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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Do que se morreu no hospital de Búzios no ano passado



De janeiro a junho do ano passado 33 pessoas morreram no Hospital Municipal Rodolfo Perissé. O que dá uma taxa de mortalidade anualizada de 7,11, a maior entre os municípios da Região dos Lagos, e superior às taxas estadual e nacional. Uma leitora curiosa, provavelmente profissional da área de Saúde, comentou que gostaria de saber as "causas mortis". O sistema DATASUS é tão completo que podemos saber não só a causa da morte, mas também a faixa etária, o sexo e a cor/raça. Só falta fornecer o endereço do falecido! Transparência é outra coisa. Enquanto isso o Portal da Transparência de Búzios está desatualizado há mais de quatro meses. A última despesa tornada pública é de outubro de 2016!!!  

Causa mortis:

1) Doenças do aparelho respiratório - 19
1.1) Pneumonia - 16
1.2) Outras doenças do aparelho respiratório - 3

2) Doenças do aparelho circulatório - 8
2.1) Insuficiência cardíaca - 4
2.2) Acidente vascular cerebral não especificado - hemorragia ou isquemia - 2
2.3) Embolia e trombose arteriais - 1
2.4) Flebite tromboflebite embolia e trombose venosa - 1

3) Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte - 2
3.1) Outras anemias - 1
3.2) Outr sist sinais achad anorm ex clín laborat NCOP

4) Neoplasias (tumores) - 1
4.1) Outras neoplasias in situ e neoplasias benignas e neoplasias de comportamento incerto ou desconhecido - 1

5) Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos e alguns transtornos imunitários - 1
5.1) Ileo paralítico e obstrução intestinal sem hérnia - 1

6) Doenças do aparelho digestivo - 1
6.1) Dor abdominal e pélvica

7) Doenças do aparelho geniturinário - 1
7.1) Outras doenças do aparelho urinário - 1

Fonte: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/nirj.def

Comentários no Google+:
Ivan Vital

Não acredito que a leitora seja curiosa e creio que a mesma apenas pontuou a importância de uma reportagem completa. Não basta apenas informar a taxa de mortalidade, mas sim a causa mortis e a idade pra poder ver se a culpa é do governo ou é por causa aceitáveis da idade.

Não critiquei de forma alguma a curiosidade dela. Pelo contrário. Acho a curiosidade uma virtude. Acredito que um aumento da taxa nessa grandeza já prova de quem é a culpa.

Christiano Oliveira Costa

O aumento da mortalidade pra mim não ficou claro de quem é a culpa, pelo enunciado ( pneumonia, doeças respiratória, circulatória...) são típicas de idosos, que dependendo da idade não seria culpa de ninguém, não estou defendendo ninguém apenas olhando de uma forma imparcial.

Atendendo a pedidos:

Sexo: 
Masculino: 19
Feminino: 14
Total: 33

Idade: 
25a 29 anos: 1
30 a 34 anos: 1
35 a 39 anos: 1
40 a 44 anos: 2
45 a 44 anos: 2
55 a 59 anos: 1
60 a 64 anos: 4
65 a 69 anos: 3
70 a 74 anos: 4
75 a 79 anos: 4
80 anos ou mais: 10 
Total: 33

Fonte: DATASUS

Comentários no Facebook:
Blanca Larocca compartilhou a sua publicação.
14 h

triste futuro de 4 anos .................


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Taxa de mortalidade em Búzios cresceu 177% durante a gestão de Dr. André

Hospital Municipal Rodolfo Perissé

Quando o Prefeito Mirinho Braga deixou o governo em 2012, a taxa de mortalidade de Búzios era de 2,64, com 27 óbitos. Durante a última gestão André (2013-2016), a taxa aumentou em 2013 para 3,88, com 35 óbitos. No ano seguinte, 2014, ela foi praticamente a mesma, 3,89 em 2014, com 42 óbitos. Já em 2015, a taxa de mortalidade dá um salto para 6,11, com 50 óbitos. No ano passado, apesar de termos dados disponíveis apenas até junho de 2016, houve uma explosão da taxa, alcançando o valor de 7,33 com 33 óbitos.

