No
marco do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, a
Anistia Internacional lança um vídeo que traduz e reconhece a
importância de Marielle Franco. Cinco
mulheres negras (mãe, irmã, amiga, professora, ativista) relatam
seus olhares e aprendizados na convivência com Marielle e pedem
justiça.
O
vídeo faz parte da maior campanha internacional de direitos humanos
do mundo, a Escreva
por Direitos (Write for Rights).
Em 2018, a campanha tem como foco mulheres defensoras de direitos
humanos, destacando que a discriminação, o abuso, a intimidação e
a violência afetam de forma desproporcional as mulheres.
.
Entre
essas mulheres está Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de
Janeiro e defensora de direitos humanos assassinada em março deste
ano. Marielle
lutava corajosamente por uma cidade mais justa, defendia os direitos
das mulheres negras, das pessoas LGBTI e da juventude e denunciava
abusos cometidos por policiais em serviço e execuções
extrajudiciais.
Além
de fazer pressão e exigir justiça, a campanha também celebra o
importante trabalho de mulheres que levantam suas vozes contra as
injustiças e lideram processos de transformação.
Anistia
Internacional lança clipe “Manifestação” comemorando
aniversário do movimento e 70 anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos
Gravação
contou com mais de trinta nomes da música brasileira, entre eles
artistas como Chico Buarque, Criolo, Ludmilla e Fernanda Montenegro
No
ano que se comemoram os setenta anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e o aniversário de 57 anos do movimento global
Anistia Internacional, artistas brasileiros das mais diversas
gerações apresentam o videoclipe “Manifestação” cuja
letra trata de diversos tipos de violações de direitos humanos
recorrentes no Brasil e chama a sociedade para mobilização. A
produção musical é de Xuxa Levy, a letra de
Carlos Rennó, e a música de Russo Passapusso, Rincon Sapiência e
Xuxa Levy. O videoclipe “Manifestação” tem a direção de João
Wainer e Fábio Braga. A produção executiva é de Beth Moura e o
clipe foi gravado nos estúdios Na Cena, apoiador do projeto, e
Gege..
A
gravação da música contou com a participação de mais de trinta
artistas brasileiros: Criolo, Péricles, Rael, Rico Dalasam, Paulo
Miklos, As Bahias e a Cozinha Mineira, Luedji Luna, Rincon Sapiência,
Siba, Xênia França, Ellen Oléria, BNegão, Filipe Catto, Chico
César, Moska, Pretinho da Serrinha, Pedro Luís, Marcelino Freire,
Ana Canãs, Marcelo Jeneci, Márcia Castro, Russo Passapusso, Larissa
Luz, Ludmilla e Chico Buarque. Além dos cantores, a gravação
contou a participação das atrizes Camila Pitanga, Fernanda
Montenegro, Letícia Sabatella e Roberta Estrela D’Alva.
A
banda é formada pelos músicos Benjamin Taubkin (piano), Os Capoeira
(percussão), Siba (rabeca), Marcelo Jeneci (acordeon), Emerson
Villani (violões e guitarra), Robinho (baixo), Samuel Fraga
(bateria), DJ Nyack (pickups), Roberto Barreto (guitarra baiana)..
Para
a diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck: “O
lançamento deste clipe é um marco para lembrarmos que, mesmo após
70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos, a mobilização
para que nossos direitos sejam garantidos continua sendo crucial. A
letra da música descreve graves violações de direitos humanos,
como a violência que sofrem as populações negra, indígena,
quilombola, LGBTI, bem como refugiados, mulheres e pessoas que vivem
em favelas e periferias. No país que tem o maior número de pessoas
assassinadas por ano, a cancão-protesto transmite a força e ânimo
que tanto precisamos para continuar lutando.”.
Os
117 versos escritos por Carlos Rennó mostram a indignação diante
dos mais de 61 mil homicídios cometidos por ano no país; do racismo
que atinge de formas perversas a sociedade; o machismo e a LGBTfobia
que faz com que pessoas sejam mortas, agredidas e humilhadas por sua
individualidade; da falta de moradia e de outros direitos violados no
cotidiano de uma parcela significativa da população brasileira..
O
compositor conta que, logo após finalizar a letra, imaginou que a
sua musicalização poderia servir à campanha por direitos humanos
da Anistia Internacional. Segundo Rennó, “através das 32
vozes que a gravaram, a canção busca dar voz aos silenciados,
invisibilizados, excluídos, discriminados, às vítimas de
preconceito, racismo e intolerância, aos violentados brasileiro
citados à exaustão em “Manifestação”.]
Letra
da músicaManifestação
Letra
de Carlos Rennó
Música
de Russo Passapusso, Rincon Sapiência e Xuxa Levy.
