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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mapa 2012 da Violência na Região dos Lagos

O trecho citado abaixo consta do estudo "Mapa da Violência - 2012: Os novos padrões da Violência Homicida no Brasil", feito pelo Instituto Sangari, por encomenda do Ministério da Justiça. 

"Fica difícil compreender como em um país sem conflitos religiosos ou étnicos, de cor ou de raça, sem disputas territoriais ou de fronteiras, sem guerra civil ou enfrentamentos políticos violentos, consegue-se exterminar mais cidadãos do que na maior parte dos conflitos armados existentes no mundo. 

No histórico dos 30 anos analisados neste documento, o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde registrou 1,1 milhões de vítimas de homicídio. Para ter uma idéia do que esse número representa, podemos indicar que só um pequeno número de cidades brasileiras, 13, para sermos exatos, alcançou esse número de habitantes no Censo de 2010. Por essas mesmas estatísticas de mortalidade, ocorreram no ano de 2010, 50 mil assassinatos no país, com um ritmo de 137 homicídios diários, número bem inferior ao de um massacre do Carandiru * por dia". 

* Observação: morreram 111 detentos em 2/10/1992 numa rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, localizada no Carandiru.   

Nossa querida Região dos Lagos, apesar da aparência de tranquilidade, é uma das mais violentas do estado do Rio de Janeiro. 

1º) Armação dos Búzios - Número de homicídios: 26 (2008); 21 (2009); 12 (2010). Taxa média: 71,2.
Búzios ainda é o município mais violento do estado. Enquanto a taxa estadual é de 26,2 (homicídios por 100.000 habitantes) a de Búzios é quase três vezes maior. Observem que em 2008 eram assassinados 2 buzianos por mês. Os dados de 2010 ainda são preliminares, mas indicam uma significativa redução. Mesmo assim, confirmando-se que tenha ocorrido 1 homicídio por mês na cidade em 2010, a taxa de 43,54 ainda superaria em muito a estadual.

2º) Cabo FrioNúmero de homicídios: 129 (2008); 142 (2009); 87 (2010). Taxa média: 65,1 (3ª do estado).

3º) Rio das OstrasNúmero de homicídios: 37 (2008); 45 (2009); 34 (2010). Taxa média: 39,3 (11ª do estado).    

4º) São Pedro da AldeiaNúmero de homicídios: 39 (2008); 31 (2009); 25 (2010). Taxa média: 37,1 (14ª do estado).

5º) AraruamaNúmero de homicídios: 40 (2008); 44 (2009); 35 (2010). Taxa média: 36,2 (16ª do estado).

6º) Arraial do CaboNúmero de homicídios: 4 (2008); 19 (2009); 6 (2010). Taxa média: 35,6 (17ª do estado).

7º) Iguaba Grande Número de homicídios: 7 (2008); 6 (2009); 11 (2010). Taxa média: 35,5 (18ª do estado).    


terça-feira, 8 de março de 2011

A questão da violência em Búzios 2

O delegado de Búzios, Mário Lamblet, em entrevista ao JPH, de 05/03/2011,  na mesma linha do prefeito Mirinho Braga,  afirma que o estudo “Mapa da Violência 2011”, feito pelo Ministério da Justiça, estaria distorcido porque considera como de Búzios ocorrências de Cabo Frio. Isso teria ocorrido porque a delegacia daqui estaria muito mais próxima de alguns bairros violentos  de Cabo Frio do que a delegacia de lá. Mas o estudo- muito comentado, mas pouco lido- em nenhum momento fala em usar registros de queixas à polícia. Esses registros, “como ficou evidenciado em nossa pesquisa no Distrito Federal, têm uma abrangência extremamente limitada. Nos casos de violência física, só 6,4% dos jovens denunciaram à polícia; nos casos de assalto/furto, foram somente 4%; nos casos de violência no trânsito, apenas 15%”. O Estudo utiliza o SIM- Sistema de Informação de Mortalidade- gerido pelo Departamento de Análise de Situação de Saúde, da Secretaria de Vigilância em Saúde, porque ele “centraliza informações sobre os óbitos em todo o país, e cobre um universo bem abrangente das mortes acontecidas e de suas causas”. 
Mesmo que utilizássemos os dados divulgados pelo delegado ainda assim Búzios seria considerada uma cidade violenta. Segundo os  dados fornecidos por ele, calculando-se o número de homicídios por 100 mil habitantes teríamos  62,9 em 2006, 66,6 em 2007 e 81,4 em 2008. Até o baixo número de homicídios de 2010- 12 homicídios- daria um índice  44,4, superando o índice estadual, 34,0, e o nacional, de 26,4. Todos os dois são índices de 2008. Portanto, mesmo com os dados policiais, não dá para concordar com o prefeito Mirinho Braga de que “a segurança hoje na cidade é boa”.
O que o prefeito Mirinho Braga precisa é parar de arranjar desculpas para o seu desgoverno e reconhecer que o problema existe. Como recomenda o estudo: “Conhecer – ou reconhecer – os problemas e sua magnitude é um passo imprescindível para agir no sentido de equacioná-lo. E estamos falando aqui de um dos direitos humanos fundamentais: o direito à vida, sem o qual nenhum dos outros direitos tem o mínimo sentido ou significação.”
Se ele visitasse o site do Ministério da Justiça, ficaria sabendo que o estudo está muito mais preocupado com o diagnóstico da violência entre a juventude (15 a 24 anos) do que com a violência em geral. Isso está claro no subtítulo do  estudo: “Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil”. 
Para quem não leu, aí vão algumas conclusões do estudo: 
Em primeiro lugar, o estudo revela que a violência entre os jovens no Brasil já virou um problema muito grave. Qual é a situação entre jovens de Búzios? “Se a magnitude de homicídios correspondentes ao conjunto da população já pode ser considerada muito elevada, a relativa ao grupo jovem adquire caráter de epidemia".
Em segundo lugar, os dados do estudo indicam que houve “notórios avanços na contenção da violência homicida” nos grandes centros e capitais como São Paulo e Rio de Janeiro a partir de 2003. Mas eles “ estão sendo contrabalançados por fortes crescimentos em outras áreas, num movimento rumo às cidades do interior, que o estudo identifica como interiorização. Ou também rumo a Estados até o momento considerados de baixo ou médio potencial, num processo que o trabalho denomina espalhamento. Em ambos os casos, a resultante foi um deslocamento dos pólos dinâmicos da violência rumo a locais com menor presença do Estado na área de segurança pública".
Finalmente, conclui que essa interiorização e espalhamento “conformam situações bem diferenciadas quando se tratam de pólos de desenvolvimento do interior, atrativas de população e investimentos que, perante a limitada presença do poder público, atrativas também para a criminalidade e a violência;  ou municípios com domínio territorial, em maior ou menor medida, de quadrilhas, milícias e/ou tráfico; ou, tanto ou mais importante que as anteriores, municípios e áreas onde impera uma sólida cultura da violência: crimes chamados “de honra” e/ou crimes de proximidade”.
O que o prefeito Mirinho Braga precisa, se não quisermos ver Búzios mal colocada nos próximos Mapas da Violência, é elaborar propostas para dar aos jovens alternativas às drogas, à exclusão educacional, cultural e laboral.