Dados:

2011 - 34 mortes - taxa de mortalidade = 3,58 
2012 - 27                                                   2,64
2013 - 35                                                   3,88
2014 - 42                                                   3,89
2015 - 50                                                   6,11
2016 (até junho) – 33 mortes – taxa de mortalidade = 7,33  

Para se ter uma ideia da gravidade desse índice de 7,33 alcançado em 2016, o estado do Rio em 2015 teve, segundo o jornal O Globo, "a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1984, início da série histórica do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Num período de 31 anos, o estado liderou as indesejáveis estatísticas em 30". Enquanto a taxa média nacional em 2015 foi de 4,20, a do Rio ficou em 6,57. De 2008 a 2015, o crescimento médio do índice no Brasil foi de 28%; o do Rio de 46,3%. 

No ano passado, até junho, a taxa de mortalidade de Búzios era a maior da Região dos Lagos. Rio das Ostras vem em segundo lugar, com índice 6,28. Seguem: Cabo Frio, 4,57 (225 mortes); Araruama, 5,67 (86 mortes); e Arraial do Cabo , 6,05 (46 mortes). Iguaba e São Pedro não têm dados disponíveis para esse período.  

Taxa de mortalidade:  é calculada dividindo-se a quantidade de óbitos e o número de AIH aprovadas, computadas como internações, no período, multiplicada por 100. Ou seja, de cada 100 pessoas que foram internadas no hospital de Búzios em 2015  6,11 morreram. 

Óbitos: Quantidade de internações que tiveram alta por óbito, nas AIH aprovadas no período. 

Fonte: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/nirj.def

Comentários no Facebook:





Pq sera???? n falta remedios, nem exames nem hospital...esta tudo as mil maravilhas.....

Eliane Teixeira Mussi Dentro dessa formalização estatística só faltou a causa mortis. Pois, das duas uma: Ou temos uma população mto idosa ou uma grave deficiência do sistema(...)

Ip Buzios Posso publicar a causa mortis, a idade, sexo, cor. Boa ideia, vou pesquisar isso.

terça-feira, 1 de março de 2016

Búzios tem a segunda maior taxa de mortalidade hospitalar da Região dos Lagos

Hospital municipal Rodolpho Perissê

O jornal O Globo de ontem (29) publicou matéria sobre a taxa de mortes no SUS nas últimas três décadas. Segundo o jornal, o estado do Rio no ano passado teve "a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1984, início da série histórica do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Num período de 31 anos, o estado liderou as indesejáveis estatísticas em 30". 

Enquanto a taxa média nacional em 2015 foi de 4,20, a do Rio ficou em 6,57. De 2008 a 2015, o crescimento médio do índice no Brasil foi de 28%; o do Rio de 46,3%. 

Em relação a Armação dos Búzios o DATASUS apresenta "óbitos e taxa de mortalidade por local de internação" a partir de 2011. Em 2015, Arraial do Cabo teve a maior taxa, muito próxima da do Rio; 6,50 (56 mortes). Búzios, em segundo lugar, 6,11 (50 mortes). Apesar disso, Búzios teve maior crescimento que o Rio e o maior crescimento do índice em relação à 2011 entre os municípios da Região dos Lagos: 70,6%. Ou seja, a taxa de mortalidade que era de 3,58 (34 mortes) em 2011, saltou para 6,11 (50 mortes) em 2015. Já em Arraial do Cabo, o índice cresceu 48,7%: 4,37 (39 mortes) em 2011 para 6,50 (56 mortes) em 2015. Em todos os outros municípios da região que possuem hospitais- Araruama, Cabo Frio e Rio das Ostras- a taxa de mortalidade decresceu. Cabo Frio apresentou a menor taxa em 2015: 3,90 (322 mortes). Em 2011 era de 6,50 (558 mortes). 

Dados de Búzios: 
2011 - 34 mortes - taxa de mortalidade = 3,58 
2012 - 27                                                   2,64
2013 - 35                                                   3,88
2014 - 42                                                   3,89
2015 - 50                                                   6,11
  
Observação 1: o jornalão O Globo errou ao afirmar que "as taxas representam mortes a cada cem mil pessoas". Na verdade, a taxa de mortalidade é calculada dividindo-se a quantidade de óbitos e o número de AIH aprovadas, computadas como internações, no período, multiplicada por 100. Ou seja, de cada 100 pessoas que foram internadas no hospital de Búzios em 2015  6,11 morreram. 

