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domingo, 3 de abril de 2016

Crise moral, Claudio?

Claudio Agualusa, foto Jornal de Sábado

Em entrevista ao programa "Bom Dia Litoral" na última terça-feira (29), o prefeitável Claudio Agualusa afirma que a crise que Búzios enfrenta não é uma crise financeira mas "moral". Segundo ele, há um processo de corrupção crescente dentro da Prefeitura "há 12 anos". Não se sabe porque o pré-candidato localiza o início da corrupção em 2004, o que deixa subentendido que nos dois primeiros governos Mirinho (1997-2004) não havia corrupção. Se o processo de corrupção começou em 2004, e é crescente, como garante Claudio, então, o governo Toninho (2005-2008) foi menos corrupto que o terceiro governo Mirinho (2009-2012). E o governo atual, de Dr. André, seria o mais corrupto de todos,  onde "verdadeiras quadrilhas" atuam "dentro das secretarias".

Para o pré-candidato a crise não seria financeira porque recursos não faltam. Em três anos a cidade arrecadou mais de 600 milhões de reais. No orçamento deste ano estão previstas receitas de 218 milhões de reais. As pastas da Saúde, assim como a da Educação, ficam com aproximadamente 55 milhões. Ou seja, em comparação com muitas cidades brasileiras Búzios é uma cidade rica. O orçamento per capita alcança a cifra de 7.200,00 (e não 72 mil reais como Claudio afirmou. Há um erro na conta ao dividir o orçamento de 218 milhões por 30 mil habitantes).


Meu comentário:

Esse papo de crise moral parece coisa de Mirinho Braga. Em toda campanha eleitoral da qual participa, sempre vem com o lenga lenga de que é preciso resgatar a moralidade que o governo de plantão- exceto o seu, claro- havia perdido. Seu governo sempre teria sido um governo impoluto e probo. Tese que o prefeitável Claudio, não se sabe porque, acaba por validar parcialmente, quando afirma que a corrupção em Búzios começou em 2004!!! De 1997 a 2004 isso aqui teria sido o paraíso da moralidade governado pelo puro Mirinho!!! Ora, muitos dos processos de improbidade administrativa de Mirinho são desses dois primeiros governos. Um deles- que está para ser julgado em breve ainda em primeira instância-, o caso SIM (Instituto de Gestão Fiscal), remonta ao segundo governo (2001). Calcula-se o dano ao erário em mais de 9 milhões de reais. Tem também o processo do Módulo Médico de Família construído na Maria Joaquina, distribuído em 2003- da safra do Juiz João Carlos-, que está até hoje sem sentença em primeira instância. Uma Ação Popular, de autoria do ex-vereador Marreco. Lembra-se?  

Não adianta nada tirar do cargo o prefeito atual e colocar outro em seu lugar sem mudar a prática política. Mirinho, Toninho e André são adeptos do mesmo modelo de gestão excludente, patrimonialista e clientelista. Governa-se pra enriquecer a si próprio e a sua turminha de sempre. São governos conhecidos como Governos do 1% pelo movimento #ocupa (#vemprarua).

O modelo de gestão compartilhada que apresentei aqui no blog dificulta muito a prática da corrupção. As secretarias não seriam mais loteadas para os financiadores de campanha tirarem o dinheiro investido com juros e correção monetária estratosféricos. Haveria um grande controle popular da gestão  pois se estabeleceria um recall depois de dois anos para os secretários que não pusessem em prática o programa decidido em Assembleias Populares. 

Doutor Claudio, esse discurso de que a crise é moral é superficial e diz muito pouco. Tanto é verdade, que Alexandre e Felipe também vão falar muito em moralidade, assim como falaram Mirinho, Toninho e Andrezinho. Mas quero ver eles defenderem mudança no modelo de gestão atual, única forma de combater verdadeiramente a corrupção em Búzios. Isso eles nunca vão fazer.

E aí o que o senhor acha da proposta de Gestão Compartilhada?