de controle da internet no país,
conhecido como o Grande
Firewall da China.
14.
Na China, são oficialmente proibidos serviços como Gmail,
Google, Facebook, Youtube, Wikipedia, Reddit, Instagram, Twitter e
WhatsApp.
Como o governo monitora os aplicativos permitidos, controla todo
o conteúdo online e o tráfego de informações.
https://en.wikipedia.org/wiki/Websites_blocked_in_mainland_China
15.
O Partido Comunista também controla
todas as redações de jornal do país.
Segundo a Reporters Without Borders, em 180 países listados, a
China é o 177º em liberdade de imprensa.
Não há acesso no país à BBC,
NYT, The Guardian, WSJ, Reuters, TIME, NBC...
6.
Controlando a internet e os veículos de imprensa, o Partido
Comunista Chinês não teve qualquer dificuldade em atrapalhar o
fluxo
de informações da população sobre o coronavírus,
colaborando ativamente
para que o surto se transformasse numa pandemia.
17.
Li Wenliang, o médico
whistleblower
do início dessa thread, só foi liberado
da prisão em 3 de janeiro,
depois que assinou um
documento assumindo a prática de "atos ilegais".
Li contou à CNN que sua família se preocuparia se ele perdesse a
liberdade.
18.
Outro médico, Wang
Guangbao,
admitiu mais tarde que a especulação
sobre um vírus semelhante à SARS
era forte nos círculos médicos no início de janeiro, mas que as
detenções
dissuadiram muitos, inclusive ele próprio, de falar abertamente a
respeito.
19.
Em fevereiro, dois jornalistas chineses, Fang
Bin e Chen Qiushi,
desapareceram
depois de trabalharem na cobertura do coronavírus em Wuhan
e denunciarem as supressões de informações do governo. Qiushi
entrou no topo da lista da One Free Press Coalition.
20.
A China só declarou emergência
em 20 de janeiro.
Quando Wuhan foi isolada três dias depois já era tarde: o
vírus estava sendo espalhado por todo país,
levado pelos 400
milhões de chineses que se preparavam para viajar para comemorar o
Ano Novo Lunar.
https://en.wikipedia.org/wiki/2020_Hubei_lockdowns
21.
Durante quase 2 meses, enquanto o vírus se alastrava, o Partido
Comunista Chinês aprisionou e intimidou médicos e jornalistas,
controlou o fluxo de informação, minimizou os riscos do surto, não
ampliou leitos de UTI, nem combateu mercados silvestres.
22.
Xi Jinping, presidente da China, comentou publicamente pela primeira
vez sobre o SARS-CoV-2 apenas no dia 20/01,
mas já no dia 7/01, 13 dias antes, durante uma reunião do partido,
ele
admitiu, num discurso interno, conhecimento "do novo
coronavírus".
http://qstheory.cn/dukan/qs/2020-02/15/c_1125572832.htm
23.
Nesses 13 dias, enquanto negava o surto, o Partido Comunista
organizou
duas grandes reuniões em Hubei e reuniu mais de 40 mil famílias num
banquete em massa em Wuhan,
na tentativa de bater um recorde mundial. Xi
Jinping poderia ter evitado a pandemia.
24.
Apenas no dia 4
de fevereiro,
assim como com a SARS
em 2002,
o Partido Comunista Chinês admitiu as “deficiências
e dificuldades na resposta à epidemia”,
e prometeu "melhorar
nossas habilidades em lidar com tarefas urgentes e perigosas".
25.
Mesmo dois
meses depois do surto começar,
depois da OMS pedir repetidamente às autoridades chinesas dados
sobre a saúde dos profissionais médicos de Wuhan,
o governo chinês ainda tinha dificuldade em ser transparente
com a comunidade internacional.
"Repetindo
as trapalhadas do Politburo soviético no acidente
nuclear de Chernobyl, em 1986,
o Partido Comunista Chinês é o grande
responsável por negligenciar um surto então local,
reiteradamente ignorado pelas autoridades, transformando
o novo coronavírus numa pandemia global.
Reprisando
os
erros da SARS em 2002,
a ditadura chinesa deixou o mundo novamente à mercê de seus
caprichos, pagando por suas irresponsabilidades, sem nenhuma garantia
de que seja capaz
de combater exemplarmente novos surtos nos próximos anos,
dizimando populações inteiras.
E
é exatamente por isso que a culpa
pelo novo coronavírus tem nome e sobrenome,
e que é tão importante responsabilizar os autores
políticos dessa pandemia.
Inúmeras pessoas inocentes morrerão nas próximas semanas graças à
ineficiência
de uma ditadura.
A História será implacável".
Rodrigo
da Silva
Meu comentário:
Nos anos 1980, o filósofo Carlos Nelson Coutinho publicou o artigo “Democracia como valor universal”, no qual afirmava que “sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia”. Na época, a esquerda radical, marxista-leninista, da qual fazia parte, considerou o texto reformista, revisionista.
Certa parte da esquerda, cito o PC do B, ainda teima em considerar a ditadura chinesa como socialista. Pior ainda: a considera modelo de comunismo. Da mesma forma, Cuba. Na América Latina, devido ao bloqueio criminoso dos Estados Unidos, a esquerda tende a ser condescendente com o regime ditatorial cubano, tolerando-se a existência de presos políticos, partido único, censura a blogueiros, falta de liberdade de reunião e manifestação, etc.
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