Observação 2: enquanto isso o vereador adesista Messias disse na sessão legislativa de hoje que Búzios tem uma boa saúde. Tão boa que pessoas dos municípios vizinhos procuram nossos hospitais. 

Observação: é óbvio que pode estar acontecendo uma procura este ano devido à crise porque passa Cabo Frio. Mas a taxa vem aumentando desde 2012 quando o município vizinho estava bem financeiramente.


Comentários no Facebook: 
Um verdadeiro absurdo


Muito dinheiro pra reformar Praça e pouco dinheiro pra Saúde da nisso!!!
Depois estou errado em questionar, vou falar sempre,‪#‎BuziosMelhorPraQuem‬??

Ester Trindade Isso não é um hospital é um matadouro!!!
CurtirResponder17 h
Moises Erika E ainda temos um prefeito médico , esperaríamos tudo de ruim menos a saúde por termos um médico prefeito 


Thayna Motta Britto Depois de todo o descaso que passei em Cabo Frio, creio que seja o primeiro!

Marisa Martins Lamentável.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Saúde Pública na Região dos Lagos: uma calamidade

A leitura do processo de improbidade administrativa a que o Prefeito de São Pedro da Aldeia Chumbinho responde na Justiça me fez visitar o site do DATASUS para levantar alguns dados. Ele é acusado de ter adquirido medicamentos com preços superfaturados. O prejuízo causado ao erário foi estimado em R$ 554.184,06. 

O próprio Juiz da 2ª Vara de São Pedro da Aldeia, Dr. Márcio da Costa Dantas, relata em sua sentença que a precariedade da saúde pública de São Pedro da Aldeia vem sendo percebida por ele ao longo dos seis anos em que é titular da Vara:

 "notadamente na apreciação de centenas de demandas ajuizadas por cidadãos aldeenses com requerimentos de medicamentos, internações, transferências e outros pedidos ligados à saúde pública. Também não são poucas as ações envolvendo responsabilidade civil por omissão, erro e outras modalidades de condutas causadoras de lesão material ou moral a determinado paciente da rede pública municipal de saúde." e que "A percepção quanto a total falta de cuidado com a saúde pública não é só apenas por parte deste julgador, mas se deu também pela equipe técnica do GATE do Ministério Público, conforme cópia do relatório de fls. 825/832, datado de 26 de outubro de 2015. O que se vê hoje no país é uma total falta de responsabilidade no cuido da coisa pública, principalmente quanto à gestão de recursos destinados à saúde da população, trazendo, com isso, vultoso prejuízo ao erário, e deixando ao relento as pessoas que mais necessitam dos serviços médicos gratuitos."

Nosso Juiz da 2ª Vara de Búzios, Dr. Marcelo Villas, tem a mesma percepção do problema em nosso município (ver entrevista concedida ao blog).

Mas o que mais me chamou atenção foi a informação de que São Pedro da Aldeia gastou R$ 1.579.103,62 com aquisição de medicamentos no ano de 2013. Ora, esse valor é quase o mesmo que Búzios gasta. Como isso é possível, se a população do município vizinho é 3,14 vezes maior do que a nossa, segundo estimativas do IBGE? No orçamento deste ano, a dotação da rubrica "manutenção da assistência farmacêutica" é de R$ 1.429.869,59.

Apesar do site do DATASUS ser um dos melhores do Brasil em termos da diversidade e atualização de informações, não consegui buscar os gastos anuais com aquisição de medicamentos dos municípios da Região dos Lagos. Mas obtive alguns dados que resolvi tornar públicos.

BÚZIOS É O MUNICÍPIO DA REGIÃO DOS LAGOS QUE MAIS GASTA COM SAÚDE PER CAPITA

Em 2014, cada habitante de Búzios desembolsou R$ 1.986,00 por ano com a pasta. O que dá R$ 165,50 por mês. Ora, se gastamos 54,428 milhões de reais e temos uma Saúde precária, onde faltam remédios e não se consegue fazer exames em tempo hábil, entre outras mazelas, não seria melhor fechar o Hospital e todas as unidades de Saúde municipais e pagar um bom plano de Saúde. Como são 30.439 moradores, poder-se-ia obter ainda um bom desconto com a empresa.

Rio das Ostras é o segundo colocado em termos de gasto per capita com Saúde por ano: R$ 1.342,00. O que menos gasta é São Pedro da Aldeia: R$ 429,00.

