Sede da Odebrecht SP foto O globo |
Odebrecht
pagava por documentos sigilosos do governo, dizem delatores
Ex-executivos
da empresa contaram na delação premiada que obtiveram material do
Ministério da Fazenda e da CPI da Petrobras de 2015.
"Documentos
sigilosos saíam do Ministério da Fazenda para a Odebrecht. O
delator Antônio de Castro Almeida contou que o servidor Flávio
Dolabella repassava para a construtora atas do comitê de
financiamento e garantia das exportações, o Cofig. Com isso,
ajudava a empresa a se preparar para conseguir financiamento de obras
que seriam tocadas pela Odebrecht no exterior.
"A
gente tomava ações administrativas gerenciais ali em função
disso", afirmou o delator. Ele disse ainda que o servidor
recebia uma mesada da empresa. "O Flávio Dolabella recebia R$
15 mil por mês", disse.
O
delator também contou que outra ajudante da Odebrecht foi a então
secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex),
subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Lytha
Spíndola, segundo Castro, atuava dentro do órgão pra agilizar os
projetos de interesse da Odebrecht. Ele afirmou que o acerto era
feito com o filho dela.
"Nunca
entreguei dinheiro a ela nem a ninguém em Brasília. O negócio era
o seguinte: eu consultei quem é que seria o representante dela, ela
indicou o filho, Vladimir Spíndola, advogado, e eu tive contato com
ele e ele se apresentou no escritório, uma vez", disse Castro.
De
acordo com ele, os pagamentos teriam sido feitos em hotéis,
escolhidos por Vladimir Spíndola.
"Ele
ia lá conversar comigo e eu dizia: 'o método é o seguinte: quando
tiver o pagamento efetivo, não vai ser feito em Brasília. Tinha
restrições a fazer qualquer pagamento em Brasília, não sei por
quê. Então iria lá para São Paulo, ele ia para São Paulo, por
exemplo, escolheria um hotel, eu acionaria o pessoal pra mandar
entregar no hotel da escolha dele. Eu nunca indiquei hotel nem nada",
disse o delator.
O
delator falou também que Lytha Spíndola repassava documentos em
primeira mão para construtora. Ela recebeu por esse serviço,
segundo Castro, pelo menos US$ 100 mil em 2010.
Lytha
é figura conhecida em casos de corrupção. Ela é ré em no
processo sobre fraudes em julgamentos do Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda e que
foi investigado na Operação Zelotes.
Documentos da CPI
A
Odebrecht , segundo contaram delatores, ia aonde precisava, para
conseguir informações privilegiadas. A Câmara foi um desses
lugares.
Nesse
caso, a ajuda teria vindo de um deputado que entregou documentos de
sessões secretas da CPI da Petrobras.
O
delator José de Carvalho disse que foi atrás do deputado João
Bacelar( PR-BA) para conseguir o material. João Bacelar recebeu
doações da empresa para as campanhas de 2006,2010 e 2014.
"Eu
encontrei o deputado no corredor das comissões e perguntei: 'você
tem novidades da CPI da Petrobras? Alguma notícia com relação à
CPI para me dar?' E ele disse: 'espere'. Pediu que eu esperasse. Uma
hora depois me deu um CD. Não abri o CD, não olhei o CD, mandei o
CD para o jurídico avaliar", disse Carvalho. Ele afirmou ainda
que "não fazia ideia" do conteúdo do material".
Fonte: "g1"