*Por Cristina Pimentel
Brigam Espanha e Holanda / Pelos direitos do mar / O mar é das gaivotas / Que nele sabem voar / O mar é das gaivotas / E de quem sabe navegar. / Brigam Espanha e Holanda / Pelos direitos do mar / Brigam Espanha e Holanda / Porque não sabem que o mar / É de quem o sabe amar.
(Leila Diniz, Editora Brasiliense, 1983, SP)
Os versos acima são para reelaborar (e, quem sabe, oxigenar a esperança) em tempos em que a hipocrisia, a mediocridade, o cinismo, o engodo e a falta de amor têm atravessado as políticas públicas, em especial a educação. Não há político, hoje em dia, que deixe de erguer a bandeira da educação pública, gratuita e de qualidade. Como dizem os versos, “eles” brigam pelo voto e dizem que farão tudo pela educação, mas, infelizmente, abandonam, na primeira esquina, seus compromissos com a área, porque sabem que uma educação pública de qualidade só acontece com uma gestão cujos horizontes não adotem os princípios da mesquinharia e da mediocridade.
A disputa pelo pleito eleitoral, em 2012, começa. É chegada a hora do balanço, de pensar e debater. Há um grupo em Búzios, o “Chega de inho”, fundado no desejo de que Búzios, cidade rica e cheia de encantos naturais, escolha um candidato para governá-la que não pense pequeno. Chega de “inho”, portanto, representa exatamente isso: “chega de pensar pequeno”. Na medida do possível, apresento algumas questões ligadas à educação de nossa cidade, na perspectiva da Lei 14, o Plano Diretor, Regulamentado em 2006, que estabelece diretrizes sobre as quais a Educação de Búzios deve se pautar. A VALORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO vem em destaque.
Tecnologia, prédios públicos decentes e adequados às demandas da educação contemporânea, materiais e equipamentos são ingredientes indispensáveis a um bom trabalho. Mas um bom trabalho depende, em primeiro lugar, de recursos humanos, sendo esse seu maior patrimônio, porque está relacionado aos resultados alcançados.
O que ocorre em Búzios, há mais de 10 anos, é que os investimentos necessários na valorização do profissional que, por concurso, ingressou no emprego público, têm sido tratados de forma vil, o que levou professores, alunos e pais a saírem em passeata, no último dia 31 de maio, para protestar contra a situação em que se encontram as escolas municipais e por questões ligadas à carreira.
Integram a flagrante desvalorização do profissional da educação (e de concursados, em geral) as centenas de contratos, que, em vez de exceção, passaram a ser regra, pelo controle político do emprego público, o que faz com que o atual Executivo convoque concurso apenas pela pressão de Ação Civil Pública ingressada pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva, cujo descumprimento é passível de multa diária.
Os limites da gestão da educação pública municipal, que não prioriza o concurso nem a valorização dos profissionais da área, entre outros, têm acarretado problemas crônicos à qualidade dos serviços oferecidos, que vão desde falta de competência e de domínio dos conteúdos a serem ministrados (o único critério para contratações é o apadrinhamento político) até a falta de continuidade dos serviços e consolidação das equipes de trabalho nas escolas. O cargo de professor transformou-se em cargo “político”. É a anti-República, na Armação!!!
Ora, uma equipe permanente (concursada) de profissionais da educação, capacitada, com bons níveis de graduação, bem remunerada, com bom plano de carreira, com carga horária minimamente adequada aos desafios e demandas da escola contemporânea, aliada a uma boa gestão escolar são ingredientes diretamente relacionados aos resultados escolares. Estes, sim, são os principais quesitos a serem enfrentados por todos aqueles que desejam reverter os atuais resultados, os atuais índices de reprovação, de evasão escolar, de falta de aprendizagem, consolidando a escola pública como um caminho de ascensão social.
A tabela abaixo (http://ideb.meritt.com.br/) apresenta os últimos resultados do IDEB.
2005 | 2007 | 2009 | ||||||
4ª S | 8 S | 4ª S | 8ª S | 4ª S | 8ª S | MÉDIA | ||
BÚZIOS | 3,9 | 3,1 | 4,2 | 3,6 | 4,5 | 3,6 | 3,8 | |
Araruama | 3,9 | 3,8 | 3,7 | 3,5 | 4,3 | 3,7 | 3,8 | |
Rio das Ostras | 4,2 | 3,7 | 5,0 | 3,9 | 5,3 | 4,5 | 4,4 | |
Iguaba Grande | 3,5 | 3,3 | 4,3 | 4,2 | 3,5 | 3,7 | 3,7 | |
Búzios e Araruama apresentam as mesmas médias (3,8). Os Municípios de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia também têm as mesmas médias de Búzios e Araruama, exceto Arraial do Cabo, que apresenta média (3,4).
Não se pode, então, deixar de concluir que quase todos os municípios da região estão na mesma situação. Mas, é preciso sublinhar que Búzios é de longe a cidade mais rica, o que torna inaceitável esse resultado. Faltam gestão e investimentos em seus profissionais, pontos observados em todas as escolas que apresentam bons resultados. Portanto, pergunte a seu candidato se valorização dos profissionais da educação é uma prioridade e quanto de recursos será alocado, neste item. O resto é briga por voto, é ilusão, é o desamor, que vêm condenando a escola pública a cumprir o seu contrário: promover a exclusão social. Escola pública de qualidade deveria apresentar, no mínimo, média 6,0.
*Cristina Pimentel é mestre em Linguística e foi professora da rede pública de Búzios. Atualmente é Servidora Estadual.
Ver: http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8887
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