BÚZIOS É CAMPEÃO EM TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Desses 54,428 milhões de reais gastos em 2014, 13,53 milhões de reais (24,86%) foram para os cofres das empresas que prestam serviços terceirizados de saúde em Búzios. Em segundo lugar vem Cabo Frio, com 21,08% de 239,143 milhões de reais. Ou seja, os terceirizados de lá embolsaram em 2014 50,42 milhões de reais. O que menos terceiriza serviços de saúde é Arraial do Cabo: 10,62%. 

DISPARIDADE NOS NÚMEROS DE CONSULTAS POR ANO - PRODUÇÃO AMBULATORIAL

Não se compreende como o município de Iguaba Grande teve um número maior de consultas ambulatoriais em 2015 (de janeiro a outubro) do que municípios com mais habitantes como Búzios e Arraial do Cabo. Iguaba realizou 861.862 consultas, enquanto Búzios 409.385 e Arraial 576.656. Esse absurdo número significa que cada morador do município se consultou 27,72 vezes em 2015 (até outubro) nas unidades de saúde municipais. Em Cabo Frio, a proporção consulta por habitante/ano é de 20,03. 

NÚMEROS ABSURDOS DE EXAMES LABORATORIAIS

Em 2015, de janeiro a outubro, o município de Araruama gastou 2,586 milhões de reais para realizar 561.007 diagnósticos em laboratórios clínicos. Para uma população estimada de 122.865 habitantes isso significa dizer que cada morador fez 4,56 exames em 2015. Proporção que deve aumentar, pois só foram computados os exames até outubro de 2015. Cabo Frio gastou 2,026 milhões de reais com 451.156 exames. 

NÚMEROS ABSURDOS DE DIAGNÓSTICOS POR RADIOLOGIA

Cabo Frio dispendeu 1,777 milhões de reais em 2015, até outubro, com 192.402 diagnósticos por radiologia. Araruama, em segundo lugar, 1,790 milhões de reais com 184.927 "chapas" de raio X. 

NÚMEROS ABSURDOS DE ULTRASSONOGRAFIAS

Araruama realizou 17.037 ultrassonografias em 2015 (de janeiro a outubro). Cabo Frio, 10.991. 

NÚMEROS ABSURDOS DE TOMOGRAFIAS COMPUTADORIZADAS

Cabo Frio gastou, em 2015 (até outubro) 1,234 milhões de reais com 10.890 tomografias computadorizadas. Araruama, 642,4 mil reais com 10.890. 

ÓBITOS

De posse da informação pensei muito se deveria publicá-la ou não. Não queria causar apreensão aos usuários do nosso Hospital Municipal. Mas ao obter uma informação tão importante não poderia deixar de compartilhá-la, com o objetivo de que as autoridades responsáveis providenciassem urgentemente a reversão desse quadro. Afinal de contas trata-se de vidas humanas. 

Em 2013 tivemos 196 mortes em Búzios. Ou seja, morreram 16 pessoas por mês. Em 2012. morreram 177, 14 por mês. Dessas 177 mortes, 27 se deram no hospital. O problema é que mais pessoas estão morrendo no hospital com o passar dos anos, a partir de 2012. Essas mortes se tornam mais preocupantes porque elas crescem a uma taxa superior à do crescimento populacional.

Mortes no hospital: 2012 - 27 mortes
                                2013 - 35 mortes
                                2014 - 42 mortes
                                2015 - 50 (falta o número de mortes do mês de dezembro)

Fonte: DATASUS

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mapa da violência 2014: taxa de homicídios é a maior desde 1980

Número de assassinatos cresceu 7,9% no país entre 2011 e 2012 
DEMETRIO WEBER E ODILON RIOS

BRASÍLIA E ALAGOAS - O Brasil registrou em 2012 o maior número absoluto de assassinatos e a taxa mais alta de homicídios desde 1980. Nada menos do que 56.337 pessoas foram mortas naquele ano, num acréscimo de 7,9% frente a 2011. A taxa de homicídios, que leva em conta o crescimento da população, também aumentou 7%, totalizando 29 vítimas fatais para cada 100 mil habitantes. É o que revela a mais nova versão do Mapa da Violência, que será lançada nas próximas semanas com dados que vão até 2012.