Aqui
´stamos na avenida,
Pelas
ruas, pela vida,
Marchando
com o cortejo
Que
flui horizontalmente,
Manifestando
o desejo
De
uma cidade includente
E
uma nação cidadã tra-
Duzido
numa canção,
Numa
sentença, num mantra,
Num
grito ou numa oração…
… Por
todo jovem negro que é caçado
Pela
polícia na periferia;
Por
todo pobre criminalizado
Só
por ser pobre, por pobrefobia;
Por
todo povo índio que é expulso
Da
sua terra por um ruralista;
Pela
mulher que é vítima do impulso
Covarde
e violento de um machista;
Por
todo irmão do Senegal, de Angola
E
lá do Congo aqui refugiado;
Pelo
menor de idade sem escola,
A
se formar no crime condenado;
Por
todo professor da rede pública
Mal-pago
e maltratado pelo Estado;
Pelo
mendigo roto em cada súplica;
Por
todo casal gay discriminado.
E
proclamamos que não
Se
exclua ninguém senão
A
exclusão.
Aqui
´stamos nós de volta,
Sob
o signo da revolta,
Por
uma vida mais digna
E
por um mundo mais justo,
Com
quem já não se resigna
E
se opõe sem nenhum susto
A
uma classe dominante
Hostil
à população,
Numa
ação dignificante
Que
nasce da indignação…
… Por
todo homem algemado ao poste,
Tal
qual seu ancestral posto no tronco;
E
o jovem que protesta até que o prostre
O
tiro besta de um PM bronco;
Por
todo morador de rua, sem saída,
Tratado
como lixo sob a ponte;
Por
toda a vida que foi destruída
Em
Mariana ou no Xingu, por Belo Monte;
Por
toda vítima de cada enchente,
De
cada seca dura e duradoura;
Por
todo escravo ou seu equivalente;
Pela
criança que labuta na lavoura;
Por
todo pai ou mãe de santo atacada
Por
quem exclui quem crê num outro deus;
Por
toda mãe guerreira, abandonada,
Que
cria sem o pai os filhos seus.
E
proclamamos que não se exclua ninguém
Senão
a Exclusão.
Eis
aqui a face escrota
De
um modelo que se esgota.
Policiais
não defendem;
Políticos
não contentam;
Uns
nos agridem ou prendem;
Outros
não nos representam.
E
aquele que não é títere,
E
é rebelde coração,
Vai
no Face, no zapp e Twitter e
Combina
um ato ou ação…
… Por
todo defensor da natureza
E
todo ambientalista ameaçado;
E
cada vítima de bullying indefesa;
E
cada transexual crucificado;
E
cada puta, cada travesti;
E
cada louco, e cada craqueiro;
E
cada imigrante do Haiti;
E
cada quilombola e beiradeiro;
Pelo
trabalhador sem moradia,
Pelo
sem-terra e pelo sem-trabalho;
Pelos
que passam séculos ao dia
Em
conduções que cansam pra caralho;
Pela
empregada que batalha, e como,
Tal
como no Sudeste o nordestino;
E
a órfã sem pais hetero nem homo,
E
a morta num aborto clandestino.
Impelidos
pelos ventos
Dos
acontecimentos,
Louvamos
os mais diversos
Movimentos
libertários
Numa
cascata de versos
Sociais
e solidários
Duma
canção de protesto
Qual
“Canção de Redenção”,
Uma
canção-manifesto,
Canção
“Manifestação”…
… Por
todo ser humano ou animal
Tratado
com desumanimaldade;
Por
todo ser da mata ou vegetal
Que
já foi abatido ou inda há-de;
Por
toda pobre mãe de um inocente
Executado
em noite de chacina;
Por
todo preso preso injustamente,
Ou
onde preso e preso se assassina;
Pelo
ativista de direitos perseguido
E
o policial fodido igual quem ele algema;
Pelo
neguinho da favela inibido
De
frequentar a praia de Ipanema;
E
pelo pobre que na dor padece
De
amor, de solidão ou de doença;
E
as presas da opressão de toda espécie,
E
todo aquele em quem ninguém mais pensa…
E
proclamamos que não se exclua ninguém
Nem
nada senão a Exclusão.
Dando
à vida e à alma grande
Um
sentido que as expande,
Cantamos
em consonância
Com
os que sofrem ofensa,
Violência,
intolerância,
Racismo,
indiferença;
As
Cláudias e Marielles,
Rafaeis
e Amarildos
Da
imensa legião
De
excluídos do Brasil, do S-
Ul
ao norte da nação.
E
proclamamos que não se exclua
Ninguém
senão a Exclusão.
Intérpretes:
Ana Cañas, As Bahias e a Cozinha Mineira (Raquel Virgínia e
Assucena Assucena), BNegão, Camila Pitanga, Chico Buarque, Chico
César, Criolo, Ellen Oleria, Fernanda Montenegro, Filipe Catto,
Larissa Luz, Leticia Sabatella, Ludmilla, Luedji Luna, Marcelino
Freire, Marcelo Jeneci, Márcia Castro, Paulinho Moska, Paulo Miklos,
Pedro Luís, Péricles, Pretinho da Serrinha, Rael, Rico Dalasam,
Rincon Sapiência, Roberta Estrela D´Alva, Russo Passapusso, Siba e
Xênia França. Fonte:
"anistia"