Evento reuniu integrantes do MPF e representantes da sociedade civil. Foto: Ascom PRRJ
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MPF
articula evento com palestras e show e atrai mais de 400 cidadãos
"Em
toda sociedade disposta a combater a corrupção, a repressão a esse
crime e a educação do valor da integridade devem andar juntas. A
reflexão foi uma das muitas ideias trocadas com mais de 400 pessoas
que compareceram à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),
na noite do dia 4, para o evento “Educação,
sim! Corrupção, não!”,
que lançou a campanha educativa “Todos
juntos contra a corrupção”
no Rio de Janeiro. O público superou a expectativa da comissão
organizadora, com integrantes do Ministério Público Federal (MPF),
da sociedade civil e de instituições reunidas na Estratégia
Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Ativos
(Enccla).
Os
benefícios da educação de qualidade, como a difusão de valores
como a ética e a cidadania, foram contrastados aos males da
corrupção na fala de abertura da procuradora da República Maria
Cristina Cordeiro. “A corrupção mata, devasta nossas esperanças
e nos humilha diante de sua força avassaladora”, frisou a
coordenadora nacional do projeto Ministério Público pela Educação
(MPEduc). “Faremos tudo que estiver a nosso alcance para salvar o
Brasil dessa maldição. Mas, se temos uma chance, ela virá a partir
da educação.” O público respondeu com vigor seu pedido de
aplausos à Uerj, cuja atual crise de financiamento fez dela “triste
símbolo” dos efeitos da corrupção.
A
plateia foi convidada a refletir sobre o papel de cada um na
prevenção cotidiana de crimes como a corrupção. Em sua palestra,
a promotora de Justiça Luciana Asper (MPDFT) alertou que não basta
a atuação anticorrupção de instituições como o Ministério
Público. “Freios morais não desaparecem da noite para o dia”,
destacou a coordenadora da campanha “Todos juntos pela educação”,
que deu exemplos de como cidadãos comuns podem acabar “se
vendendo” por cifras na casa das dezenas de reais. “Às vezes,
pagamos o INSS da funcionária pelo salário mínimo, sem ter a
integridade de pagar pelo valor que ela realmente ganha.” A
promotora expôs bons projetos de instituições para disseminar a
honestidade e outros valores, como o “Controladoria nas escolas”,
do Ministério da Transparência (antiga Controladoria-Geral da
União) para ensinar sobre controle social a estudantes.
“Somos
brasileiros e honestos” é uma das ideias-chave da carta “Educação,
sim! Corrupção, não!” lida com firmeza no evento pela
procuradora regional da República Mônica de Ré, da força-tarefa
Lava Jato no MPF na 2a Região
(RJ/ES). O documento adverte que o combate à corrupção deve ser
lembrado todo dia, e não apenas em 9 de dezembro, marco desse
enfrentamento fixado nas Nações Unidas: “Nossa certeza de que
brasileiros e brasileiras nos definimos também pela honestidade e o
combate à corrupção é um ato diário e levou à campanha Todos
juntos contra a corrupção, de conscientização sobre como a
educação e a cultura são instrumentos para o orgulho de ser
honesto”.
Problema
que angustia -
A angústia dos brasileiros com a corrupção foi um ponto de partida
da palestra do economista Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas.
Segundo pesquisa citada por ele, 62,3% dos brasileiros escolheram
recentemente a corrupção como problema que mais os angustia. Ele
justapôs alguns maus indicadores de desempenho educacional do Brasil
com a má colocação no ranking dos países com maior percepção de
corrupção. “Não haverá mudanças significativas no país sem
melhorar a educação. É difícil imaginar com o que pode sonhar o
país com uma educação dessa qualidade”, disse o fundador e
secretário-geral da Contas Abertas, defensor de uma convergência
dos combates à corrupção nas escolas e nos tribunais. “Não é
só a educação nem só a punição que vão resolver.”
A
programação foi encerrada com a participação solidária do ator
Nelson Freitas, que fez o público gargalhar e refletir com seu show
de stand-up. Ele definiu essa apresentação como uma das melhores em
seus mais de 30 anos de carreira. “Quem está aqui não quer ficar
em casa, reclamando, em vez de fazer algo para mudar. Cada um de
vocês é uma sementinha para espalhar a sensação de que esse país
tem jeito”, afirmou Freitas, que ainda convocou todos a desmentirem
a frase de Nelson Rodrigues de que o brasileiro nasce ladrão".
Veja a Carta do MP:
Educação,
sim! Corrupção, não!
Nestes
tempos de corrupção à vista em cidades de todos os tamanhos,
governos de vários níveis, empresas de tantos setores e centenas de
acusados e investigados, afirmar e reafirmar nossa cidadania e
honestidade deve estar na agenda do dia: Somos brasileiros e
honestos.
No
calendário de países-membros da ONU, como o Brasil, 09 de dezembro
é lembrado como o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Mas,
como se diz popularmente sobre o Dia da Mulher, devemos nos colocar
contra a corrupção durante todo o ano e não apenas em um dia.
Nossa
certeza de que brasileiros e brasileiras nos definimos também pela
honestidade e o combate à corrupção é um ato diário e levou à
campanha Todos juntos contra a corrupção, de conscientização
sobre como a educação e a cultura são instrumentos para o orgulho
de ser honesto.
Por
mais que agentes do Estado, mercado e sociedade civil atuem como se
espera, eles não vão sozinhos eliminar a corrupção. A missão é
de todos nós, cidadãos e cidadãs. E diariamente.
O
Brasil está entre os países mais corruptos (5º pior colocado no
ranking 2017-2018 do Fórum Econômico Mundial – e tem desempenho
fraco em educação – ficou na 63ª posição entre 70 países com
estudantes avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa). Não há dúvida de que a qualidade da educação
poderia ser melhor se houvesse menos corrupção.
Infelizmente
há uma cultura de corrupção no país, já captada em recentes
pesquisas de opinião. Sete em cada dez brasileiros disseram ao Ibope
em 2006 que cometeriam atos corruptos se tivessem oportunidade.
A
maioria contrataria familiares e amigos para cargos de confiança e
mais de 40% usariam viagens oficiais para lazer próprio ou familiar.
Numa pesquisa do Datafolha de 2009, mais de 1/3 das pessoas
declararam ter pago propina e 27% já receberam troco a mais e não
devolveram.
Dados
como esses acionaram o sinal de alerta às instituições públicas e
da sociedade civil reunidas na Estratégia Nacional de Combate à
Corrupção e à Lavagem de Ativos (ENCCLA), responsável por
iniciativas como esta campanha #Todos juntoscontracorrupção.
A
relevância de conscientizar, desde a infância, sobre o valor da
honestidade pode ser evidente, mas muitos não sabem como fazer. Está
em jogo formarmos cidadãos conscientes e participativos no
enfrentamento à corrupção.
Para
tanto, a educação deve ser voltada não só para a cidadania, mas
para a integridade e promover valores universais que tornam o cidadão
incapaz de transigir com estes valores.
Se
você quer se unir a essa corrente anticorrupção, acesse o site
todosjuntoscontracorrupcao.gov.br e conheça melhor a campanha.
Fonte: "mpf"
Observação: os grifos são meus.