O levantamento é baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que tem como fonte os atestados de óbito emitidos em todo o país. O autor do mapa, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diz que o sistema do Ministério da Saúde foi criado em 1979 e que produz dados confiáveis desde 1980. As estatísticas referentes a homicídios em 2012, portanto, são recordes dentro da série histórica do SIM.

— Nossas taxas são 50 a 100 vezes maiores do que a de países como o Japão. Isso marca o quanto ainda temos que percorrer para chegar a uma taxa minimamente civilizada — destaca o sociólogo.

Para Waiselfisz, o Brasil vive um “equilíbrio instável”, em que alguns estados obtêm avanços, mas outros tropeçam. Os dados mais recentes mostram que apenas cinco unidades da federação conseguiram reduzir suas taxas de homicídios de 2011 para 2012. Dois deles — Rio de Janeiro e Espírito Santo — se mantiveram praticamente estáveis, com quedas de 0,3% e 0,4%, respectivamente. Os outros três foram Alagoas, com retração de 10,4%; Paraíba, com 6,2%, e Pernambuco, com 5,1%. Ainda assim eles continuam entre os dez estados com maiores taxas de homicídio do país.

São Paulo apareceu na outra ponta. Entre 2011 e 2012, registrou alta de 11,3%, mas segue ainda com a segunda menor taxa do país. Considerando um período maior, de dez anos entre 2002 e 2012, os dados de São Paulo ainda são positivos, pois houve queda de 60% em sua taxa. Nesse mesmo período, o índice do Rio caiu 50%. Na média brasileira, a alta nesses dez anos foi de 2,1%. Para o sociólogo, a análise desses dados comprova que esses dois estados tiveram êxito em suas ações de Segurança Pública, mas que ainda é preciso fazer ajustes.

— Não se pode dizer que o ano de 2012 seja uma tendência, mas é preocupante. As ações pontuais na área de Segurança Pública estão mostrando seus limites. Sem reformas estruturais que mexam no sistema penitenciário e no modelo obsoleto de Polícia Civil e Militar, não conseguiremos resolver o problema. E aí, sim, a tendência vai ser de alta — afirma Waiselfisz.
O sociólogo destaca ainda que a onda de violência migrou das capitais para o interior, na esteira de novos polos de crescimento econômico. Segundo Waiselfisz, as taxas de assassinatos em capitais e grandes municípios diminuíram 20,9%, no período de 2003 a 2012, enquanto as de municípios menores cresceram 23,6%.

Líder em violência e cobaia do plano federal Brasil Mais Seguro, Alagoas acumula 64,6 assassinatos por 100 mil habitantes. De janeiro a abril deste ano, 820 pessoas foram assassinadas (contra 765 ano passado). O secretário de Defesa Social alagoano, Diógenes Tenório, informou que só comentará os dados após a publicação do Mapa. Uma das propostas para combater o crime é a parceria da Polícia Militar com projetos sociais de redução do consumo de drogas. Segundo a secretaria, 70% dos homicídios têm a droga como pano de fundo. Outra ação é o reforço no policiamento em áreas críticas.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo também informou que não comentaria o estudo por não ter tido acesso aos dados. No entanto, lembra que, em 2012, sua taxa de homicídios foi de 11,53 para cada 100 mil habitantes, na época, a mais baixa do país.


Fonte:  http://oglobo.globo.com/pais/mapa-da-violencia-2014-taxa-de-homicidios-a-maior-desde-1980-12613765#ixzz331fnGMcJ 



segunda-feira, 12 de maio de 2014

Milionários, mas sem Saúde de qualidade

Estudos Socioeconômicos de Armação dos Búzios 2013 Armação dos Búzios, TCE-RJ


Os DADOS

Na Região dos Lagos alguns governos municipais oferecem serviços públicos de Saúde que não condizem com a realidade econômica dos seus municípios. Como explicar o fato de municípios muito ricos terem um sistema público de Saúde de terceira categoria? Má gestão ou corrupção? Ou os dois ao mesmo tempo? 

Cabo Frio e Rio das Ostras têm PIBs de quase 10 bi de reais (dados de 2011). O primeiro,  9,36 bilhões de reais e o segundo, 9,22. Em terceiro lugar vem Armação dos Búzios, com 1,79 bi. Os outros PIBs são: Araruama, 1,38 bi; São Pedro da Aldeia, 1,04 bi; Arraial do Cabo 445 milhões e Iguaba Grande 288.

