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domingo, 27 de outubro de 2019

Mesmo lesados, investidores criam movimento "Somos todos UNICK" de apoio à empresa





Segundo o site "diariodecanoas", um surreal manifesto, com quase quatro mil membros em dois dias, pede liberdade aos presos e diz que vai pressionar governo para que pague os clientes da pirâmide financeira

Ainda de acordo com o site, desesperados com o prejuízo deixado pela Unick, acusada de fraudes financeiras na ordem de R$ 9 bilhões no Brasil e exterior, investidores de vários Estados decidiram apelar para uma insólita esperança. Há quatro dias, criaram uma rede social com a surreal proposta de pressionar o governo a pagar o que a pirâmide deve. Também reivindicam liberdade aos diretores presos, sob argumento de que a empresa precisa deles. É o movimento “Somos todos Unick”, no Telegram, que na tarde de sexta-feira (25) já somava 3,8 mil membros e um abaixo-assinado, segundo os administradores, com mais de dez mil participantes. “Soltem o pessoal da Unick” é uma das palavras de ordem. Quem entra e fala contra a empresa é xingado.

No imaginário fantasioso dos seguidores mais apaixonados, o governo usou a Polícia Federal para ficar com o dinheiro em conluio que envolve os grandes bancos, preocupados com a concorrência, e a imprensa, responsável por fake news contra a Unick. A teoria da conspiração é batida à exaustão em postagens de líderes que não foram presos pela Operação Lamanai, no último dia 17, quando a PF capturou nove da cúpula da empresa e conseguiu apreender só R$ 200 milhões em bens, dinheiro e moedas virtuais.

Bilhões ocultados em paraísos fiscais

Conforme a PF, o “núcleo de comando” da Unick teria ocultado bilhões em paraísos fiscais da Europa e América Central, em proveito particular. É o dinheiro de cerca de 1 milhão de clientes lesados. A empresa, que vendia pacotes de investimentos com promessa de ganhos de até 3% ao dia, não paga os clientes desde julho.

Presos por estelionato são evocados como "salvadores"

Os protestos no grupo ganham contornos messiânicos. O presidente da empresa, Leidimar Lopes, 39 anos, e o diretor de Marketing, Danter Silva, 23, são evocados como espécie de mártires que precisam sair da prisão para poder salvar o povo da Unick. “Estar a favor deles é estar a favor de nós”, diz uma postagem de apresentação do grupo.

No embalo, um investidor lesado solta essa: “A Unick vai voltar forte pra quebrar a cara de muitos que criticam e falam mal”. Outro desabafa: “Gente, eu coloquei 60 mil na Unick. Estou desesperado. Era tudo o que eu tinha. Gostaria muito que os líderes aparecessem para defender a Unick”. Alguns, de camiseta da empresa, postam vídeos para conclamar a “família Unick” à luta.

Seguidores negam até as prisões

Entre os áudios, uma mulher com sotaque português diz que fala pelo diretor jurídico da Unick e ao mesmo tempo dono da garantidora, a SA Capital, Fernando Lusvarghi, 33, o único foragido dos dez alvos da operação. Ela afirma que as notícias da mídia são todas fake news. E há quem negue com veemência que os diretores, recolhidos há mais de uma semana, estejam presos. Alegam que estão apenas prestando esclarecimentos à PF.

Manifestações pelo Brasil

Orem pela Unick, pois a Bíblia diz que a oração do justo surte muitos efeitos”

Ore para que Deus dê sabedoria aos meninos”

Deus acima de tudo, Unick acima de todos”

|Se a justiça não tranca a Unick vai ser a melhor empresa para se trabalhar”

Sempre pensar positivo, pois a negatividade é do diabo”

Que nosso final de ano seja melhor com boas notícias sobre a Unick”

Se a Unick sair dessa, meus amigos, e eu creio que sim, se segurem porque ela vem com tudo!!! Essas pessoas espalhando fake news vão dar de cara no chão e ninguém mais segura nós!”

Eu preciso da Unick. Tudo o que eu tinha eu apostei e agora só quero que volte ao normal, pelo amor de Deus!!!”

Essa empresa me fez ter a esperança de dar estudo digno para meus filhos. Conhecimento é tudo que se leva da vida”

Tudo que estamos falando aqui está sendo usado contra nós nas mídias sujas”

Estamos mais unidos que nunca!”

Já assinei a petição e escrevi a minha história dando apoio à Unick”

Se as más línguas ajudaram a encurralar a Unick na Polícia federal, com nossas boas intenções de ajudá-la com essa manifestação do bem, faz justiça sim, para o bem da Unick”

"Eu estou do lado da Unick porque acredito na idoneidade e legitimidade dela"


Justiça decreta prisão preventiva de seis sócios da Unick investigados por crimes financeiros

Cumprimento de mandados de busca, apreensão e prisão realizados pela PF 

Clientes da empresa recebiam a promessa de retorno de 100% sobre o valor investido no prazo de seis meses

A Justiça Federal no Rio Grande do Sul decretou a prisão preventiva de seis sócios da Unick por suspeita de fraude financeira no mercado de moedas virtuais, usando um esquema de pirâmide financeira. Uma pessoa ainda está foragida desde a operação deflagrada no último dia 17, quando as nove pessoas foram detidas.

A Polícia Federal não informou se o foragido está entre os seis com prisão preventiva decretada na noite de sexta-feira (25) ou se o mandado contra ele expirou. Com isso, ao menos três pessoas devem ser liberadas neste sábado (26), quando a prisão temporária dos 10 investigados - que foi prorrogada por mais cinco dias - expirou. Segundo a Polícia Federal, as prisões preventivas foram decretadas por tempo indeterminado. 

Todos foram presos no dia 17 deste mês, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lamanai. A Unick tem sede em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Conforme o inquérito, clientes da empresa recebiam a promessa de retorno de 100% sobre o valor investido no prazo de seis meses. 

A empresa chegou a captar  R$ 40 milhões por dia, mas movimentou R$ 9 bilhões, segundo a PF, com cerca de 1 milhão de clientes em 14 países. Os valores dos clientes seriam aplicados no mercado de foreign exchange (Forex), compra e venda de moedas, ato permitido apenas a instituições financeiras e pessoas físicas com autorização oficial. A PF encontrou R$ 200 milhões em contas bancárias dos investigados e mais R$ 53 milhões em criptomoedas em nome da empresa. 

Fonte: "gauchazh"