Rio das Ostras é o município mais rico entre os citados, com renda per capita  de R$ 83.103,00. Seguido de Armação dos Búzios com R$ 63.461,00. Em terceiro, vem Cabo Frio com R$ 49.087,00, em seguida  Arraial do Cabo, R$ 15.905,00, Araruama R$ 12.148,00, São Pedro da Aldeia R$ 11.614,00 e Iguaba Grande R$ 11.422,00.

Com o dinheiro dos royalties caindo no colo dos Prefeitos da Região sem que eles precisem fazer qualquer coisa para isso e sem que a aplicação desses recursos passem pelo crivo de um Conselho dos Royalties, observa-se em quase todos os municípios da Região que eles não  são empregados na melhoria das condições de vida da população. Investe-se mal e/ou desviam-se recursos que deveriam ser aplicados na Saúde, Educação, geração de trabalho e renda, mobilidade, saneamento, regularização fundiária, segurança, etc.     

Se não bastassem, ou por isso mesmo, serem detentores de PIBs milionários, também têm receitas totais anuais vultosas. Em 2012, Cabo Frio teve receita total R$ 737 milhões. Rio das Ostras, em seguida, teve R$ 733 milhões. Araruama, R$ 211 milhões; Armação dos Búzios, R$ 193 milhões; São Pedro da Aldeia,  R$ 138 milhões; Arraial do Cabo, R$ 117 milhões;e  Iguaba Grande, R$ 67 milhões.

Como explicar que Armação de Búzios tenha IDSUS igual a 5,14, se o município tem a 6ª melhor receita per capita do estado, R$ 6.659,00? E Rio das Ostras,  IDSUS de 4,06, e a 8ª melhor receita per capita, R$ 6.307,62? Arraial do Cabo IDSUS igual a 4,93, e receita per capita de R$ 4.132,87, a 22ª melhor do estado? Cabo Frio, IDSUS 5,77 e R$ 3.777,77 de receita per capita a 30ª melhor do estado?

O SUS  

"O Índice de Desempenho do SUS – IDSUS é um indicador síntese elaborado pelo Ministério da Saúde que faz uma aferição contextualizada do SUS quanto ao acesso (potencial ou obtido) e à efetividade da atenção básica, da atenção ambulatorial e hospitalar e das urgências e emergências. Pretende subsidiar ações, presentes e futuras, dos  gestores municipais, estaduais e federais, a fim de melhorar a qualidade dos sistemas de serviços e a saúde dos brasileiros. O índice varia de 0 a 10, e quanto mais alto, melhor. De acordo com o Ministério da Saúde, o serviço do SUS pode ser considerado bom com nota superior a 7,00. A pesquisa, divulgada em março de 2012, atribuiu ao SUS no Brasil a nota 5,47, ficando o estado do Rio de Janeiro com 4,58 e a cidade do Rio de Janeiro com 4,33. Dentre os municípios fluminenses, o principal destaque foi Piraí, com nota 7,30".

"A área de saúde foi apontada, em 2011, como tema de maior significância na programação das auditorias do TCE-RJ. O tribunal avaliou a atenção básica (Programa Saúde da Família – PSF), as centrais de regulação (que administram o fluxo de pacientes entre os postos de saúde, ambulatórios e hospitais de urgência e emergência), as unidades de pronto atendimento (UPAs) e o planejamento municipal em saúde. Após o exame da matéria, o Plenário determinou a 88 municípios que elaborem planos de ação para sanar as falhas no PSF. Os resultados do trabalho permanecem na Vitrine de Auditorias implantada no portal do TCE-RJ.

"Todos os municípios do estado, com exceção da Capital, tiveram suas estratégias de saúde da família avaliadas. Cerca de 300 unidades de saúde foram visitadas. Nas 44 UPAs em funcionamento à época da auditoria – 23 sob responsabilidade somente do estado, 20 sob responsabilidade conjunta do estado e dos municípios, e uma federal – o TCE-RJ constatou que 80% dos atendimentos fugiam ao objetivo inicial, que era cobrir casos de urgência e emergência para reduzir a lotação da rede hospitalar. As UPAs apresentavam ainda problemas no processo de admissão dos profissionais, na localização, na acessibilidade dos pacientes e no cumprimento das normas técnicas. Em seguida, o TCE-RJ analisou o planejamento em três das nove regiões de saúde do estado – Norte, Médio Paraíba e Baía da Ilha Grande – no total de 23 municípios. Desses, apenas nove tinham planejamento na área de saúde. Quanto à presença de especialistas, eles eram suficientes em 9% dos municípios, insuficientes em 52% e não existiam em 39%. A estrutura física era adequada em 17% dos jurisdicionados, razoável em 14% e inadequada nos demais. São Fidélis, Campos e Niterói não contavam com Saúde da Família (Niterói tinha um programa semelhante). Nos outros 88 municípios, havia problemas com as equipes (admissões irregulares, não cumprimento da carga horária, baixa remuneração), na infraestrutura das unidades (má localização e má conservação, dimensões erradas das salas e consultórios, falta de equipamentos) e na assistência farmacêutica (aquisição inadequada de medicamentos, distribuição, armazenamento e entrega irregulares). Em 68 municípios não existia comissão de farmácia e terapêutica e em 73 não havia relação de medicamentos essenciais".

A AUDITORIA

A auditoria do TCE-RJ constatou que em todos os municípios da Região dos Lagos havia problemas com a composição das equipes de Saúde (admissão irregular de pessoal e descumprimento de jornada de trabalho), na estrutura física e equipamentos das Unidades de Saúde da Família (dimensões erradas das salas e consultórios, falta de mobiliários ou equipamentos mínimos, má localização e má conservação) e na assistência farmacêutica (aquisição inadequada de medicamentos, distribuição, armazenamento e entrega irregulares). Em Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo ainda se constatou que as equipes da saúde foram constituídas de forma irregular.

Observação: a maior prova de que o problema na Saúde dos municípios é de gestão e/ou corrupção está no fato de que recursos não faltam. Em 2011, Armação dos Búzios gastou R$ 1.535,34 por habitante com a Saúde municipal. Não seria melhor pegar esse dinheiro e fazer um plano de saúde privado para cada morador do município? Com certeza, ainda sobraria dinheiro. Outros gastos per capita com a Saúde: Cabo Frio= R$ 699,23; Rio das Ostras= R$ 660,98; Iguaba Grande= 542,58; Arraial do Cabo= R$ 527,87; São Pedro da Aldeia= 299,79 e Araruama= R$ 287,21.

                 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Violência e miséria na Região dos Lagos

Procurando contribuir para o debate sobre a relação entre violência e condição socioeconômica, apresento  a seguir dados do DATASUS que, ao meu ver, demonstram que  a esquerda não está tão errada assim ao acreditar que a violência tem muito a ver com a condição socioeconômica. Quando digo que tem muito a ver não estou dizendo que a condição social seja a única causa. Existem outras motivações  de ordem cultural, psicológica, etc, mas, com certeza, é a principal causa. 

Acredito que estes dados extraídos de nossa realidade próxima- municípios da Região dos Lagos- sejam mais esclarecedores do que qualquer discussão teórica acerca do tema.

O DATASUS faz há algum tempo um levantamento de todas as causas deóbitos em todos os municípios brasileiros. Uma causa de óbito chama a atenção e diz respeito ao tema. São as chamadas “agressões”. Em 2011, foram registrados pelo sistema SUS 1.002 óbitos (474 por local de residência e 528 por local de ocorrência) por agressões na outrora pacata Região dos Lagos. Peguemos uma das principais agressões, a  "agressão por disparo de arma de mão". O Instituto Sangari, contratado pelo Ministério da Justiça, se baseia nesses dados para elaborar o Mapa da Violência do Brasil.

Em nossa "tranquila" Região dos Lagos, em 2011, ocorreram 236 óbitos por "disparo de arma de mão": 113 por local de residência e 123 por local de ocorrência. Para o nosso objetivo, esta diferenciação não tem importância. Vamos considerar os dados globais.

Desses 236 óbitos toatais, 148 (71 residentes e 77 não residentes) ocorreram em Cabo Frio, 58 em São Pedro da Aldeia, 20 em Búzios, 7 em Arraial do Cabo, 2 em Iguaba Grande e 1 em Araruama. 

O DATASUS serve para nossa argumentação porque não se limita apenas a registrar números de óbitos. Apresenta-nos alguns dados socioeconômicos dessas pessoas mortas. A maioria (125 , 52%) é constituída de jovens com idade compreendida entre 20 e 29 anos (32%) e 15 a 19 anos (20%); são majoritariamente  homens; apenas 24 são mulheres; 131 (55%) foram considerados pretos ou pardos; brancos, 103; de 230 não se conseguiu descobrir a quantidade de anos de estudos; 183 são solteiros; 133 morreram em via pública, apenas 41 em hospital. 

Compreende-se que os dados não sejam muito precisos. Afinal estamos falando de homicídios. Mas o dado "cor" é muito revelador. Ninguém contesta que as pessoas de "cor" preta ou parda pertecem às classes mais exploradas economicamente e oprimidas socialmente. Provavelmente não temos doutores, ou pessoas com muitos estudos, já que a quantidade de anos de frequência escolar é ignorada. Se não bastasse isso, ainda teríamos testemunhos. Quem na Região dos Lagos não soube ou presenciou a ocorrência de mortes em vias públicas,  de jovens, de cor preta ou parda, com pouco ou nenhum estudo e pertencentes a família pobres?   



quarta-feira, 27 de março de 2013

Causa Mortis em Búzios


 Visando contribuir para o debate sobre segurança em Búzios, aqui vão alguns dados extraídos do SUS (DATASUS). É importante saber que "os dados disponíveis são oriundos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), sistema este gerido pelo Departamento de Análise de Situação de Saúde, da Secretaria de Vigilância em Saúde, em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. 

As Secretarias de Saúde coletam as Declarações de Óbitos dos cartórios e entram, no SIM, as informações nelas contidas. Uma das informações primordiais é a causa básica de óbito, a qual é codificada a partir do declarado pelo médico atestante, segundo regras estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde.
De 1979 a 1995, as declarações de óbito eram codificadas utilizando-se a 9ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças - CID-9. A partir de 1996, passou-se a utilizar a 10ª Revisão - CID-10. Devido às diferenças entre as revisões, não foi possível gerar uma lista que as compatibilizasse. 

De uma maneira geral, as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde enviam periodicamente a sua Base de Dados para o Ministério da Saúde. Este só pode considerar a Base Nacional completa quando todas as UF enviaram seus dados. A partir daí, é feita a consolidação, inclusive com a redistribuição dos óbitos pelo local de residência, a qual é a forma tradicional de apresentar os dados de Mortalidade. Eventualmente, são feitas algumas correções nas informações, em conjunto com as Secretarias Municipais e Estaduais, principalmente quanto ao cruzamento de causa de óbito por sexo e idade". 

Os últimos dados consolidados do município são de 2010. Neste ano, ocorreram em Búzios 286 óbitos. Destes, 135 foram óbitos ocorridos em Búzios mas de pessoas não residentes na cidade. Considerando apenas óbitos de residentes, tivemos 151 óbitos.

Chama a atenção de quem pesquisa as causas de morte dos buzianos o registro "causas externas de morbidade e mortalidade". É a segunda causa de mortalidade na cidade, só superada pelas "doenças do aparelho circulatório" que mataram, em 2010, 37 moradores. As "causas externas", 24. Em terceiro lugar, vem as "doenças do aparelho respiratório" com 22  mortes. 

E que "causas externas" são essas? O DATASUS discrimina:

1) Agressões - 13
2) Eventos, fatos, cuja intenção é indeterminada - 3
3) Motorista traumatizado em um acidente de transporte - 2   
4) Afogamento e submersão acidentais - 2
5) Ciclista traumatizado em um acidente de transporte - 1
6) Outros acidentes de transporte terrestre - 1
7) Outros riscos acidentais à respiração - 1  
8)  Exposição acidental a outros fatores e aos não especificados - 1

E que "agressões" seriam essas? Em 2008 e 2009, as agressões provocaram 20 óbitos. 

Dos 13 óbitos por agressão de 2010, 12 foram de "agressão por arma de fogo de mão" e 1 por "agressão por meio de objeto contundente ou penetrante". Em 2008, 18 morreram por arma de fogo. Em 2009, 14.

Dessas 12 agressões por arma de fogo ocorridas em 2010 em Búzios, 5 envolveram jovens de 20 a 29 anos. Em 9 delas, os autores eram de cor branca. A escolaridade de 10 agressores é desconhecida. Seis delas ocorreram em vias públicas e duas em domicílios.